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Moradores da Cidade Baixa protestam contra espigão na Rua Lima e Silva

A especulação imobilária segue linda em Porto Alegre. Com a sabotagem do Plano Diretor nas mãos da administração José Fogaça (P-RBS/PMDB/PDT) e sua base na Câmara de Vereadores, a cidade virou um quintal das grandes empreiteiras. A população já está se organizando nas associações e entidades de moradores para resistir. Em jogo está a qualidade de vida de bairros inteiros que estão ou serão afetados por construções gigantescas que desobedecem abertamente os padrões construtivos estabelecidos para as diferentes regiões de Porto Alegre.

Rua Lima e Silva. Bairro Cidade Baixa. O atual nome do bairro que revela apenas sua topografia, não dá conta da efervescência cultural anterior a atual fase da região, lotada de bares e casas noturnas. A atual boêmia foi expulsa do vizinho bairro Bom Fim pela mesma especulação imobiliária, que demoliu cinemas e locais clássicos como o Bar do João para abrir estacionamentos.

Se a própria prefeitura municipal é permissível em relação ao Plano Diretor, a saída para os moradores é a mobilização em defesa de seus bairros. Aliás, esta têm sido a tônica de uma administração construída pela força do marketing político-midiático, que não apenas tenta justificar atitudes autoritárias como a que estamos assistindo na Cidade Baixa.

A Cidade Baixa é uma combinação de casas, chalés, sobrados e pequenos prédios antigos que costeiam ruas arborizadas e uma enorme variedade de pássaros. A maioria da população residente preserva essas características. Há um modo de vida bem típico nessa região, que agora está ameaçado.

Na quarta-feira, dia 11, a construtora Melnick se preparou para apresentar seu novo empreendimento de 19 andares (194 apartamentos e 12 lojas) projetado para ser construído na rua Lima Silva. No entanto, a prática de ignorar a comunidade local foi por água abaixo. Mais de 50 moradores do bairro, contrários à construção do edifício, realizaram uma ruidosa manifestação de protesto, denunciando a ausência de licenciamento ambiental da obra.

Entre os moradores, o cartunista Santiago, da Grafar, com um megafone alertava a população sobre o corte de uma nogueira tombada pela própria prefeitura em 1977, uma figueira e um angico igualmente antigos, ambas as árvores patrimônio ambiental da cidade, ameaçadas pela obra.

A manifestação atraiu também representantes de entidades com o CPERS-Sindicato e o Núcleo Amigos da Terra, além de diversos arquitetos e lideranças comunitárias.

Enquanto os clientes e associados tentavam disfarçar o mau estar no coquetel do outro lado da rua, o representante da empresa, Juliano Melnick, fazia gestos obscenos para os manifestantes.

Os moradores alertam para o prejuízo ambiental, os problemas urbanístico como a circulação de carros que já é intensa e freqüentemente provoca engarrafamentos, o prejuízo cultural com a destruição da arquitetura histórica açoriana e os problemas de saúde gerados pela enorme área de sombreamento da construção que de um lado vai até a Avenida Venâncio Aires e do outro até a Rua José do Patrocínio, mais ou menos três quadras além da edificação.

Com menos de uma hora de manifestação, três viaturas de BM surgiram no local. Não houve nenhum incidente. Dois soldados foram destacados para "proteger" os executivos. Eles não aceitaram o panfleto que explicava os motivos da manifestação, mas quando uma moça da casa noturna Madrigal ofereceu o seu folheto, imediatamente os "homens da lei" sorriram e aceitaram.

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Fonte: Blog Celeuma