No dia 08 de março as mulheres irão tomar as ruas do país contra a reforma da previdência.

Como todo ano, mulheres saem às ruas no 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, para combater o machismo, o racismo, o feminicídio e a desigualdade. No Brasil, o movimento deste ano terá como foco o grito por justiça ao assassinato de Marielle Franco – o crime completa 1 ano no dia 14 de março – e a luta contra a Reforma da Previdência de Bolsonaro.

Reforma da Previdência e as mulheres

Pelas regras de transição apresentadas pelo governo, elas vão trabalhar mais sete anos e contribuir mais 10 para ter aposentadoria integral. Homens terão mais cinco anos de trabalho e contribuição.Pelas regras atuais, uma mulher de 55 anos e com 25 anos de contribuição teria de trabalhar mais cinco anos para se aposentar por idade e conseguir receber o benefício integral. Ou seja, estaria aposentada aos 60 anos e com 30 anos de contribuição. Já pelas regras de transição propostas por Bolsonaro, que quer implementar a idade mínima de 62 anos para as mulheres, essa mesma mulher terá de trabalhar mais sete anos (55+7 = 62) para se aposentar por idade. Ainda assim, ela só chegaria a 32 anos de contribuição (25+7 = 32) e não se aposentaria com o benefício integral, que, pelas novas regras, vai exigir, no mínimo, 40 anos de contribuição.

Dessa forma, o benefício será de apenas 60% a quem atingir 20 anos de contribuição e sobe 2% por ano de contribuição que exceder esse tempo mínimo exigido na proposta de reforma, até chegar a 100% com 40 anos de contribuição. No caso da trabalhadora, a conta resultaria em um benefício de apenas 84% do valor a que ela teria direito pela regra atual. Ou seja, 60% correspondentes aos 20 anos mais 24% referentes aos 12 anos a mais que ela contribuiu para poder se aposentar aos 62 anos de idade.

A mulher na faixa etária dos 55 anos ou menos será a mais prejudicada. Se ela quiser se aposentar com benefício integral, terá de trabalhar mais sete anos e continuar a contribuir por mais dez. Ou seja, somente aos 70 anos de idade ela se aposentaria com salário integral.

08 de março em Porto Alegre

Em Porto Alegre, o 8M ocorre no Largo Glênio Peres, a partir das 10h, com diversas atividades. A Assufrgs estará rpesente no evento com gazebo montado, distribuindo materiais e conversando com a população. O sindicato está com uma campanha visual nas principais ruas de Porto Alegre, chamando as mulheres para o ato.

Convocamos toda a categoria para participar da mobilização. A concentração para a grande marcha inicia às 17h, com saída da Esquina Democrática. Vem pra luta!

GT Mulheres Assufrgs

No dia 08 de março o GT Mulheres da Assufrgs prepara intervenções visuais, em parceria com a Fasubra, em diversos campi da base do sindicato. O objetivo é conscientizar a comunidade da UFRGS e IFRS sobre a realidade das mulheres brasileiras.

Justiça para Marielle – 1 ano sem resposta

Dia 14 de março de 2019 marca o primeiro ano do brutal assassinato da vereadora do PSOL RJ e de Anderson Gomes, motorista que trabalhava com ela. Defensora incansável e destemida dos direitos das negras e negros, dos LGBTs, das mulheres e das comunidades de baixa renda, Marielle nasceu e se criou em um dos bairros mais pobres do Rio. Fazia uma campanha implacável contra a espiral de violência policial nas favelas da cidade, contra a intervenção militar de Michel Temer, em favor das vidas.

Marielle foi assassinada logo após sair de uma atividade na qual afirmava que mulheres negras movem estruturas. Além da lembrança da data no 08 de março, no dia 14 ocorre ato na Esquina Democrática, em Porto Alegre, a partir das 18h.

Violência contra a mulher

A violência contra a mulher no Brasil é ampla e está no centro da vida cotidiana das vítimas. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgados em 26 de fevereiro, ao menos 27% das mulheres do País sofreram algum de tipo de violência ou agressão. Mais: 80% desses crimes foram praticados por alguém próximo, como marido, namorado, pai, ex-companheiro ou até vizinho. E 40% dos casos aconteceram no interior da própria casa.

O levantamento fala em 4,6 milhões de mulheres agredidas (batidão, empurrão ou chute) no Brasil no último ano. São 536 mulheres por hora. Para violências de qualquer tipo são 16 milhões de mulheres – ou 1.830 vítimas por hora. O índice cresce mais quando falamos de assédio, que inclui cantadas, comentários desrespeitosos e/ou humilhação. Das entrevistadas, 37,1% afirmaram já ter vivenciado casos assim no último ano.

A relação íntima com os agressores se reflete, muitas vezes, na baixa denúncia. Menos da metade das mulheres procura algum tipo de ajuda para a violência sofrida, segundo a pesquisa.

 

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Fontes: Marilane Teixeira, professora de Economia e Relações do Trabalho do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas (Cesit-Unicamp), via SP Bancários; PSOL; e Carta Capital.