Crítica social e desmascaramento do golpe ganham o carnaval carioca e o Brasil
Campeãs do carnaval carioca apresentaram temas relacionados a política e a crítica social, questionando a corrupção, a exploração dos trabalhadores, a distribuição de renda e a escravidão, em desfiles que levaram a plateia a euforia.
O primeiro lugar foi conquistado pela escola Beija-Flor de Nilópolis, que entrou na avenida fazendo uma grande crítica ao modelo social, político e religioso do Brasil. Com um carro que carregava o congresso nacional sobre as costas de um rato gigantesco, e outra alegoria que transformava o prédio da Petrobras em uma favela, a apresentação relacionou a corrupção ao crescimento da pobreza e questionou a distribuição da riqueza do país.
Contudo, foi a vice-campeã que ganhou mais destaque. Em apresentação na madrugada desta segunda-feira, 12/02, a escola de samba Paraíso do Tuiuti, chamou atenção ao tratar do tema da escravidão, que inicialmente foi apresentado como crítica a exploração dos povos africanos. O tema, entretanto, recebeu uma atualização ao longo do desfile, surpreendendo conforme as alegorias e alas entravam na avenida e traziam uma fortes crítica ao desmantelamento das lei trabalhistas, a manipulação da mídia e a situação política do país.
A escola organizou as alas com uma linha cronológica, levando os espectadores para uma retrospectiva da luta entre exploradores e explorados durante a história do país. Com alegorias que relacionaram, por exemplo, favelas e senzalas, a escola criticou de maneira muito explícita a atemporalidade da marginalização dos trabalhadores.
Alas como a dos “guerreiros da CLT”, onde cada integrante estava fantasiado como uma espécie de deus Shiva dos trabalhadores, munido de martelo, foice e outros instrumentos em seus quatro braços e carregava uma enorme carteira de trabalho avariada, deram um tom forte às críticas à reforma trabalhista, aprovada pelo governo golpista no ano passado.
O ápice do desfile foi a apresentação da ala dos Manifestoches, manifestantes de verde e amarelo em trajes de pato e manipulados por mãos com cordas, seguido de um carro com um Vampiro Presidente inspirado em Michel Temer.
As alegorias e a intervenção de gritos de #ForaTemer, entoados pela platéia, renderam algumas pausas na narrativa dos apresentadores da Rede Globo, que transmitia o evento ao vivo, deixaram transparecer o desconforto da emissora e de uma parcela da sociedade que tem recebido benefícios decorrentes do golpe.
Os artistas estão atentos, a população está atenta e não aprova os golpistas e o saqueamento do país. Terminamos o carnaval com fôlego para começar o ano combatendo a reforma da previdência e as escolas de samba deram o recado.