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Crise expõe fragilidade de alianças na gestão Yeda

 A atual crise enfrentada pela governadora Yeda Crusius mostra a fragilidade de um governo que nunca conseguiu se sustentar. Essa é a avaliação do ex-deputado estadual, Frei Sérgio Görgen. Para ele, os problemas políticos ocorridos atualmente são reflexo das alianças e da relação de trocas e de favores que já existem no sistema, mas que vêm sendo ampliadas na gestão atual.

Aliado à insustentabilidade do governo, diz Frei Sérgio, está o fato do comando ser extremamente dividido. As alianças feitas entre os partidos mais conservadores do Estado foram ‘quebradas’ pelos interesses específicos de cada legenda. “Um detalhe importante pra mim é que se trata de uma crise específica desse governo, que desde que ele começou foi como um governo em crise. É um governo que não consegue fazer nada administrativamente, é um governo que não resolve os problemas de gestão que disse que resolveria e o pior é que ele é extremamente repressivo e que não negocia nada com os movimentos sociais”, diz.

O ex-deputado reitera que a crise que se abate no Rio Grande do Sul é somente uma crise entre os partidos envolvidos, mas que serve para trazer à tona a necessidade de uma reforma no sistema. Medidas como o financiamento público de campanha, a possibilidade de uma única reeleição e redução drástica dos salários do Executivo e dos parlamentares tornando-os mais próximos da população colaboram para um sistema menos corrupto e menos distanciado do povo.

“O problema do governo Yeda é um problema de gestão do grupo político que está ali, quer dizer, tem a ver com a crise maior, mas ele teve um agravante pela incapacidade de gestão política e administrativa de quem está ali”, diz.

O mérito da gravação do vice-governador Paulo Feijó, diz Frei Sérgio, é que expôs o financiamento de partidos com dinheiro público, esquema que todo mundo sabe que acontece, mas que ainda não se tinha provas. No entanto, ele avalia que o sistema político brasileiro deve sofrer, nos próximos anos, uma mudança estrutural.

“O sistema criado na Constituição de 88 ele não dá mais conta de responder os desafios que a sociedade brasileira exige. Isso vai demorar muito mais tempo para que transforme em uma crise política de maiores proporções. Acho que o Legislativo já não consegue mais representar de maneira concreta e objetiva a sociedade. O Executivo passa a ter uma autonomia muito grande para governar, porém o executivo não governa mais a economia, ela se governa sozinha através das empresas transnacionais que governa o Executivo”, afirma.

Fonte: Raquel Casiraghi/Agência Chasque (13/6/08)