Cresce o número de cidades com coleta seletiva no Brasil
Em 20 anos, aumentou de 58 para 994 a quantidade de municípios com programas de separação do lixo para reciclagem no país; metade dos centros urbanos ainda descarta resíduos em lixões
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O número de cidades com programas de coleta seletiva de resíduos sólidos no Brasil aumentou de 58, em 1989, para 994 em 2008. Em 2000, eram 451 os municípios que dispunham de sistemas de separação de lixo para reciclagem em toda a área da cidade.
Os dados são da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008, divulgada na sexta-feira (20/8), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2008, 994 dos 5.564 (17%) municípios dispunham de programas de coleta seletiva do lixo. O avanço se deu, sobretudo, nas regiões Sul e Sudeste, onde, respectivamente, 46% e 32,4% dos municípios informaram ter programas de coleta seletiva que cobriam todo o município.
Segundo Carlos Silva, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, o crescimento do número de cidades com sistemas de coleta seletiva é uma tendência irreversível. “É importante referir que em breve contaremos com a nova Lei do Lixo, que obriga os municípios a fazer uma gestão ecologicamente correta dos resíduos”, afirma.
Ainda em fase de regulamentação, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) obriga todos os municípios a criar programas de destinação correta do lixo no prazo de quatro anos.
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Para Pólita Gonçalves, consultora socioambiental e gestora do Instituto Estadual do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro, o crescimento de programas de coleta seletiva é consequência do aumento da demanda da população. “As pessoas têm se conscientizado da necessidade de dar destinação correta ao lixo e o resultado disso é a criação de políticas públicas correspondentes”.
“É fundamental que os consumidores exijam dos seus governantes, políticas que garantam a coleta seletiva. A destinação correta dos resíduos é a última etapa do consumo consciente”, explica Heloisa Mello, gerente de operações do Instituto Akatu.
Os municípios com serviço de coleta seletiva separam, prioritariamente, papel e/ou papelão, plástico, vidro e metal (materiais ferrosos e não ferrosos), sendo que os principais compradores desses materiais são os comerciantes de recicláveis (53,9%), as indústrias recicladoras (19,4%), entidades beneficentes (12,1%) e outras entidades (18,3%).
Mais da metade dos municípios ainda descarta resíduos em lixões
A pesquisa do IBGE revela também que 59,8% das cidades brasileiras usam lixões a céu aberto para descartar os resíduos sólidos. Os aterros sanitários são o destino final do lixo em 27,7% das cidades, e 22% dos municípios encaminham os resíduos para aterros controlados.
Segundo o IBGE, o quadro exige soluções urgentes, entretanto, o número de municípios que usam os lixões caiu nos últimos 20 anos. Em 1989, 88% dos locais armazenavam resíduos sólidos a céu aberto; em 2000, ano em que foi realizada a pesquisa anterior, eram 72,3%.
Os Estados de Piauí, Maranhão e Alagoas são apontados como os locais onde a situação é bastante grave. Esses Estados destinam mais de 95% dos resíduos aos lixões. Santa Catarina foi o Estado com os melhores resultados na coleta. Lá, 87,2% do lixo é destinado a aterros sanitários controlados.
A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico levantou informações sobre todos os municípios brasileiros. Os pesquisadores do IBGE foram a campo no segundo semestre de 2008.
Por Rogério Ferro, do Instituto Akatu