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Mulheres na luta recebem solidariedade nas ruas

O dia símbolo na luta pelos direitos e emancipação das mulheres em todo o mundo foi comemorado, em Porto Alegre, agregando questões que ultrapassam as demandas de gênero.

A recém criada Secretaria Estadual da Mulher Trabalhadora, da CUT-RS, organizou, junto com sindicatos cutistas, estudantes e movimentos sociais, o I Acampamento de Mulheres do Rio Grande do Sul, que se iniciou dia 7 e vai até 9 de março. Entre as atividades programadas, debates, oficinas, painéis e uma caminhada que percorreu o centro da capital gaúcha dia oito. Cercada de manifestações solidárias, de afirmação, de compromisso e denúncia, homens e mulheres saudaram o movimento e as conquistas sob olhar atento do policiamento ostensivo, aquele que falta para a segurança da sociedade. O saldo, de acordo com a titular da Secretaria das Mulheres, Mara Feltes, é de uma construção positiva, além da expectativa para uma primeira edição, e, “deve articular um movimento conjunto com as companheiras do Mercosul em 2008”, afirma.

A concentração da manifestação do dia 8 de Março aconteceu no Largo Glênio Peres e seguiu até o CitiBank, na rua Sete de Setembro, onde, em seguida, juntaram-se as agricultoras da Via Campesina, retardadas em barreiras policiais na entrada da cidade. Dirigentes de várias entidades homenagearam as mulheres e manifestaram solidariedade às lutas em processo, principalmente pela igualdade de salário e contra as agressões domésticas. A Lei Maria da Penha, sancionada em agosto de 2006, pelo presidente Lula, é um marco, que agora, precisa ser divulgada entre a população de todo país.

Outras questões

A desertificação verde, promovida pela plantação de eucalipto pelas grandes transnacionais da celulose, como Aracruz Papel e Celulose, Votorantim e Stora Enso, foram denunciadas pelas lideranças camponesas presentes. A prática concentra renda, impede a reforma agrária e não produz alimentos, função fundamental da propriedade rural. A indignação mais forte na manifestação foi em relação à visita do presidente norte-americano. George Bush desembarcou no final da tarde desta quinta-feira, oito de março. Ele não podia ter escolhido data e pauta mais impróprias para o encontro com a presidente do Brasil. O responsável pelos acordos mais desfavoráveis para todos seus parceiros comerciais veio propor negócio por aqui.

Bush quer monocultivo dirigido barato e em grande escala no solo brasileiro para os interesses dos Estados Unidos. O senhor da guerra traz uma unidade monstro para cuidar da sua segurança. É assim por onde passa. Para constar, o único presidente americano que desejou a paz foi assassinado em casa. Desde aí, nenhum nativo se atreveu a desafiar a indústria de armas daquele lugar. Um boneco simbolizando Bush foi queimado em frente à sede do banco americano.

O primeiro de muitos

As atividades do Acampamento seguem hoje (9) no Parque Harmonia. No final do primeiro mini fórum das mulheres será produzida uma carta manifesto com o resultado dos debates e encaminhamentos realizados. Mara Feltes fala com satisfação da diversidade das oficinas propostas. A diretora da CUT-RS salienta os laços de solidariedade concebidos nos encontros desta natureza. “A idéia de realizar o acampamento é o resultado da uma parceria, do convívio da militância. É uma unidade formada a partir da luta das trabalhadoras e dos trabalhadores. Ela deve prosseguir e crescer”, assegura Mara.

O movimento sindical comemora o dia 8 de março como uma homenagem especial oriunda da luta pela liberdade, afirmação e conquista das mulheres. Contudo, ao contrário da descaracterização edificada pela matiz cultural liberal, o 8 de março não é um acontecimento oco. É cheio de significados. Representa resistência histórica, batalhas com baixas dolorosas, vigilância pouco delicada e sorrisos dados na parcimônia do avanço no universo do trabalho. Nas manifestações de hoje, mulheres de todas as idades, do campo e da cidade, secundaristas, universitárias, camponesas, sindicalistas, intelectuais, parlamentares, profissionais autônomas e mulheres sem amparo social. Todas num momento de solidariedade, pela igualdade, contra agressões e discriminações social, moral e profissional. 

Fonte: Caco Machado – CUT-RS