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A onda do denuncismo e o mar de lama do Governo do Yeda são abordados em artigo do blog RS Urgente

Acossada pela sucessão de escândalos que brotam como inço em seu governo – no último domingo, os gaúchos ficaram sabendo que mais um membro do primeiro escalão, o secretário estadual de Irrigação, Rogério Porto, está sendo investigado pela Polícia Federal por suspeita de direcionar licitações – Yeda Crusius passou a repetir, como mantra, uma fala que, em juntando todos os temas na mesma queixa, livra-a, ao menos temporariamente, de enfrentar o mérito de cada denúncia: – Isto é parte da onda de denuncismo!, diz a tucana toda a vez que é instada a falar sobre as suspeitas que se avolumam sobre sua gestão.

À esquiva governamental, soma-se uma boa parte da mídia que, com raríssimas exceções, há tempos abdicou de um de seus principais papéis, o jornalismo investigativo, e tal filhote de passarinho, fica de boca aberta a pedir um naco de alimento para preencher suas páginas e espaços de rádio e tv. Provas! Provas! Onde estão as provas?- exigem âncoras e colunistas esquecendo-se de que também a eles cabe o ofício de desvendar os mistérios da política. O que Yeda chama de onda é a saturação inevitável de uma administração que desde o seu centro, o próprio gabinete da governadora, está infestada de procedimentos suspeitos, para dizer o mínimo. E o que ela chama de denuncismo, nada mais é do que o transbordamento natural deste balde que ficou cheio de tantos escândalos.

Só para lembrar alguns: a quadrilha acusada de assaltar o Detran e roubar mais de 40 milhões de reais conta com a participação de cargos de confiança, arrecadadores de campanha e aliados políticos da governadora; o homem que foi chamado para salvar as relações políticas desastradas de Yeda com os aliados, é flagrado (melhor dizendo, gravado) confessando o loteamento político da máquina do Estado; o secretário que, nos primeiros 100 dias de governo era tido como exemplar, de uma hora para outra, sai acusando Yeda de não querer combater a corrupção; parte do próprio vice-governador um pedido de CPI do Banrisul por suspeita de desvio de 18 milhões por parte da direção do banco; preso, algemado e já indiciado pelo roubo no Detran, o ex-presidente da autarquia Flávio Vaz Netto faz chantagem pública ameaçando o governo de que vai "falar tudo o que sabe"; o ouvidor da Segurança escolhido pela própria Yeda diz que há espionagem, chantagem, tráfico de influência, crime eleitoral e contra a administração pública praticado por gente "muito próxima da governadora"; o PSOL põe seus principais quadros políticos numa coletiva e acusa a existência de uma quadrilha agindo dentro do Piratini que recebe e distribui propinas (e afirma, ainda, que há um conjunto de 28 provas, a maioria gravadas em áudio e vídeo em poder do Ministério Público Federal que comprovariam as denúncias)…

Ah, e por fim, a mega Operação Solidária que envolve, de novo, pessoas muito próximas da governadora e vários de seus principais aliados políticos e que apura um roubo dez vezes maiores do que o do Detran, algo como 400 milhões de reais.

Ora, não há e nem pode haver, num governo como este, a confiança necessária para o aglutinamento de forças políticas em favor do que quer que seja, a tranquilidade que se exige para um qualificado trabalho técnico ou a serenidade indispensável para a tomada de boas decisões. Não, um governo que jamais reconhece erros está, indelevelmente, marcado pela intolerância. A um governo que não ouve professores e, ao contrário, espanca-os, faz falta, por via de consequência, a educação. A um governo que trata como criminosos seus próprios colaboradores quando estes ousam divergir de suas nebulosas políticas, falta, é evidente, convicção e, por que não dizer, caráter. Como muito bem anotou Katarina Peixoto no blog RSUrgente, depois de lembrar que Yeda qualificou a Operação Rodin como "famigerada", quem tem a polícia como inimigo, bandido é. (Maneco)

Fonte RSUrgente