Cinco mil trabalhadores do RS se mobilizam na véspera do Dia do Trabalhador e fortalecem o Fora Yeda
Cerca de cinco mil servidores públicos, estudantes e integrantes de movimentos sociais protestaram nesta quinta-feira (30) pela saída da governadora Yeda Crusius (PSDB). A caminhada marcou o encerramento da primeira etapa da caravana do Fórum dos Servidores Públicos Estaduais realizada em abril pelo interior do RS. Neste mês a caravana continuará em regiões a serem definidas pela coordenação do FSPE/RS.
A manifestação iniciou às 16h em frente à FASE, onde os dirigentes das entidades que compõem o Fórum se revezarem ao microfone para relatar o desmonte dos serviços públicos. A sugestão de realizar um ato público em frente à Fundação foi do Semapi, pois a FASE é um exemplo emblemático do sucateamento do serviço público. Após o encerramento da assembléia geral do Cpers Sindicato, no Gigantinho, os manifestantes seguiram em uma grande caminhada pelas avenidas Padre Cacique e Borges de Medeiros, encerrando com um ato público em frente ao Palácio Piratini.
Durante a caminhada, integrantes dos movimentos sociais e estudantes subiram no carro de som para exigir a apuração das denúncias de corrupção que envolvem o governo do estado e denunciar a farsa do discurso do déficit zero. Já em frente ao Palácio Piratini, as críticas ficaram por conta das centrais sindicais e do Fórum dos Servidores Públicos Estaduais. O governo federal também foi criticado.
Nas capitais, o desemprego tem aumentado, e Porto Alegre, percentualmente, é a que mais tem sofrido as conseqüências da crise econômica mundial. O destaque foi feito pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP), Luiz Carlos Prates, o Mancha, da Conlutas. Já o avanço da febre amarela no Rio Grande do Sul foi destacado por Enilson Pool da Silva, da CTB. “O avanço da febre amarela no estado é a prova da falta de investimentos ns áreas sociais”, destacou o sindicalista.
“Não vamos permitir que Yeda (a governadora Yeda Crusius) liquide o Rio Grande do Sul e o entregue ao Banco Mundial”, resumiu Neiva Lazzarotto, da Intersindical, numa crítica as exigências do banco em troca do empréstimo de 1,1 bilhão de reais ao governo gaúcho. A contrapartida é a redução da máquina pública, simbolizada no corte de recursos para as áreas sociais e na alteração dos planos de carreira dos servidores públicos.
“Os trabalhadores não vão pagar a conta da crise econômica gestada pelo capital”, declarou Celso Woyciechowski, presidente estadual da CUT. O sindicalista concluiu afirmando que “é preciso dar um basta da corrupção instalada no Palácio Piratini”, e isso passa pelo fortalecimento da campanha Ela não pode continuar – Fora Yeda, empreendida pelo Fórum dos Servidores Públicos do RS.
“Este é um momento em um ano histórico, que iniciou com as denúncias que o PSOL fez para mostrar a quadrilha que está atuando no Piratini. E pela primeira vez, é mais fácil derrubar um governo do que lutar por salário digno. Só derrubando o governo Yeda vamos conseguir o piso salarial para os professores”, afirmou a deputada federal Luciana Genro, falando pelo PSOL.
Ela parabenizou os professores pela luta em defesa da educação e pela campanha do Fora Yeda. Os vereadores do PSOL Pedro Ruas e Fernanda Melchionna e o presidente estadual, Roberto Robaina, também participaram do ato, na coluna formada por militantes do partido.
A presidente do CPERS/Sindicato, Rejane de Oliveira, encerrou o ato em nome do Fórum dos Servidores. Ela afirmou que a governadora Yeda não tem mais legitimidade, devido às inúmeras denúncias de corrupção que integrantes do governo estão envolvidos, como a fraude no Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Outra crítica da sindicalista foi em relação ao corte de investimento do governo em áreas importantes, como saúde, educação e segurança. O Cpers recebeu denúncias de que escolas estaduais estão sem receber verba desde abril.
Para ela, o ato do dia 30 foi uma clara demonstração de unidade no enfrentamento aos ataques do governo Yeda contra os serviços públicos e os servidores.
Rejane cobrou a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Assembleia Legislativa, para averiguar todas as denúncias de corrupção no governo estadual, “pois a população tem o direito de saber como o seu dinheiro está sendo gasto”. Finalizou afirmando que “estamos diante do governo mais autoritário e corrupto da história do Rio Grande do Sul”.
A manifestação encerrou com uma marcha fúnebre que anunciou a morte do governo Yeda. Os manifestantes carregaram um caixão, e mulheres se vestiram de viúvas, com placas que identificavam as palavras “corrupção”, “mentira”, “autoritarismo” e “escolas de lata”. O caixão foi deixado na Praça da Matriz.