Escolas federais custam menos e têm desempenho superior que colégios militares
Um decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) determina o fomento à criação de escolas cívico-militares em todo o país. Embora o documento não detalhe de que forma será feita a implantação, o ministro da Educação, Ricardo Vélez-Rodríguez, afirmou que a inspiração serão os colégios militares, que detêm desempenho acima da média.
A principal diferença em relação às escolas públicas convencionais é o investimento do Exército por aluno: R$ 19 mil ao ano, três vezes mais do que em uma escola pública regular. O argumento do bom desempenho encontra respaldo nos números do Enem, em que os alunos dos colégios militares costumam se destacar. Mas outro modelo, o das escolas federais, mostra desempenho superior com investimento inferior, de R$ 16 mil ao ano por aluno. O investimento médio nos alunos das redes públicas de educação nos estados e municípios é de aproximadamente R$ 6 mil por ano.
No ranking das 10 melhores instituições públicas do país, de acordo com o resultado do Enem em 2017, sete são federais, entre colégios de aplicação das universidades federais e campus dos Institutos Federais e CEFET. Na lista aparece um colégio militar do Exército, o de Belo Horizonte (MG), em 7º lugar. Há ainda duas escolas públicas estaduais entre as melhores do país.
O primeiro colocado é o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (Coluni), em Minas Gerais, que é o 19º no ranking geral do país nas provas objetivas — incluindo as escolas particulares.
Assim como os colégios militares, a rede de educação federal tem professores com título de mestre e doutor e, consequentemente, salários mais altos, que possibilitam dedicação integral. Institutos Federais investem em pesquisa e produção do conhecimento, e apostam na interiorização para levar formação para além das capitais.
Dono dos melhores índices do país entre as escolas públicas, o ensino federal foi atingido diretamente por cortes de verbas nos últimos anos. O orçamento para 2019, por exemplo, é similar ao de 2016, reduzindo a capacidade de investimentos, já que há aumento vegetativo de gastos com salários e também porque houve ampliação da rede dos IF neste período.
O governo Bolsonaro ainda não indicou quais serão os caminhos para a rede federal. Toda a equipe da Setec, responsável pelos institutos federais, foi exonerada e os novos nomes ainda estão em fase de reconhecimento de terreno.
O governo não informou se pretende aumentar o investimento por aluno nas escolas que adotarem o modelo cívico-militar. Vale lembrar que os investimentos em saúde e educação no governo federal foram congelados pelos próximos 20 anos (EC/95).
Ranking nacional das escolas públicas no Enem
1 – Colégio de Aplicação (Coluni) da Universidade Federal de Viçosa (MG)
2 – Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa Maria (RS)
3 – Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (PE)
4 – Instituto Federal do Espírito Santo, Campus Vitória (ES)
5 – SEPT da Universidade Federal do Paraná (PR)
6 – FCAP UPE, Escola de Aplicação do Recife (PE)
7 – Colégio Militar de Belo Horizonte (MG)
8 – CEFET Varginha (MG)
9 – Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais (MG)
10 – Colégio Técnico de Campinas (SP)
Fonte: NSC. Foto: Comunicação IFRS / Divulgação