Marcha dos Sem 2006 chama a sociedade ao diálogo
Organizada pela Coordenação dos Movimentos Sociais do Rio Grande do Sul, a 11ª Marcha dos Sem, na tarde de sexta-feira, em Porto Alegre, contou com cerca de 8 mil pessoas e apresentou à sociedade gaúcha o documento com os dez itens da plataforma de ação que servirão de pauta para o próximo período.
Com caráter propositivo, a manifestação pública convocou todos os setores da sociedade ao diálogo para a construção de uma agenda mínima, capaz de encaminhar soluções à grave crise financeira e fiscal do Estado. Para a coordenação dos movimentos sociais, o ponto de partida é a inclusão social, premissa singular para encaminhar o desenvolvimento sustentável de “Um outro Rio Grande possível e necessário”.
A Marcha se iniciou na praça Princesa Isabel e percorreu pontos representativos no universo destacado pela coordenação dos movimentos sociais para sublinhar os temas debatidos nas plenárias temáticas regionais. O Palácio da Polícia, o histórico colégio Júlio de Castilhos, palco das mais ricas lutas democráticas, o centro de saúde modelo, faculdades do campus central da Universidade Federal do RG e o Palácio Piratini, foram paradas escolhidas pelos representantes dos estudantes e trabalhadores para divulgar o documento que serve de pontapé inicial à retomada do crescimento econômico do Estado.
Fortalecimento das finanças públicas; recuperação do papel do estado como indutor do desenvolvimento; geração de emprego e renda; políticas de incentivo a agricultura familiar, políticas raciais; de gênero; reforma urbana; reforma agrária; investimento vigoroso em educação, saúde e segurança; são os pontos de partida dos trabalhadores. Tudo que, na teoria, a grande maioria dos candidatos a cargos eletivos juram fazer. Tudo por fazer. Para os movimentos sociais é a base na qual o desenvolvimento será consistente e abrangente.
Para o presidente da CUT-RS, Celso Woyciechowski, vencer a crise é um desafio que passa pelo diálogo. O dirigente sindical salientou o aumento dos índices de violência banal para ilustrar a exclusão crescente. “Se a classe empresarial e política admite a crise e se diz preocupada com ela, os trabalhadores vêem uma oportunidade de ampliar a discussão para um foco mais inteligente de abordagem. O do desenvolvimento sustentável, que só virá com gestões públicas e privadas participativas, justas”, afirma. Woyciechowski considera que há momentos históricos, nos quais se pode mudar os rumos tortos comprovadamente ineficientes, “e moribundo” pois produziu profunda exclusão, tornando uma das maiores economias mundiais a multicampeã em má distribuição de renda
Presente à manifestação, o secretário geral da CUT nacional, Quintino Severo, destacou a importância da Marcha na luta dos trabalhadores gaúchos por suas demandas prioritárias e festejou o caráter propositivo de sua décima primeira edição. Os movimentos sociais se renovam e se superam, com desafios férteis. Resta saber se dirigentes políticos e empresariais terão a mesma capacidade.
Por Caco Machado/Imprensa CUT-RS