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XXIII Confasubra debate conjuntura política e econômica do país

O segundo dia do 23º Confasubra iniciou com mudanças na programação, uma vez que a Apresentação das Teses aconteceu na noite de abertura (ver aqui), a manhã desta segunda-feira (07) foi de reuniões dos grupos políticos para debater as propostas para os próximos dias.

Já no início da tarde, a mesa “Conjuntura Nacional e Internacional” reuniu representantes da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Sindicato dos Técnico-administrativos da UFRGS, UFCSPA e IFRS (Assufrgs), Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG) e Sindicato dos Trabalhadores Educação da Universidade Federal Fluminense (SINTUFF) para fazer uma avaliação de todo o processo político e econômico que o país está vivendo. Cenário este complexo, marcado por uma política de cortes que reflete diretamente no ensino público e consequentemente na carreira dos técnico-administrativos em educação e da classe trabalhadora no geral.

Abrindo a mesa, o jornalista e poeta Adalberto Monteiro, integrante da CTB saudou a todos e todas presentes destacando que apesar de tempos de conjuntura adversa e danosa, a categoria consegue ser a “ponta de lança da vanguarda de luta”. Ao longo de sua fala, o jornalista destacou que é preciso derrotar os discursos fascistas da direita que banaliza os direitos da classe trabalhadora e destrói a democracia.

“É isso que está colocado, talvez o contexto mais danoso da história do nosso país porque nós estamos vendo a implantação de uma ditadura jurídico-parlamentar. Nós estamos vendo um golpe a cada dia”, denunciou Adalberto Monteiro. Para ele é fundamental o enfrentamento destes modelos conservadores de Governo que assolam a América Latina, a partir da unidade da classe trabalhadora, pois só assim é possível avançar na luta.

A segunda fala da análise de conjuntura foi do professor Valério Arcary, do Instituto Federal de São Paulo (IFSP). “Quando as coisas ficam difíceis a união é fácil”, anunciou o professor abrindo seu pronunciamento. Valério acredita que a ofensiva da classe dominante não é um cenário novo para o país e esse é um momento em que todas as diferenças devem ser pequenas, uma vez que o inimigo é comum e se encontra lá fora. O professor reforçou que este é um momento de ouvir os argumentos e decidir a partir daí qual o mais adequado para uma luta que é inevitável. Ele defende ainda a construção de uma frente combativa que una o movimento sindical e fortaleça a consciência de classe.

“Para transformar o Brasil primeiro é necessária uma revolução mental na cabeça de milhões de pessoas”, desabafa o professor. Segundo ele, os trabalhadores e trabalhadoras vivem num conflito entre ideias verdadeiras e ideias falsas, em que na experiência prática eles sentem os impactos de uma vida de exploração e sofrimento em que a compensação se dá pela necessidade do capital, em contrapartida ao discurso de consciência em que ao observar toda corrupção e desmontes estes e estas trabalhadoras se convencem de que são fracos e desunidos e apesar de serem muitos na verdade não possuem a riqueza, a polícia, o exército e o poder.

 

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A técnico-administrativa em educação Berna Menezes, coordenadora do Assufrgs e integrante da intersindical também ressaltou que toda a situação é complexa. Para ela, o golpe no Brasil foi construído aos poucos e a forma de combater isso é através da luta contra o fascismo. A TAE reforça que as marchas de 2013, que iniciaram a partir de uma juventude sedenta por melhores condições e por um país diferente são um exemplo de como a unicidade e a consciência de classe são significativas. A partir de pesquisas realizadas, Berna anuncia que todas as movimentações de 2013 assustaram a direita e a partir disso, houve a (re) localização e articulação da mesma.

“É possível ter vitória. Nós temos que acreditar nas nossas próprias forças, nós temos sim que nos reorganizar e construir uma Frente Social que seja política em defesa da Democracia”, afirma a coordenadora do Assufrgs. Ela aponta que a principal diferença hoje entre os patrões e os operários é que as elites têm consciência de classe e que os trabalhadores e trabalhadoras ainda precisam retornar as bases para construir a unidade.

A fragilidade da classe trabalhadora também esteve presente no discurso de Beatriz Cerqueira, presidenta da CUT Minas Gerais. Inicialmente ela destacou que vivemos em um período de ruptura democrática, resultante de toda as consequências que o Golpe causou ao país e a classe trabalhadora. Beatriz reforçou que este golpe é parte de algo maior, para além da disputa de partidos políticos, mas é uma estratégia de eliminação da resistência a partir das elites ainda resultantes de um processo muito recente de escravidão, que não enxerga os trabalhadores e trabalhadoras como sujeitos de direitos.

“Era necessário implementar um outro Estado brasileiro que pelas urnas não viria. O povo quer mais saúde, mais educação, quer mais Estado em sua vida e jamais votariam em projetos e programas que significariam menos Estado, menos universidades, menos saúde, menos segurança pública. O povo brasileiro não é burro”, defende a presidenta da CUT-MG e finaliza a fala relembrando que são 50 dias da morte de Marielle Franco (execução política); 39 dias da prisão do padre Amaro, no Pará (prisão política); 30 dias da prisão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (prisão política) e tudo isso num país que hoje possui 13 milhões de desempregados e 33 milhões de trabalhadores (as) na informalidade.

Para finalizar a mesa de Conjuntura Nacional e Internacional, Pedro Rosa coordenador do SINTUFF lembrou que os encaminhamentos do Congresso vão ter uma influência geral na capacidade de luta da categoria e reforçou que quando a classe trabalhadora se une é possível vencer, como foi o caso da Greve Geral de 28 de abril que parou milhares de trabalhadores e trabalhadoras e resultou num impacto expressivo na economia do país.

Quando as participações da mesa sobre conjuntura Nacional e Internacional encerraram-se, muitos técnico-administrativos e algumas administrativas em educação correram em direção à mesa para candidatar-se a expor ideias e posicionamentos sobre o que tinha sido debatido. Devido ao grande número de inscritos, foi realizado um sorteio de 21 crachás e garantido três minutos para cada participante. Os delegados da ASSUFRGS Márcia Tavares, Frederico Bartz e André Mortari fizeram intervenções.

De acordo com a análise dos delegados e delegadas que ocuparam este espaço de debate, ainda existe muitas divergências entre a categoria, e assuntos como campanha salarial, plano de lutas, e indicativo de greve, pouco foram tocados ainda neste segundo dia de congresso. Há os que defendam Lula Livre, há os que condenam, e também há aqueles que priorizam os rumos que o XXIII Confasubra vai tomar durante essa semana. A classe trabalhadora tem sido massacrada pela grande mídia, e pela organização da elite. Muitas são as dúvidas dos participantes, porém é aclamado que seja feita uma escolha de prioridades para dar andamento aos trabalhos. Por fim, unificar as forças, ainda é a expressão mais comentada no congresso, tanto dos convidados da mesa de hoje, quanto dos delegados, delegadas e observadores e observadoras que estão no XXIII Confasubra, que acontece em Poços de Caldas – MG.

Texto: Assufsm

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