Payadinha da greve, por Frederico Duarte Bartz
by Thaís Aragão PLUS 20 hours ago / Creative Commons License: by
GREVE
A uma greve, certa feita
Fui chegando de curioso,
Vi que o movimento era harmonioso
E que a causa era direita
Que lutar contra o governo
Bão era uma quimera
E eu sou louco por uma luta
Que nem pinto por quirera.
Dei de mão em um protesto,
Me integrei em comissão
E já fiquei mobilizado
No meio da multidão
Saí pela cidade em passeata
Pois é uma verdade universal,
Que quem não bota a cara na rua
Não ganha aumento salarial.
Mas o que é bom se termina,
Já diz o velho ditado
E eu que protestava embalado
Entoando meus gritos de luta,
Concentrado na dura labuta
Daquele que briga com ardor
Quando veio reprimindo o governo
Ajudado pelo reitor.
E veio o governo cortando ponto
E o reitor com ordem judicial,
Nos expulsar do local
Que a gente havia ocupado,
Usaram de tanta força,
Como se não houvesse democracia!
Mas… me esperavam no CPD
E eu fui me instalar na reitoria!
Sem lhe dar satisfação,
Sem pedir favor algum,
Fiz cartaz, soltei rojão
Li uma carta no CONSUN
E se recordo neste momento,
Aquele entrevero encarniçado
É para mostrar que este bochincho
Não faz parte do nosso passado!
-E O AUMENTO?
Essa pergunta me é feita
A cada vez que eu declamo
É uma coisa que reclamo
E acho que não é direita
Porque nos ofereceram uma merreca
Depois de tanta reunião
Que o governo dos trabalhadores
Parece o governo dos patrão!
E o aumento… ainda não vi
Porque o governo não quer ceder,
Mas os juros da dívida estão aí
Sendo pagos, para quem quiser ver
Meu dinheiro, talvez esteja passeando pela Europa
Alimentando o mercado financeiro,
Deve estar na mão de algum agiota,
Esperando cair no bolso de algum banqueiro.