Debate sobre a CUT foi o mais concorrido até agora
O debate do dia 07/12 (quinta-feira) certamente foi um dos mais esperados deste XIX CONFASUBRA. Com o tema “Reforma Sindical e Trabalhista/ Rumos do movimento Sindical e Relação com a CUT”, mais uma vez o auditório central se dividiu em dois, onde os gritos de ordem das correntes misturavam-se entre si. A “Tribo”, a “CSD” e a “CSC”, correntes que defendem a permanência na Central cantavam: Central Única dos Trabalhadores. Do outro lado, o “Vamos à Luta” rebatia com o grito de ordem: A CUT, a CUT, a CUT é governista, abaixo a Reforma Sindical e Trabalhista.
Após as manifestações, a mesa foi formada com os seguintes debatedores – Antônio Carlos Spis, Vagner Gomes e Dary Becker, todos da CUT, além de Dirceu Travesso da CONLUTAS e Manoel Melato da INTERSINDICAL. Sorteada a ordem das falas, o primeiro a usar da palavra foi Antônio Carlos Spis. Colocou de forma clara a posição da “Articulação Sindical” que, segundo ele, é de apoio critico ao Governo. Spis, diz que a CUT é contra qualquer Reforma Previdenciária e Trabalhista que possa vir no atual mandato do Governo. “A reforma sindical que nos defendemos é a que traz liberdade e a autonomia sindical”. Reconheceu o perigo que há na Reforma Trabalhista que foi proposta e acredita que se deve ficar atento a estas questões. Por fim, declara que a CUT sempre estará unida aos trabalhadores.
Em seguida, o representante da CONLUTAS, Dirceu Travesso disse que a tônica do atual Governo e o que é divulgado todos os dias nos jornais são a falta de dinheiro, que é preciso reorganizar gastos, que a previdência esta quebrada, entre outras coisas que, segundo ele são grandes mentiras. Falou sobre a aprovação do Super Simples e a Super Receita, lembrando que estas questões estão diretamente ligadas à Reforma Trabalhista. Levanta o questionamento ao Plenário: “Que disputa nós vemos este Governo fazer hoje? O que vemos são Reformas Trabalhistas, Previdenciária, Universitária, Juros Altos, Banqueiros com Alta Lucratividade, entre outros. Finalmente revelou que toda sua explanação foi em prol de orientar que a CUT não tem independência e muito menos autonomia, pois ela conta com o aparato de Estado e do Governo. Para ele, a CUT boicota e serve como pára-choque do Governo.
O debatedor seguinte, Dary Becker Filho (CUT) entende que a reforma trabalhista já aconteceu gradativamente na década de 90. Acredita que não é fazendo uma disputa interna que se vai ajudar aos trabalhadores. Baseado neste pensamento fez um chamamento à unidade. Falou da importância da CUT, ressaltando sua característica em ser multipartidária. Lembrou do Congresso da CUT que aprovou uma forma de plataforma política que teve sim muita polêmica e divergência, citando isso como exemplo de uma divisão dentro da central, que é normal no movimento sindical. Para encerrar, reafirmou que cada passo político que se dá é preciso avaliar o momento histórico em que nos encontramos. E, segundo ele este momento é de transição.
Manoel Melato, da INTERSINDICAL, foi breve em sua fala, e fez um resgate histórico da criação da CUT e sua trajetória. Disse não acreditar que palavras de ordem possam mostrar quem é mais revolucionário ou menos revolucionário. De forma direta e sem meias palavras afirmou que a CUT de hoje é muito pior que no passado. Em resumo, disse acreditar que a CUT defende retirada de direitos pra garantir a governabilidade.
Por último, Vagner Gomes, da Corrente Sindical Classista, se mostra solidário à CUT e diz que não se pode imputar todas as mazelas do neoliberalismo aos companheiros da CUT. A saída pra resolver o problema da CUT, segundo ele, não é a criação de outras organizações de luta. Reconheceu que muitas críticas levantadas por aqueles que defendem um racha com a CUT são fundamentadas, mas entende que a divisão não é a solução. Por pensar assim, lamentou a saída de vários colegas da CUT, pois isso acaba com a pluralidade necessária para o melhor funcionamento da Central.
O momento das inscrições foi o que mais chamou atenção para a preocupação dos congressistas com o Tema. Foram pedidas mais de 120 inscrições pela plenária. Após as primeiras 20 intervenções, realizou-se um acordo com os presentes para garantir mais dez falas e encerrar os trabalhos devido o avançado da hora.
O restante do dia foi reservado às prestações de contas, que teve auditório esvaziado, e aos grupos de trabalho que duraram até altas horas da noite. Todas as propostas discutidas e elaboradas nestes grupos estão sendo apresentadas para aprovação ou não na Plenária de hoje que traçará o novo plano de lutas da FASUBRA.
Com informações do SINTEST-RN