Leia o texto de um pai da Creche da UFRGS sobre a paralisação de 12/06
Hoje de manhã a creche da UFRGS não abriu. A entrada foi bloqueada por servidores em greve. Pais, mães e filh@s chegaram e tiveram que voltar pra casa. Isso está gerando indignação, revolta, movimentos.
Também estive no frio da manhã com o Rodrigo e voltamos pra casa. Mas antes conversei com os manifestantes.
Toda greve gera transtornos e sempre prejudica o funcionamento regular de atividades. É uma medida extrema, desgastante. Mas ainda acredito que eficaz frente à insensibilidade de patrões e governos.
Considero desrespeito original e muito mais grave os governos não negociarem com o funcionalismo, obrigando-os a usar a greve como instrumento de pressão.
Considero desrespeitoso e desleal que as conversas sobre os rumos da creche não sejam abertas, francas e não sermos chamados para pensar o futuro da instituição.
Considero gravíssimo que a maioria das professoras da creche tenham contratos precários, terceirizados, ganhem muito pouco e estejam ligadas à mesma empresa que faz a limpeza da UFRGS, a qual vem atrasando salários e desrespeitando relações básicas de trabalho – e sobre isso temos sido coniventes.
As super competentes mulheres que educam nossos filhos na creche recebem da terceirizada algo próximo de R$1.000,00. Se fossem funcionárias públicas e estivessem no mesmo plano de carreira em que se enquadram os colegas do Colégio de Aplicação ganhariam mais ou menos R$3.000,00, teriam estabilidade e direitos trabalhistas.
Não penso que um desrespeito legitima outros desrespeitos. Acho apenas que somos bastante seletivos em nossas indignações, nos voltando com muita força contra um sindicato e seus trabalhadores e sendo muuuuito tolerantes com a reitoria e com o governo. Ou seja, quando quem pisa no nossos calos é grande nós somos menos bravos…
E tendemos a lutar muito pelo que entendemos ser nossos direitos e muito pouco (ou nada) pelos direitos alheios, inclusive daqueles que garantem a educação de nossos filhos e lhes asseguram direitos…
Gostaria que pudéssemos aproveitar a oportunidade que o movimento grevista nos proporciona para discutir o que realmente pode mudar a realidade da creche, dando dignidade a TODAS as trabalhadoras.
Não consigo reivindicar boas condições de trabalho, salário e direitos só para mim e pros meus filhos. Quero que os demais colegas da UFRGS, em especial os técnico-administrativos e – mais ainda- os terceirizados tenham sua dignidade respeitada, e possam também criar seus filhos com os mesmos direitos que eu tenho.
Sem falar de quem não é da UFRGS e não tem direito algum à educação infantil… Mas isso fica pra outro dia. Seguimos na luta!
Publicado originalmente no Blog “Notas Vermelhas”
Autor: I Juca Pirama Gil