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Rodoviários mantêm greve e propõem passe livre a partir de segunda-feira

Fonte: Sul 21

Em assembleia no final da tarde desta sexta-feira (31), os rodoviários de Porto Alegre decidiram manter a greve geral, sem nenhum ônibus saindo das garagens sábado (1) e domingo (2). Dia 2, data de Nossa Senhora de Navegantes, quando se realiza a tradicional procissão religiosa, deverá, portanto, ser de dificuldade para o deslocamento dos fiéis. Outra proposta aprovada foi a de que 100% da frota circule na próxima segunda-feira (3), desde que prefeito decrete passe livre em todos os coletivos. O comando de greve formalizará pedido nesse sentido a José Fortunati. O passe livre seguiria valendo até a oferta de uma boa proposta por parte dos patrões.

Começando às 18h30, com uma hora e meia de atraso, a assembleia no ginásio Tesourinha reuniu mais de mil rodoviários. O clima de animação era visível, com palavras de ordem gritadas pelos participantes e o som de música com instrumentos, na frente do prédio. Ninguém estava disposto a voltar ao trabalho, mesmo que o sindicato tenha se comprometido a levar à apreciação da categoria o acordo firmado no TRT, de colocar 50% da frota nas ruas. O atraso no início da assembleia foi uma maneira de dar às empresas a chance de enviar uma proposta ou sinalizar com algum item, por telefone ou e-mail. O que, segundo o comando de greve, não aconteceu.

Com o discurso afinado, mesmo os mais moderados integrantes da direção do Sindicato dos Rodoviários foram levados a aceitar a continuação da greve, que era o desejo dos participantes da assembleia. “É a categoria quem decide; não tem como convencê-los e por isso estamos desobedecendo a uma ordem judicial”, disse Jarbas Franco, secretário do Sindicato. Com uma fala curta, o presidente da entidade, Júlio Gamaliel Pires, foi vaiado, mesmo que tenha afirmado: “nós somos parceiros sempre, para qualquer decisão que for tomada”.

A partir dali, a assembleia passou a ser conduzida por Alceu Weber, coordenador da comissão de negociação, que tem um discurso mais avançado. Ele colocou a palavra à disposição dos demais integrantes da comissão (representantes dos quatro consórcios), que enfatizaram a união da categoria e disseram que o “acordo” assinado no TRT, na verdade, deveria ser levado à assembleia – e somente esta poderia referendá-lo ou não.

Definida a manutenção do movimento, o próximo passo foi eleger comissões de greve para cada garagem. Essas ficarão encarregadas da “conscientização”, para que nenhum ônibus saia às ruas, como já aconteceu nesta sexta. Outra deliberação é entrar em contato com o governador Tarso Genro, já que consideram que o prefeito Fortunati “não sabe administrar”.

Mediação da Câmara de Vereadores

Mais cedo, representantes dos grevistas foram recebidos pelo presidente da Câmara de Vereadores, Professor Garcia (PMDB). Foi mais um canal aberto para conseguir interlocutores para o movimento. Professor Garcia destacou que a Casa objetiva criar uma comissão para acompanhar o assunto e informou que acertou com a presidência da Assembleia Legislativa de buscar ajuda no governo federal. “Iremos falar com a presidenta Dilma Rousseff, porque o que estamos vivendo hoje em Porto Alegre vai se repetir no resto do País; não é um fato isolado”, disse. Ele avalia que, a exemplo do metrô, também o serviço de ônibus deveria ser subsidiado.

Com a presença de vereadores de diversos partidos, o encontro se deu em função de pedido dos grevistas ao vereador Pedro Ruas (PSol). Mas o presidente do Legislativo municipal recebeu primeiro os integrantes da comissão de negociação e, quando esses saíram, os dirigentes do Sindicato dos Rodoviários.

Foto: Ramiro Furquim/Sul21