Ausência do PDI e democracia foram questionadas no debate do Parque Tecnológico
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A ausência do Plano de Desenvolvimento Institucional e as questões de democracia interna como a representação dos estudantes e técnicos-administrativos no Consun (70 -15- 15) foram destacadas no debate sobre Parque Tecnológico, que ocorreu terça-feira (23/3), no auditório do Instituto de Informática, no Campus do Vale.
Ausência do PDI
Diante do auditório com cerca de 300 pessoas, a coordenadora da Assufrgs, Bernadete Menezes, foi muito aplaudida quando elogiou a iniciativa dos estudantes de lutar para garantir a discussão sobre o Parque. Ela avaliou que o debate estava cumprindo a função que seria sobre o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), ao qual o Parque estará vinculado, e ainda não ocorreu. “O PDI é essencial para o benefício de todas as áreas”, observou.
Falta de Democracia
O estudante de jornalismo e ex-diretor do DCE, Rodrigo Mohr, ressaltou que não existe Parque Tecnológico neutro e denunciou que o projeto apresentado ali, não era o mesmo que estava para ser votado no Consun. Ele também criticou a ausência da comunidade universitária na proposta de gestão do Parque. “É só olhar na página 19, tem cadeira para Fiergs, Sebrae, Prefeitura, Governo do Estado, mas não tem cadeira para a representação dos estudantes, professores e técnico-administrativos”, afirmou. Além disto, Rodrigo destacou que momentos como aquele deveria ocorrer sempre dentro da Universidade, fazendo menção a ausência de debate na universidade.
A estudante e representante do diretório Acadêmico da Educação, Martina, ressaltou que de forma alguma o Consun é democrático e também alertou para o fato do projeto apresentado no debate ser diferente e questionou que desta forma não pode passar no Consun.
Ausência do Reitor
A abertura do debate foi do vice-reitor, Rui Oppermann, que justificou a ausência do Reitor, devido a uma reunião fora do Estado e do professor do IFCH, José Vicente Tavares, que coordenou os trabalhos.
A apresentação do projeto de Parque Tecnológico foi da Secretária de Desenvolvimento Tecnológico, Raquel Santos Mauler, e as defesas do projeto atual pelo diretor do Instituto de Informática, Flávio Rech Wagner e do vice-diretor da Escola de Engenharia, Carlos Eduardo Pereira, enquanto os professores da Economia, Maria Alice Lahorgue e Carlos Schmidt questionaram o projeto.
Restrito ao mercado
Para Schimitão os incidentes que ocorreram no dia 5/3 demostram a vitalidade da vida democrática na universidade. “Vamos chegar a um bom termo se nós nos desarmarmos e o debate correr livre, aberto a contribuições e emendas, e com o cuidado de não privilegiar os setores que não têm interesses nacionais e muito menos da população”, alertou.
Sobre o Projeto, ressaltou que o escopo é muito restrito vinculando o Parque a questões do mercado capitalista. “A sociedade do mercado está demonstrando vários limites, porque tem como base as relações de mercado. Na filosofia do Parque se pensa em biodiversidade, mas por que não pensar em sócio diversidade? Temos que pensar nos saberes e conhecimentos populares. Porque não pensar num parque que abrange toda esta diversidade.”
Insuficiências estratégicas
A Professora Maria Alice também chamou a atenção para a importância do debate tendo em vista como a casa estava cheia. Para ela o importante não é se deve ou não ter o Parque, mas sim para que a Universidade vai tê-lo? Ela fez uma análise sobre outros parques e estudos existentes no mundo e observou que uma estrutura como esta tem que ser entendida como parte de uma plataforma de desenvolvimento geral, como uma responsabilidade social da Universidade.
Maria Alice levantou algumas insuficiências do projeto. “Seus contornos e diretrizes não podem ser deixados para depois, porque é um empreendimento de longa duração e tem que estar integrado as estratégias da instituição e ao projeto regional de desenvolvimento. Como uma instituição hibrida ele trabalha exatamente entre a academia e o mercado, tem-se que saber onde queremos chegar. Não vi no projeto os princípios do Porto Alegre Tecnópole, por exemplo”, concluiu.
Interdisciplinariedade e experimentação
Para o vice-diretor da Engenharia, o Parque tem que ser um catalisador que aumenta a interdisciplinariedade, a experimentação e listou aquilo queele não pode ser: “Não pode ter parque industrial e produção, não pode ser condomínio de empresas e nem agência de financiamento de projetos. Tem que ser independente e não pode ser a única forma de relação da Universidade com a sociedade.
Melhorar interação
O diretor da Informática, Flávio Wagner, explicou em linhas gerais alguns aspectos e pressupostos como as exigências de projetos acadêmicos para as empresas e as atividades de Pesquisa e Desenvolvimento se instalarem. “Os benefícios são para todas as atividades acadêmicas e visa o empreendedorismo dos estudantes, além de atividades de extensão, estágios e pesquisa".
Flávio explicou que o conhecimento é da Ufrgs e que a transferência de tecnologia são os resultados para a sociedade. “A tentativa é de melhorar a interação da universidade com a sociedade, para contribuir de uma maneira mais efetiva”, afirmou.
Diferença dos outros Parques
Raquel fez uma abordagem geral sobre o parque, explicando como foi construído o projeto e as razões para a instalação do equipamento na universidade e o seu diferencial em relação a outros parques. “A Ufrgs já tem uma rede de incubadoras, possui 625 grupos de pesquisa e 585 pesquisadores. Hoje ela já contribui com o desenvolvimento social e com a independência tecnológica”, destacou. Raquel disse que diferente dos outros Parques Tecnológicos, este será um órgão especial da Universidade e funcionará com as mesmas regras e os espaços serão cedidos através de editais.
Fora do tom
Após as explanações, abriu-se o espaço para os participantes intervirem e manifestar os seus pontos de vista. Foram feitas mais de 20 intervenções. Todas aplaudidas. O representante do DCE foi o único que foi vaiado, e teve a infelicidade de dizer que o debate só estava ocorrendo porque as portas da Universidade estavam abertas e considerou vergonhosa as manifestações dos estudantes do dia 5/3, inclusive portando "armas".
O debate demonstrou mais uma vez a justeza das reivindicações e estratégias utilizadas para garantir o debate dentro da Universidade.Na opinião geral a realização do debate foi um grande avanço para a universidade. Há muito tempo que não se via discussões tão bem fundamentadas e qualificadas sobre os destinos e os rumos da universidade.
Próximo debate
O próximo debate está programado para quarta-feira (31/3), às 18h30, no Auditório da Faculdade de Direito.
Na av. João Pessoa, 80 – Campus Centro.
Mais informações sobre o Parque Tecnológico podem ser obtidas através dos sites
http://paginas.ufrgs.br/parquetec
http://observatoriodoparque.blogspot.com/
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