Tarso Genro: “Devemos construir uma nova frente politica, para defender o estado social”

A Sala 102 da Faculdade de Educação da UFRGS foi palco, no dia deste 07 de junho, de um debate importantíssimo pela defesa de uma universidade pública e popular. Os técnico-administrativos que estiveram presentes na atividade puderam debater, junto à convidados, qual o papel da categoria diante desta conjuntura de ataque à democracia, de retirada de direitos sociais e de entrega de patrimônios públicos, como a Petrobras e o pré-sal.

Na parte da manhã ocorreu o debate “Do golpe de 2016 a um Projeto para a Classe Trabalhadora e Serviços Público”. Tarso Genro participou da atividade ao lado de Edson Carneiro Índio, secretário geral da Intersindical e representante dos bancários de SP. A mesa foi comandada por Rui Muniz, Coordenador Jurídico da Assufrgs Sindicato.

O advogado e jornalista, Tarso Genro, compartilhou alguns pontos que levam ele à acreditar na luta dos trabalhadores como forma de renovação da cultura política brasileira. O ex-ministro iniciou a fala fazendo um resgate dos governos Lula “Naquele ponto da história todos podiam ganhar, o capital financeiro podia ganhar, a indústria conseguia crescer, as commoddities nesse país eram investidas em projetos sociais como educação e saúde. Porém isso durou pouco tempo, chegou um momento que o “imperialismo”, o mercado financeiro internacional cansou dessa situação e colocou o preço das commodities lá embaixo, impondo a crise novamente aos países que não estão no núcleo do sistema de dominação do capital.

Sobre o Governo Dilma e o golpe em 2016 tarso reflete que “o impedimento da presidenta Dilma, foi um episódio nesse processo e se deve devido à uma gestão técnica deste governo, que possibilitou a ascenção das demandas do capital financeiro sobre o estado de direito.”

Sobre as figuras que promoveram o golpe, Tarso acredita que “o golpe foi processado por um reação em rede que envolveu a midia, facção de partidos tradicionais , dirigente politicos tradicionais, setores nacionais e internacionais da alta burguesia e as agências de risco que estão no papel de valorizar ou não moedas, enfraquecer ou fortalecer economias. É um bloco politico com uma inclinação. ”

Após o golpe “todos os aspectos do estado social foram deixados de lados para atender os interesses de uma fração da classe dominante. O estado brasileiro permanece como estado de direito tradicional, que reproduz os interesses imediatos e estratégicos de certas classes, mas perde sua característica de estado social minimamente eficaz. Os programas sociais são diretamente afetados por isso, assim como a distribuição de renda. Temos um empobrecimento médio geral da população brasileira e um enriquecimento maior dessas partes que juntas originaram o golpe.”

Para o ex-Governador do RS no centro da agenda política nacional está “a grande mída, que faz um gerenciamento cultural da mentalidade do povo brasileiro. Que elege e indica como positivo ou não, decisões do supremo, de algum ministro e vai compondo assim a agenda política.”

O que vai ocorrer com o estado brasileiro nos próximos anos será “um esvaziamento das suas funções publicas, redução dos serviços públicos, para que esse estado possa funcionar de maneira livre como indutor de acumulação do privado no topo. Com o empobrecimento da sociedade brasileira. Como o resultado teremos uma sociedade brasileira organizada em três terços. Um terço na precariedade, um terço sobrevivendo de uma maneira razoável e um terço “caso de polícia”. O que gera as condições para o esvaziamento da esfera da politica  e politização cada vez maior da criminalidade, que subsitui o estado como sujeito político nas periferias.

O papel do serviço público tem que ser discutido nesse parâmetro, “sem deixar de resistir e defender os direitos imediatos que estão sendo sonegados, mas pensando em uma organização de uma outra ordem, que dispute o poder de estado e que retire o estado social de uma função politica imposta pelo capital estrangeiro, transformando-o em mero pagador da divida publica, onde todos são sacrificados.”

“Temos que pensar numa nova frente politica, em um enfrentamento do domínio do capital financeiro sobre o estado social. Que comecemos a pensar numa nova ideia socialista para o Brasil.  É assim que proponho a reflexão politica para o momento. Uma frente politica capaz de enfrentar esse sistema de poder que não exitará de usar de violência quando necessário.”, concluiu.

Galeria de Fotos

 

Confira os vídeos do seminário da Assufrgs na íntegra:

Debate 01 –  Conjuntura – Do golpe de 2016 a um Projeto para a Classe Trabalhadora e Serviços Públicos
Com: Tarso Genro e Edson Carneiro Índio

 

Debate 02 –  A defesa de um projeto democrático e popular: não às privastizações e a Emenda Constitucional nº 95
Com: Wrana Maria Panizzi e representantes do movimento dos petroleiros no RS