Debate sobre conjuntura esquenta as discussões no XIX Congresso da Fasubra
O segundo dia do Congresso começou com os debates sobre conjuntura. Logo pela manhã da terça-feira, 5/12, os convidados das correntes para a avaliação, a deputada Luciana Genro (PSOL), a deputada Érica Kokai (PT), João Batista Lemos (secretário do PC do B), Milton Canudo (CUT) e Paulo Barella (PSTU), colocaram suas divergências sobre o tema.
A Deputada Érica Kokai fez uma avaliação de conjuntura positiva em relação ao Governo Lula, ressaltando as qualidades do mesmo, como a geração de empregos. Segundo ela está sendo resgatada e reconstruída a auto estima do povo brasileiro. A deputada do PT destaca algumas diferenças do Governo Lula em relação aos anteriores, como por exemplo, o tratamento ao MST e a facilidade de diálogo com os servidores.
Já a Deputada Luciana Genro falou da situação ímpar que a América Latina vive. Ela cita os países Venezuela, Bolívia e Equador, enfatizando o enfrentamento direto destes Governos contra os interesses imperialistas, o que poderia estar acontecendo também no Brasil. Esses países são, segundo ela, a melhor demonstração das enormes oportunidades e necessidades que a América Latina tem de fazer enfrentamento aos interesses do neoliberalismo. Com o exemplo destes paises, a deputada fez uma crítica contundente ao governo Lula. Para ela, o sentimento que prevalece no povo brasileiro é o da traição, além de a sensação de que a grande oportunidade do Brasil passou. Vaias e aplausos se misturaram no Plenário. O tempo precisou ser parado por duas vezes durante a fala da deputada, para que a ordem retornasse.
O terceiro convidado a avaliar a conjuntura, foi o representante da Corrente Sindical Classista – João Batista Lemos – secretário do PC do B. Ele disse enxergar o congresso como uma oportunidade para se encontrar os meios de lutas mais eficazes para os trabalhadores. Segundo ele, o objetivo principal deve ser traçar estratégias de luta concretas. Foi o primeiro a citar os EUA lembrando dos milhões de americanos que ficam abaixo da linha de pobreza, o que não é privilégio do Brasil. Avaliou a derrota de George Bush nos EUA, caracterizando isso como um processo de crescimento contra-hegemônico naquele país. Destacou também que, hoje, o principal inimigo da classe trabalhadora é a mídia que controla a opinião pública e gera crises. Prosseguiu afirmando que não se iludiu que Lula seria um revolucionário, como Chavez e Evo Morales. Segundo ele, a estratégia do Governo de Coalizão é a melhor para ser conseguir as maiorias. Reconheceu os avanços do atual Governo, mas não o suficiente para geração de empregos. Por último expressou sua insatisfação com a política econômica e disse que a solução é o país crescer por volta 7% ao ano. “É preciso alterar a política macro econômica” para que não comece a se retirar da saúde, da educação, entre outros. Finalizou falando do papel essencial do povo nas ruas e do movimento social para que o ideal se torne real.
Milton Canudo da CNTE-CUT voltou a falar das mudanças na América Latina e da sua importância para as mudanças no Brasil. Alertou que a mídia tem divulgado que “essa coisa de direita e de esquerda não existe mais” o que não é real. Segundo ele, na correlação de forças, “nós” estamos ganhando. Reforçou o que foi dito anteriormente por João Batista de que a mídia manipula e pauta as reformas, além de pressionar o Governo. Para evitarmos isso, é preciso que haja um enfrentamento com a mídia. Milton citou outros enfrentamentos importantes como a reforma trabalhista, para que não se permita a retirada de direitos dos trabalhadores e a reforma tributária para ajudar na distribuição de renda. Finalizou dizendo que é preciso cobrar a participação de todos os segmentos e a unidade dos trabalhadores para que no futuro o país tenha uma melhor qualidade rumo ao socialismo.
O último a fazer intervenção foi Paulo Barella, do PSTU. Barella começou fazendo um pequeno resgate da história e da importância da FASUBRA na construção do movimento sindical do serviço público. prosseguiu com uma explanação histórica da resistência das massas, trabalhadores e estudantes, que teve a América latina como grande palco. Para ele, o processo do crescimento do imperialismo é sútil e inteligente, muitas vezes confundido com democracia.
Ao final das falas dos convidados, várais pessoas se inscreveram para fazer perguntas e avaliações de conjuntura. Nesse momento ficou claro a grande polêmica que atravessará todo o Congresso da Fasubra.
Com informações do SINTEST-RN