Notícia

Dia de Paralisação debate os rumos do movimento em defesa de uma educação pública e universal.

 

Na última quinta-feira (26) os técnico-administrativos em educação da UFRGS, UFCSPA e IF-RS paralisaram suas atividades por mais educação, democracia, por mais direitos e contra os retrocessos nos direitos conquistados. A paralisação teve como atividade aula pública, em frente à FACED, em defesa do educador Paulo Freire, e contou com a participação do professor Jaime Zitkoski. Foi distribuído o manifesto da Assufrgs aos técnicos e público em geral. As pautas do manifesto foram exibidas em cartazes que foram exibidas em várias fotos. Algumas das fotos estão disponíveis no final da matéria, outras estão no facebook da Assufrgs. Os estudantes também participaram da atividade de paralisação, e seguiram em ato pela defesa da educação, passe livre, melhoria no transporte público e contra os cortes do governo para o centro de Porto Alegre.

 

Guilherme Rolim, da Associação de Pós Graduandos da UFRGS (APG/UFRGS) pautou a luta dos bolsistas de graduação e pós-graduação, que estão organizados em luta de duas pautas prioritárias. “A primeira é a questão das nossas bolsas, nossos direitos vinculados ao nosso trabalho e a segunda é pensar a questão da nossa universidade, pra que e para quem serve a universidade?”, disse Guilherme.

 

O estudante de pós-graduação informou que nas próximas semanas, estarão aplicando questionário socioeconômico na UFRGS para levantar a questão da assistência estudantil, pois na pós-graduação não existe, além das condições as quais os estudantes vivem para realizar suas atividade e então negociar a assistência estudantil.

 “A gente acredita muito na luta universitária. Essa unidade entre os seguimentos é muito importante. Atividade aqui, hoje, é um grande passo para estarmos mobilizando em cima destas pautas”, enfatizou o estudante de pós-graduação.

 

A Coordenadora da Assufrgs Tônia Duarte realizou informe da reunião da CNSC. Após, o coordenador de esportes da Assufrgs Rockenbach (Neco) informou que ocorre na semana de 22 a 29 de março Semana de Mobilização pela Reforma Política Democrática, movimento encabeçado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), dentre outras entidades sindicais e estudantis. O movimento, que já aprovou a Lei de Ficha Limpa, quer aprovar a Lei de Eleições Limpas, que consiste numa lei que acabe com o financiamento das campanhas por empresas, que é a principal origem da corrupção eleitoral. Ele anunciou a distribuição de abaixo-assinados para que os colegas participem. O movimento quer coletar um milhão de assinaturas no país para que o projeto de lei ingresse no Congresso. Para saber mais do Movimento acesse o site Reforma Política Democrática.

 

Calendário de lutas

O Coordenador da Assufrgs Arthur Bloise informou o calendário de mobilização para o próximo período e o indicativo de greve tirado na plenária da FASUBRA, no início de março para o mês de maio.

Segundo o Coordenador, o indicativo foi aprovado uma vez que o acordo de greve de 2012 acabou, os técnico-administrativos das universidades receberão a última parcela do reajuste (5%) na próxima semana, sem perspectiva para novo reajuste para os próximos dois anos. “Se nós quisermos incluir, no orçamento de 2016, o reajuste para o funcionalismo público, temos que lutar este ano, e com prazo de até 31 de julho para poder entrar na lei do orçamento da união. Este é o principal motivo. Nós temos que forçar o governo a abrir negociação”, explicou Arthur.

 

No próximo dia 7 de abril, haverá nova paralisação, desta vez focada no problema das terceirizações. “A gente sabe que a terceirização é um problema em todo serviço público, pois acaba prejudicando o serviço tanto para o usuário quanto para o trabalhador. Sabemos de vários problemas que estão acontecendo nas empresas com atrasado de pagamento dos funcionários, e série de problemas, inclusive de assédio moral sobre os trabalhadores terceirizados”, lembrou Arthur.

 Dia 16 de abril, haverá a terceira paralisação agendada, que será realizada na Faculdade de Economia da UFRGS, com assembleia às 9h. Esta assembleia, dos servidores da UFRGS, UFCSPA e IF-RS, deverá eleger os delegados para o CONFASUBRA.

