“Uma cidade com um invulgar toque de humanidade”, disse Saramago sobre a Capital
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"Uma cidade com um invulgar toque de humanidade", disse Saramago sobre a Capital
José Saramago esteve em Porto Alegre pelo menos seis vezes. Destas
O escritor português José Saramago já esteve em Porto Alegre pelo menos seis vezes. Em sua última entrevista à Zero Hora, em 2009, sobre o aniversário da cidade, disse ter encontrado "uma cidade com um invulgar toque de humanidade. Na sexta-feira, (18/6) aos 87 anos, o Nobel de Literatura de 1998 morreu em sua residência, em Tías (Lanzarote), nas Ilhas Canárias.
Saiba quando o escritor esteve em Porto Alegre:
Abril de 1989 – José Saramago participou do 1º Congresso Estadual de Cultura, organizado pelo Conselho de Desenvolvimento Cultural do Estado. No dia 26 daquele mês, com a mesma objetividade e fluência com as quais escreve os seus textos, contou muitas de suas histórias no Salão de Atos da UFRGS. Na ocasião, lançou seu livro História do Cerco de Lisboa e, entre muitas frases marcantes, disse: "Vim do povo e sei como ele vive e pensa".
Agosto de 1992 – Saramago participou de uma conferência no seminário internacional A Experiência do Século, realizada em Porto Alegre, no Salão de Atos da UFRGS. Saramago encerrou o simpósio, com a palestra Ideologia e Intolerância – A Cultura e as Transformações do Nosso Tempo.
Abril de 1997 – Participou do seminário Literatura & História: Três Vozes de Expressão Portuguesa, promovido pela UFRGS. Na ocasião, comentou o sucesso de seus livros junto ao público brasileiro: "Uma das coisas mais emocionantes é saber que tem um leitor no interior do Brasil que lê algo que escrevi lá no outro canto do mundo. Se é que o mundo tem cantos".
Abril de 1999 – O romancista recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Dezembro de 2000 – Lançou o romance A Caverna, no Teatro da Ospa. Também ministrou uma palestra promovida pela Câmara Rio-Grandense do Livro, pela Companhia das Letras e pelo Governo do Estado. Na ocasião, o escritor Moacyr Scliar apresentou-o dizendo que o colega português tem um caso de amor com Porto Alegre, tantas são as vezes que vem à Capital.
Janeiro de 2005 — Participou de um painel no Fórum Social Mundial, ao lado do escritor uruguaio Eduardo Galeano.
A morte
O escritor português e Prêmio Nobel, José Saramago, morreu às 12h30min — horário local, (9h de Brasília), na sexta-feira, (18/6) aos 87 anos, em sua residência na localidade de Tías, na ilha espanhola de Lanzarote, situada mais a Norte do Arquipélago das Ilhas Canárias, na Espanha.
A morte teria sido em consequência de uma falência múltipla dos órgãos, após uma prolongada doença, conforme anunciado no site da Fundação José Saramago.
Depois de ter conversado com a mulher e tradutora, Pilar del Río, após o café da manhã, começou a sentir-se mal e pouco depois faleceu.
O editor de Saramago, Zeferino Coelho, disse que a saúde do escritor se havia deteriorado logo depois dele ter contraído, recentemente, uma doença, mas não deu mais detalhes. Nos últimos anos, o escritor havia sido hospitalizado em diversas ocasiões, principalmente devido a problemas respiratórios.
Histórico e obras:
José de Sousa Saramago foi escritor, roteirista, jornalista, dramaturgo e poeta. O primeiro Prêmio Nobel de Literatura em língua portuguesa ganhou, também, o Prêmio Camões, o mais importante prêmio literário deste idioma. Ele é considerado o responsável pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa no idioma português.
A vida
O escritor nasceu no dia 16 de novembro de 1922, em Azinhaga, aldeia ao sul de Portugal, numa família de camponeses. Seus pais emigraram para Lisboa quando ele ainda não havia completado os três anos de idade. Na época, fez estudos secundários que não pode continuar por dificuldades econômicas.
Autodidata, antes de se dedicar exclusivamente à literatura trabalhou como serralheiro, mecânico, desenhista industrial e gerente de produção numa editora.
Publicou o seu primeiro livro, um romance "Terra do Pecado", em 1947, tendo estado depois sem publicar até 1966. Trabalhou durante doze anos numa editora, onde exerceu funções de direção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na Revista Seara Nova.
Em 1972 e 1973 fez parte da redação do Jornal Diário de Lisboa onde foi comentarista político, tendo também coordenado, durante alguns meses, o suplemento cultural daquele vespertino. Pertenceu à primeira direção da Associação Portuguesa de Escritores. Desde 1976 vivia exclusivamente do seu trabalho literário.
Em 1975, tornou-se diretor-adjunto do jornal Diário de Notícias. Acuado pela ditadura de Salazar, a partir de 1976 passou a viver de seus escritos, inicialmente como tradutor, depois como autor.
Em 1980, alcança notoriedade com o livro "Levantado do Chão", visto hoje como seu primeiro grande romance. "Memorial do Convento" confirmaria esse sucesso dois anos depois.
Em 1991, publica O Evangelho Segundo Jesus Cristo, livro censurado pelo governo português – o que leva Saramago a exilar-se em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, na Espanha. Foi ele o primeiro autor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1998.
Entre seus outros livros estão os romances O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra (1986), Ensaio sobre a Cegueira (1995), Todos os Nomes (1997), e O Homem Duplicado (2002); a peça teatral In Nomine Dei (1993) e os dois volumes de diários recolhidos nos Cadernos de Lanzarote (1994-7).
Fonte Zero Hora.Com