21 de Março foi o Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial
Nesta quarta-feira, 21 de março, comemoramos o Dia Internacional de Luta Contra a Discriminação Racial, data que relembra a história de combate constante, de todos os povos que buscam a igualdade e a justiça social.
Em 21 de março de 1960, 20 mil negros sul-africanos protestavam em Joanesburgo contra a lei do passe, que os obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde podiam circular. Mesmo sendo uma manifestação pacífica, o exército atirou sobre a multidão e o saldo da violência foi de 69 mortos e 186 feridos. A data marca ainda outras conquistas da população negra no mundo: a independência da Etiópia, em 1975, e da Namíbia, em 1990, ambos países africanos.
O Brasil necessita de atenção a problemas relacionados à discriminação. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgados recentemente pela pesquisa “Retrato das Desigualdades”, 43% da população negra encontra-se abaixo da linha de pobreza, enquanto entre a população branca esse número é de 20%.
Situação preocupante
No Brasil, dos 10% mais pobres, 64,6% são negros. Entre os 10% mais ricos, o percentual cai para 22,3%. Do 1% mais rico da população, apenas 11,5% são indivíduos negros.
As desigualdades raciais se aprofundaram ainda mais devido às variações na distribuição de renda, agravadas durante o período neoliberal, de privatização e desmonte do Estado. Quando nos referimos à questão da educação, a condição é ainda mais inquietante – a taxa de analfabetismo para negros acima de 15 anos é de 18,2%. Entre brancos esse percentual é de 7,7%.
O tema da segregação também é algo doloroso e alarmante. Segundo o diretor da CUT-SP, Ramatis Jacino, no Brasil, após 350 anos de escravidão, descendentes de portugueses “livraram-se” dos negros, colocando-os no mercado de trabalho, sem acesso à terra e com uma política de segregação disfarçada em “democracia racial”.
“Negros e africanos têm muito a comemorar, mas sabemos que é preciso conquistar muito mais. Os jovens ainda sofrem com a violência policial, o desemprego e falta de escolas. Nossa representação segue inferior ao nosso peso social e as manifestações religiosas e culturais de matriz africana permanecem criminalizadas e desprezadas”, ressalta Ramatis.
Fonte: Michele Lopes, estagiária em jornalismo – CUT