 O coordenador da Assufrgs alertou, também, para os trabalhadores marcarem reunião em suas unidades, discutirem com os colegas as pautas de luta, e entrar em contato com a Assufrgs para que juntos possa mobilizar rumo a construção de uma grande greve.  “Uma greve para que não só não seja retirado nenhum direito da categoria dos servidores públicos e trabalhadores, como a gente possa construir uma grande mobilização para avançar nas conquistas e termos mais direitos além dos que já temos. Se o governo quer que essa Pátria seja educadora ele tem que mostrar na prática e não apenas no slogan”, finalizou Arthur.

 

Aula Pública em defesa da educação e de Paulo freire

 O professor da Faculdade de Educação (FACED/UFRGS) Jaime Zitkoski, pesquisador da obra de Paulo Freire debateu a importância da obra do educador para as lutas dos movimentos sociais brasileiros. Jaime afirmou a importância do momento que estamos vivendo e de não perder a esperança, que é um dos legados freirianos a luta cotidiana dos oprimidos como processo de humanização. “O sentido de uma aula publica, ou de um momento de irmos para uma marcha, um movimento, uma mobilização, em defesa de nossas bandeiras de luta, seja para não retrocedermos os direitos e partir daí podermos avançar, seja para defender aquilo que eu considero que considero uma conquista muito importante que é a democracia. Democracia não como algo pronto”, pontuou o professor.

 

Logo no início da explanação, a aula pública foi interrompida pelos estudantes que estavam em marcha na cidade e foram até à FACED saudar os servidores paralisados. Os estudantes seguiram para o largo Glênio Peres para protestar contra os cortes do governo, e em defesa da educação, passe livre e melhoria nos transportes públicos. Para ler sobre a atividade dos estudantes clique aqui.

 Jaime mostrou que a marcha dos estudantes mostra o espírito freiriano, a importância das marchas na história da humanidade e a busca por democratização da sociedade. Para ele é fundamental distinguir os tipos de marchas que vem sendo realizada na sociedade brasileira. “Tem marchas pedindo a volta da ditadura, ou de forma preconceituosa a retirada dos direitos da grande maioria da população, isso ao meu ver é um retrocesso. A importância de quem busca defender de forma mais radical a democracia, a conquista dos direitos não para alguns, mas para todos. Um segundo grande ensinamento, na pedagogia freiriana, é a importância do dialogo dos diferentes na luta contra o antagônico. Temos que saber qual é nosso inimigo. Não podemos ser ingênuos que tudo está bem, que todos vão se entender. Não. Há sim uma necessidade fundamental de uma posição política nesse contexto tão complexo e confuso que muitas vezes a gente vê se construindo nesses processos de retrocesso a nível de política brasileira. O que temos no atual contexto é muito desafiador”, explicou Jaime.

 O pesquisador, ainda, falou do papel da mídia que cumpre um desserviço para o esclarecimento da população, confundindo o cenário político, afirmando que não há grandes antagonismos e todos se encontram ‘no mesmo barco’. Destacou a importância dos educadores e educandos de centrar no debate das questões públicas. “É fundamental o debate das questões publicas centrais que afetam a todos. A questão da reforma política, da luta democrática, da mobilização dos diferentes setores das classes trabalhadoras e classes populares na busca de além de garantir o que já conquistamos, podermos avançar e não retroceder. E isso é possível pela luta”, pontuou.

 Jaime Zitkoski lembrou da esperança, que é a força que move tudo seja na existência individual ou em sociedade, que é a busca ‘de um sonho de ser mais’. Para isso frisou a importância de uma agenda positiva das mobilizações e marchas dos movimentos sociais, e articulação entre estes para o avanço da democracia e o não retrocesso dos direitos “Duas coisas, nesse momento, devem nos mobilizar nessa esperança: a resistência ao ataque do antagônico, a nós; e a possibilidade além de resistir de colocar uma agenda positiva na política brasileira, no sentido do avanço da democracia”, finalizou.

 Após a aula pública, foi aberto para questionamentos e intervenções dos servidores. A atividade do dia de paralisação seguiu com informe da Coordenação, sobre a aprovação na última reunião, do manifesto em defesa da educação pública, dos direitos dos trabalhadores e da democracia. O manifesto foi distribuído durante a paralisação e pode ser lido clicando aqui.

 Ao fim da atividade, os trabalhadores da UFRGS, UFCSPA e IF-RS paralisados, realizaram foto em defesa de mais direitos, educação e democracia.