Carlinhos Cachoeira deve R$ 1 milhão ao governo do Rio Grande do Sul
Rastros no RS
Estado tenta cobrar dívida da época em que o bicheiro operava a Lotergs
No processo que tramita na 1ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre, estão expostos detalhes que revelam os métodos utilizados por Cachoeira na época em que a sua empresa, a Bet Capital Ltda, explorava a Loteria do Estado (Lotergs).
Preso em 29 de fevereiro deste ano pela Polícia Federal por supostamente comandar um esquema de jogos ilegais no país, Cachoeira teria deixado de repassar ao governo gaúcho parte do montante arrecadado com a impressão e a comercialização dos bilhetes da loteria.
Os negócios do bicheiro com o Estado se iniciaram em 2001, no governo Olívio Dutra (PT), quando a então Capital Construtora e Limpeza Ltda, com sede em Anápolis (GO), venceu a licitação para administrar a Lotergs.
Em 2003, já no governo Rigotto (PMDB), a empresa mudou de razão social e passou a se chamar Bet Capital, tendo como parceiro comercial o grupo sul-coreano BET, detentor da tecnologia de cartões eletrônicos de loteria.
A disputa judicial entre governo e Cachoeira nasceu em maio 2004, quando o governador Germano Rigotto rescindiu o contrato unilateralmente com a empresa alegando o descumprimento de cláusulas contratuais. Julgando-se vítima, Cachoeira ingressou com um processo cobrando R$ 22 milhões.
O Estado seguiu o mesmo caminho: pede R$ 4,7 milhões de indenização da Bet Capital como forma de reparar os prejuízos causados pela má gestão da Lotergs, incluindo a dívida de R$ 1 milhão.
Oficial não localizou imóveis da empresa
A ação tramita morosamente na 1ª Vara da Fazenda Pública, onde estão empilhados os nove volumes do processo. Os detalhes da peça judicial mostram que a conduta da Bet Capital contribuiu para atravancar a ação.
Um oficial de justiça comunicou que, em setembro de 2005, deixou de cumprir uma citação à empresa de Cachoeira, sediada em Anápolis, porque não encontrou nada no endereço.
Moradores dos arredores, questionados na ocasião, disseram desconhecer a existência da Bet Capital. O oficial, contudo, foi persistente: ele conseguiu entregar a citação da empresa em outubro de 2006, mais de um ano depois da primeira tentativa. Entretanto, a sua tarefa foi cumprida parcialmente.
Não foi possível fazer a penhora dos bens da Bet Capital porque ninguém conseguiu localizar móveis ou imóveis em nome da empresa, que, somente no Rio Grande do Sul, explorava um negócio milionário.
Zero Hora