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Indicação de atendimento restrito a horário comercial é uma política que expande diálogo com a comunidade

Durante os últimos dois anos, existiu um intenso debate na UFRGS sobre a jornadas de trabalho, em que estava inserida, entre outras questões, a proposta de flexibilização. Exatamente inversa a imagem construída pela grande mídia e alguns setores sociais, de que servidor público quer trabalhar menos por ser “vagabundo”, a proposta de flexibilização com carga horária de 30h vem a partir de uma visão de integralidade, de universalização e de melhoria na qualidade do atendimento oferecido pelos servidores da universidade, bem como as condições de trabalho dos mesmos.  

Com dinâmicas muito distintas entre os setores, a UFRGS já caminhava, a passos muito lentos e com muita informalidade, para a flexibilização da jornada com 30h. Desta maneira os trabalhadores da instituição conseguiriam atender com mais qualidade e durante um período maior a comunidade, que cresceu bastante e adquiriu novas características no último período.

No entanto, a proposta de melhoria de atendimento levada pelos técnico-administrativos não foi abraçada pela administração da universidade, que havia fechado as portas para a negociação da carga horária e da flexibilização, implementando um sistema de controle de jornada que está longe dos parâmetros indicados e que foi assumido pelos técnicos coletivamente apenas nesta segunda-feira, 01/08, depois de quase dois anos de tentativas de diálogo, ameaças de processos administrativos contra os trabalhadores e, mais recentemente, promessas de retomada de negociações por parte da reitoria.  

Em um período difícil da política nacional, em que a universidade pública corre sérios riscos, é grave a perspectiva de um modelo de gestão que não estabeleça relação colaborativa, e que secundarize a manutenção da qualidade da instituição. Não pode ser uma política da administração da UFRGS o tensionamento para que que os técnicos trabalhem mais, com piores condições, mas que mantenham a qualidade do atendimento e o horário estendido dos setores, como se nada estivesse acontecendo. A lógica privada, que consome os trabalhadores até seu último fio de integridade física e mental, está avançando sobre a universidade, e a administração deve ser parceira no combate a esta lógica.

Não podemos permitir que os técnico-administrativos fiquem com todo o ônus da pressão sobre a instituição, pagando com sua saúde para manter um atendimento de excelência. É preciso dialogar com a comunidade sobre a responsabilidade do atendimento, sobre o valor humano que a qualidade da UFRGS consome. Neste sentido, foi indicado pela assembléia da categoria que os TAEs realizem atendimento apenas no horário comercial.

Assumir o atendimento em horário comercial é uma estratégia política, demanda uma organização coletiva e muito diálogo nos setores, entre os colegas, e até algum enfrentamento com as chefias, mas garantirá um entendimento da comunidade sobre o esforço a ser feito para a manutenção da, tão exaltada, excelência e que este esforço não pode ser unilateral.

Medidas simples, pautadas a anos pelos técnicos, poderiam auxiliar a UFRGS a passar por esse período obscuro do país, em que a educação pública sofre ataques violentos. Uma universidade democrática, com uma jornada menos desgastante, com qualidade do ambiente de trabalho, sem assédio e com espaço para atuação sindical é muito mais forte.

Mesmo sendo apenas uma orientação da categoria, sem obrigatoriedade de implementação, a implementação do atendimento restrito ao horário comercial expande este debate, expõe questões que não são exclusivas dos TAEs, e possibilita que a administração dialogue sobre o tema com os demais membros da UFRGS.

É importante ressaltar que a implementação do horário comercial é uma medida que visa mobilizar os servidores em uma ação coletiva de pressão sobre a administração central, neste sentido ela tem um efeito educativo e político, mostrando que os servidores não são apenas equipamentos, mas são parte vital desta universidade. Somo acima de tudo um grupo de trabalhadores conscientes de nossas decisões e que lutamos pela nossa dignidade em nossos espaços de trabalho.

Uma série de materiais estão sendo elaborados pela Assufrgs a fim de facilitar o diálogo com colegas, alunos e professores. Acesse os materiais AQUI