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Abertura do Fórum Social Mundial 2010 Lotou a Usina do Gasômetro

O seminário foi transmitido ao vivo pelo site do FSM2010

Uma serie de avaliações sobre os avanços, as vitórias, as fragilidades e as tendências criadas nos dez anos de existência do Fórum Social Mundial abriu o Seminário Internacional 10 anos Depois, nesta segunda (25/1). Centenas de pessoas lotaram a Usina do Gasômetro. O prefeito José Fogaça deu as boas vindas aos participantes, agradeceu ao apoio das entidades organizadoras por trazer o evento ao seu local de origem e anunciou a criação de um Memorial do FSM em Porto Alegre. O convênio para a instalação do Memorial será assinado esta tarde, às 14h30, no Paço Municipal.

Participantes históricos do FSM, como Chico Whitaker e Oded Grajew, defenderam o caráter de aglutinador de idéias, atores e propostas do FSM. Para eles, o Fórum tem como objetivo oferecer um espaço de construção de alianças, uma vez que o movimento altermundialista se fortalece através da convergência das diversidades e da criação de parcerias.

Neste sentido, defendeu Grajew, o FSM não pode impor prioridades nem estipular bandeiras aos participantes do Processo Fórum, uma vez que sua principal característica é não obrigar nenhum ator/participante a abrir mão de suas prioridades. Por outro lado, incentiva a adoção de novas culturas civilizatórias, e propaga as idéias de responsabilidade individual e coletiva no cotidiano e nas ações em campos como meio ambiente, relações de trabalho, consumo, etc.

Antes do FSM, porém, movimentos e organizações da sociedade civil já haviam iniciado processos de articulação antiglobalização neoliberal em espaços como Chiapas, com o movimento zapatista, e Seattle, propondo novas formas de intervenção política no mundo, ponderou João Pedro Stedile. Estes movimentos foram maximizados pelo FSM, cujo grande mérito foi derrotar a idéia de que o neoliberalismo seria o único futuro possivel para o Planeta. Ou seja, o FSM derrotou o neoliberalismo como ideologia.

Por outro lado, Stedile vê como problemática a falta de avanços e programas propositivos gestados no FSM, bem como a incapacidade de aglutinar mobilizações de massa e de se opor ao avanço do imperialismo (em especial o estadunidense e suas incursões bélicas). Apesar da propagação de suas idéias, o FSM não influenciou ou impediu a volta de forças de direita na Europa – ou até em seu próprio berço, a cidade de Porto Alegre e o estado do Rio Grande do Sul -, e com a Crise Global, o capital acabou buscando o fortalecimento dos Estados como âncora de seus interesses, ao contrário do papel que exigem as organizações sociais, de gestão de políticas públicas.

Fazendo uma analogia com o futebol, Stedile avaliou que o FSM é o “vestiário ou a concentração”, mas que o jogo político é decidido em campo. Neste sentido, o Fórum deve ser um espaço onde se definem as táticas a serem adotadas no jogo, tese defendida também por João Felicio. Para Felício, o FSM tem que dar um passo a frente no que se refere a ações concretas.

Felício ressaltou que o grande diferencial do Fórum sempre foi o ineditismo das idéias, pois nos anos 70, 80 e 90, não havia espaço para esse tipo de debate, além de ser um espaço para todo mundo. “Essa idéia deu tão certo que já estamos comemorando 10 anos de FSM. O nosso Fórum deu muito certo, ao contrário do Fórum de Davos, que não foi capaz de prever a crise financeira que enfrentamos, coisa que falávamos há bastante tempo. Nós sempre questionamos o estado mínimo e a política neoliberal”, declarou.

Na opinião de Felício para aumentar ainda mais a unidade do FSM seria importante elaborar uma plataforma com as questões sociais tratadas no Fórum para balizar as ações dos movimentos sociais. “A reflexão é fundamental, mas é necessário mobilização de massa, por isso colocar tudo no papel seria importante. Teríamos uma unidade maior dentro da nossa diversidade”, acredita o dirigente.

De qualquer forma, o FSM provou que outro mundo é possível quando criou a enorme convergência das diferenças e das diversidades, acredita Lilian Celiberti. Em que pese que, diante do inusitado, as diversidades chegaram a ser consideradas um “freio” ao desenvolvimento de novos processos sociais globais por conta de sua enorme complexidade, foi a diversidade que acabou impulsionando a idéia de outro mundo possivel. A falta de cultura política do diálogo foi substituída pela política da intercomunicação, e os atores do FSM foram constantemente desafiados a encarar seus próprios limites de compreenção e tolerância.

Neste sentido, também o debate com partidos políticos acabou sendo aceito como importante, uma vez que é preciso influenciar as políticas publicas. Agora, avalia Celiberti, o grande desafio do FSM é colocar no debate político de nossas sociedades as idéias e ações que somos capazes de criar e implementar.

E esta construção terá que se dar por meio do aumento do volume e da força das interconexões mundiais, possibilitadas pela primeira vez prelo FSM, afirma Raffaella Bolini. O FSM não é um mero espaço, mas a maior rede de cidadania democrática do mundo.

Com informações CUT, Prefeitura de Porto Alegre e Blog do Seminário 10 anos Depois