Greve em universidades federais completa cem dias
Fonte: Valor Econômico
Léia de Souza Oliveira, coordenadora-geral da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra), explica que não é possível fazer um balanço preciso sobre a adesão da categoria, de 182 mil trabalhadores, porque os grevistas têm autonomia para negociar de forma independente com cada universidade. Mas, segundo ela, a paralisação diminuiu o ritmo da atual política de expansão universitária do MEC, processo que abriu 14 instituições desde 2003.
Como as mais de 50 universidades federais participam de um programa de ampliação de infraestrutura física e de cursos e vagas, a greve afeta diretamente o andamento dos projetos. "Muitos técnicos da área de engenharia e fiscalização estão de braços cruzados. As obras não pararam completamente, mas o ritmo dos trabalhos diminuiu", afirma Léia.
O secretário de Ensino Superior do MEC, Luiz Cláudio Costa, admitiu que a área administrativa das universidades federais funciona com 50% da capacidade, mas disse que o efeito da greve sobre as ações de expansão "é ínfimo". "Uma paralisação desse porte, que já dura cem dias, traz fragilidades e inconvenientes, mas os reitores têm conseguido vencer isso. Quanto à expansão, fazemos monitoramento direto, são mais de 3 mil obras. O problemas são ínfimos."
Nos seis campi da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que concentra cursos na área de saúde, dos cerca de 6 mil servidores, 1,5 mil estão parados. De acordo com Ana Paula Rodrigues, coordenadora do Sindicato de Trabalhadores da Unifesp (Sintunifesp), o novo campus de Osasco, inaugurado há menos de um ano, tem problemas para cumprir o cronograma da abertura de cursos e contratação de professores.
"Os servidores da unidade de Osasco decidiram, em acordo com a reitoria, não dar sequência à greve para não afetar a expansão, mesmo assim o processo está complicado, porque há um déficit de profissionais, o que é admitido pelo conselho universitário. Isso está ligado com a nossa reivindicação de abertura de concursos para novas contratações", diz Ana Paula.
A greve começou dia 6 de junho e atrasou o início das aulas em algumas universidades. Entre as principais reivindicações da categoria estão o aumento do piso salarial inicial, de R$ 1.034 para R$ 1.635, e o cancelamento do projeto que cria uma estatal para gerir os hospitais universitários, além do cumprimento de acordos feitos em 2007.
Há duas semanas, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou a greve ilegal e obrigou que pelo menos 50% dos serviços sejam oferecidos regularmente. "Mesmo assim a adesão é maciça, temos que cumprir a determinação para não pagar multa de R$ 50 mil por dia", afirma Léia.