Ugeirm prepara reação ao aumento de 24% aos delegados e 0% aos agentes
O governo Yeda Crusius fez aprovar a maior injustiça já cometida contra os agentes policiais desde 1994. É uma gestão compromissada com os altos salários: subsídios para juízes, promotores, reajuste para os procuradores do estado e gratificações para o topo da pirâmide da Sefaz. Sem falar nos 143% da própria governadora e os 89% de seus secretários. Por acordo de lideranças de todas as bancadas, a Assembleia Legislativa aprovou hoje, dia 16, o reajuste de 24% dos delegados, sem nos incluir no texto.
A decisão foi unânime entre os presentes na sessão: 41 a 0. Os diretores foram acionados antes do acordo de líderes, dirigiram-se às pressas para a Assembleia Legislativa, mas não conseguiram reverter a manobra regimental apresentada pelo deputado Paulo Odone (PPS) – o mesmo que tripudiou sobre o corte de ponto dos agentes em março. Um requerimento de preferência escanteou propostas de emenda feitas pelos deputados Cassiá Carpes (PTB) e Elvino Bohn Gass (PT).
A manobra também evitou debates: fizeram tudo na surdina, rapidamente, debaixo dos panos, dentro do script sorrateiro traçado pelo governo. Procuramos todas as bancadas desde que o projeto de lei foi remetido para a Assembleia. Negociamos emendas. A via institucional não foi sensível aos apelos de inúmeros colegas que fizeram corpo a corpo e escreveram e-mails para os deputados. Aumenta o abismo salarial na Polícia Civil, exatamente o sentido contrário da matriz.
Andar de cima
Parte do percentual da nova lei retroage a março deste ano. Em bom português, significa um acumulado polpudo no próximo contracheque dos nossos chefes. Outras parcelas vão totalizar, em 2010, um salário inicial superior a 8 mil reais para um delegado. Acrescido de uma substituição, traduz-se em vencimento inicial de cerca de 11 mil reais. O índice de 24% vale igualmente para ativos, pensionistas e inativos – mesmo aqueles que se aposentaram após a EC 41/03 (o governo, como se sabe, age para constranger agentes que se aposentaram depois de 2004).
Compare o salário de um delegado com o teu salário. Acrescente a meia dúzia de horas-extras (com sorte, pagas depois de um semestre de atraso). Subtraia qualquer iniciativa do governo e da Chefia de Polícia para cessar o trabalho não remunerado do sobreaviso. Arroche o salário. Corte o ponto se houver caminhada pacífica. Vete a anistia a esse corte irresponsável. Eis a face do novo jeito de governar, que já se comprometeu em entregar nossa carreira junto aos burocratas do Banco Mundial.
Reação da categoria
O Conselho de Representantes do sindicato, reunido nesta terça-feira (16), decidiu que serão realizadas assembleias regionais pelo interior para preparar a categoria para enfrentamentos. “Não haverá CPI, apesar da opinião pública. O reajuste dos delegados passou. Até julho, será encaminhado para a Assembleia a destruição da carreira do magistério. Em seguida, será a nossa vez. Vamos reagir à altura dessa injustiça, porque as perdas que vislumbramos são muito sérias, gravíssimas e de reparação muito improvável”, frisa Isaac Ortiz, presidente da Ugeirm.
Nesta quarta-feira, dia 17, está prevista audiência dos diretores da Ugeirm com o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Pedro Westphalen (PP).
Fonte: Fábio Carvalho, imprensa Ugeirm