Deu na mídia: (Sul21) Servidores das universidades radicalizam ações para cobrar resposta do governo
Servidores interditaram entrada do Instituto Federal do Rio Grande do Sul | Foto: Raquel Carlucho/Divulgação Assufrgs
Samir Oliveira
A resposta do governo federal aos professores universitários deixou os técnicos-administrativos ainda mais indignados. Afinal, a categoria está em greve nacional desde o início de junho e ainda não foi recebida pelo Palácio do Planalto. A promessa de Brasília é dar uma resposta até o dia 31 deste mês e, para pressionar o governo, os servidores pretendem radicalizar nas mobilizações em todo o país.
Nesta quinta-feira (26), os servidores da UFRGS interditaram os acessos ao campus central do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), justamente num dia destinado a efetivação de matrículas. “Agora é tudo ou nada. Nossa intenção é radicalizar e impedir que haja matrículas nas universidades federais até que o governo nos apresente uma proposta”, explica Rosane Souza, coordenadora-geral da ASSUFRGS.
A entidade realizou uma assembleia na tarde desta quinta-feira para avaliar onde serão as próximas ações de interdição. “Essas ações irão continuar. A tendência é radicalizar. É uma orientação nacional, já fizemos várias ações em todo o país”, comenta Berna Menezes, que também é coordenadora-geral da ASSUFRGS.
Técnicos-administrativos cobram resposta do governo às reivindicações| Foto: Raquel Carlucho/Divulgação Assufrgs
A orientação de intensificar a mobilização parte da Federação dos Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (FASUBRA). “O governo resolveu negociar com os docentes e até agora não temos resposta nenhuma a respeito da nossa pauta. Estamos orientando para que os grevistas promovam ações contundentes, mas a definição da atuação fica a critério das representações locais”, comenta José Ronaldo Ribeiro, coordenador de Organização Sindical da FASUBRA.
Os servidores técnico-administrativos reivindicam um piso de três salários mínimos, adequações no plano de carreira e a aplicação de 10% do PIB em educação. Atualmente, o salário é de R$ 1.034. Com o aumento reivindicado, a remuneração passaria a cerca de R$ 1.600.
Andes aprova continuação da greve de professores universitários no Rio Grande do Sul
A representação gaúcha da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes) aprovou nesta quinta-feira (26) a continuidade da greve dos professores das universidades federais no Rio Grande do Sul. A decisão foi tomada por unanimidade após uma assembleia do sindicato que reuniu 104 docentes.
Os dirigentes do Andes resolveram não aceitar a contraproposta feita pelo governo federal, que ofereceu aumentos de 25% a 40% a todos os docentes. Na primeira proposta, o reajuste variava entre 12% e 45%. Pela nova proposta, os aumentos serão escalonados durante os próximos três anos e começariam a vigorar a partir de março de 2013.
Em comunicado nacional, o Andes rejeitou a proposta e encaminhou nota para embasar o posicionamento das direções regionais. No Rio Grande do Sul, o sindicato optou por continuar com a greve – que, nacionalmente, já dura 71 dias.
“A proposta não valoriza o salário e continua desestruturando a nossa carreira. Precisamos de melhoria salarial imediata”, cobra a professora Laura Fonseca, dirigente do Andes no Rio Grande do Sul.
Na UFRGS, principal universidade federal no Estado, o Andes decidiu decretar greve no dia 25 de junho. A entidade tem cerca de 200 filiados na UFRGS. Por outro lado, o Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior de Porto Alegre (ADUFRGS), que conta com 912 docentes da UFRGS filiados, decretou greve somente no dia 10 de julho.
Para a ADUFRGS, a nova proposta do governo federal é boa e não há motivos para a paralisação continuar. “Vemos com muita satisfação, pois está de acordo com o que queremos para a carreira, com as classes de professor auxiliar, assistente, adjunto, associado e titular, e a eliminação da classe sênior”, elogia Maria Luiza Von Holleben, presidente da ADUFRGS.
Ela explica que houve uma resposta favorável do governo a todas as 15 reivindicações da entidade, mas faz algumas ressalvas ao reajuste proposto. “Nossa posição é aceitar a proposta da carreira e continuar lutando pelo que está incorreto na questão salarial. Mas não vemos mais motivos para continuarmos em greve”, defende. A entidade irá fazer uma consulta eletrônica aos filiados, que começa nesta quinta (26) e se encerra na próxima quarta-feira (1/8) para decidir se decretará oficialmente o final da greve.
O Andes reivindica a incorporação das gratificações ao vencimento salarial básico; plano de carreira de 13 níveis; piso salarial de R$ 2.329,95 para jornada de trabalho de 20hs semanais, com recomposição calculada pelo DIEESE; e recomposição salarial emergencial de 22,08%, referentes a perdas acumuladas desde 2010.
A ADUFRGS reivindica uma equiparação salarial dos professores com os pesquisadores do Ministério da Ciência e Tecnologia. Com isso, salário básico de um doutor passaria de R$ 5 mil para R$ 8 mil. E o teto passaria de R$ 8 mil para R$ 17 mil. Além disso, eles querem a elaboração de uma carreira única e mais simples, com 13 níveis e uma política de progressão bem definida, que leve em conta a valorização da titulação e do regime de trabalho.