“Podemos mudar a regra do jogo”: Servidores paralisados discutem Planos de Luta e Reforma Política no Brasil
Os trabalhadores técnico-administrativos da UFRGS, UFCSPA e IFRS-POA realizaram paralisação nessa quarta-feira (27), com Assembleia Geral e Debate sobre Reforma Política: O que eu tenho a ver com isso?, pela parte da manhã, no Auditório da Faculdade de Economia da UFRGS.
Assembleia Geral
Os servidores deram início a Assembleia com a leitura do Informe de Base da Fasubra com relato sobre a Plenária Nacional Estatutária da Entidade ocorrida entre 15 a 17 de agosto deste ano. O documento aborda os planos de luta da Fasubra para 2015 como Piso e Step, Carreira, 30 horas, liberação sindical etc, e pode ser lido clicando aqui.
Reforma Política: O que eu tenho a ver com isso?
Os servidores seguiram as atividades do dia de paralisação com a realização de debate sobre a Reforma Política, demanda esta levantada pelos movimentos sociais nas Jornadas de Junho de 2013, que vem sendo amplamente discutida na sociedade quanto ao distanciamento entre os políticos e a sociedade.
A mesa de debates foi conduzida pelos coordenadores da Assufrgs Igor Pereira e Cleber Petró, e contou com a participação dos representantes dos movimentos sociais e sindicais: Anderson Girotto (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST), Loricardo Oliveira (Confederação Nacional dos Metalúrgicos e CUT), Rui Muniz (Intersindical), e João Ives Doti (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB).
Rui Muniz, representante da Intersindical e técnico-administrativo da UFRGS, deu início ao debate colocando reforma política como uma necessidade frente aos ataques do neoliberalismo com o avanço das terceirizações, a reforma da previdência, a falta de investimento público em saúde, saneamento e educação em detrimento a pagamento da dívida pública etc. Rui Muniz defendeu a consulta direta à sociedade e não a política de representação, bem como mudar a forma de financiamento dos partidos nas eleições. “Queremos divisão igual a todos os partidos que fazem parte do Estado. Temos de ter um sistema político que facilite a apresentação de projetos políticos populares. Que democracia queremos? Para quem ela serve? Esse deve ser o centro do debate”, completa Muniz.
O tema Reforma Política continuou a ser desenvolvido pelo representante do MST Anderson Girotto, que retomou o ciclo político que vivemos o as Jornadas de Junho que foram o ponto culminante da crise de representatividade vivida pelo povo brasileiro, que rompeu a “pasmaceira” das lutas após a retomada do período democrático em 1989. “O PT foi a ferramenta que carregou o bastão da classe trabalhadora no país. Chegou ao poder e vimos que a correlação de forças não foi necessária para avançar na reforma política. Temos agora de reavaliar como organizar os movimentos sociais e dos trabalhadores a partir das Jornadas de Junho de 2013 que abre um novo ciclo político de lutas, no Brasil”, ressalta Girotto.
Loricardo Oliveira, representante da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, explicou que Reforma Política não é reforma eleitoral, e as reformas defendidas pelos trabalhadores são diversas das reformas defendidas pelos empresários. Para ele, o capitalismo sabe arrecadar dinheiro, mas pouco sabe distribuir. “Eu acredito que podemos mudar a regra do jogo. É uma injustiça colocar nossos companheiros contra quem tem mandato ou recebe dinheiro de empresários para financiar as campanhas eleitorais. Não dá para contrapor nossos companheiros trabalhadores com quem já tem suporte financeiro”, revela Oliveira.
O debate finalizou com o representante da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) João Ives Doti que apontou a reforma política tendo como eixo a proibição do financiamento privado das campanhas como a “mãe de todas as reformas”, pois sem alterar a composição do congresso, não se aprova as demais mudanças, pois não é interesse da maioria dos deputados hoje, financiados pelas empresas, em mudanças como a reforma agrária e urbana, por exemplo. Abordou ainda outros aspectos a ser alterados. “Hoje você vota numa pessoa, mas com seu voto pode eleger quem nem conhece, pois se vota na pessoa, e não em projetos”, exemplificou. Seguindo este eixo, perguntou aos servidores em paralisação, quem interpreta as vozes que lutam pelos seus direitos? E então, salientou a importância de uma reforma também dos Meios de Comunicação que está emperrada há algumas décadas. “O Brasil que temos não é o Brasil que queremos. O erro da esquerda foi que nunca deveríamos ter saído das ruas”, finalizou Doti.
O debate Reforma Política: O que eu tenho a ver com isso? Seguiu com intervenções dos servidores, que foram respondidos após, nas considerações finais dos debatedores. O dia de paralisação contou, ainda, com a presença e cobertura jornalística dos veículos de comunicação Correio do Povo, Sul 21 e TVE.
Para ver as fotos das atividades do dia de paralisação, acesse o Facebook da Assufrgs clicando aqui.