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CONSUN: Comunidade universitária cobra mais transparência, democracia e diálogo na gestão da UFRGS

A reunião do Conselho Universitário da UFRGS, na manhã desta sexta-feira (28), foi marcada por diversas intervenções que cobraram maior transparência e democracia na gestão da universidade. Conselheiros representando técnico-administrativos, estudantes e professores cobraram mais diálogo nas decisões administrativas, tanto da Reitoria, como da PROGESP. O ponto central do descontentamento da comunidade com a gestão se deve à falta de diálogo na implementação do sistema de ponto eletrônico, via login, à frequência dos trabalhadores, sob a luz da Instrução Normativa nº2, proposta pelo governo Temer. A IN 2 engessa as relações de trabalho na universidade.

Além da cobrança da comunidade universitária, também foi destaque nas falas do CONSUN a importância pelo fortalecimento da unidade entre os setores da universidade na luta contra a reforma da previdência, e dos cortes na educação pública.

A primeira intervenção que cobrou uma nova postura da administração foi de Rafael Berbigier. O Coordenador da Assufrgs Sindicato manifestou que os TAEs sofrem com a falta de transparência e diálogo. “A reitoria falta com respeito aos técnicos ao querer apressar a interligação do login com a frequência, tendo como alegação uma falsa pressão do Ministério Público e a IN 2. A verdade é que quando finalmente tivemos acesso ao processo do MP, verificamos que não existe pressão alguma. A decisão de implementar agora a interligação é da reitoria, não foi pedido pelo MP. Infelizmente a administração não foi honesta com a categoria e o sindicato. Temos na UFRGS uma gestão de pessoas autoritária, que implementa medidas autoritárias do governo federal. É necessária uma negociação efetiva com os técnicos, com mais democracia interna.”, concluiu.

A conselheira Ângela Fernandes da Silva, que compõem a atual gestão da CIS/UFRGS, também criticou a forma como a administração vem lidando com as relações de trabalho. “Vem de muito tempo a política de falta de diálogo da PROGESP: relatório de desempenho, impedimentos para flexibilização, login e agora a interligação. É ainda mais agravante nesta atual conjuntura, onde enfrentamos um governo que tem como plano o desmonte da universidade. Portanto não nos parece normal que a reitoria insista na implementação dos planos do governo federal, dentro da administração da UFRGS.”

Magali Menezes, vice-diretora da FACED, concordou com a colocação dos colegas técnicos ao criticar a falta de transparência da reitoria com a categoria, sobre os reais motivos para a implantação da interligação do login/frequência. “O conceito que dá base à democracia é o da ética. E um dos princípios da ética é a honestidade. Sem transparência, não existe democracia.”

Em determinado momento da reunião a vice-reitora, Jane Tutikian, afirmou que estaria ocorrendo uma narrativa dos fatos que não seriam reais e que se deveria olhar os documentos do processo do MP. Gabriel Focking, representante sindical da Assufrgs, rebateu a vice-reitora, afirmando que é necessária uma postura da administração que facilite que a comunidade possa fazer a defesa da universidade. “A vice-reitora afirmou aqui no CONSUN que precisamos olhar os documentos, mas foi exatamente isso que fizemos. Os documentos comprovam que a reitoria afirmou para o MP, ainda em março, que faria a interligação, sem sequer ter aberto essa informação para a comunidade interna. É a resposta da reitoria que criou o prazo, foi a reitoria que mostrou o interesse na interligação à luz da IN 2. Uma instrução, inclusive precaríssima, cheia de irregularidades. A gente quer um diálogo onde possamos ter certeza que a administração não está tomando medidas nas costas dos técnicos e da comunidade universitária. É preciso ter um diálogo interno sim, mas um diálogo que a gente não seja enganado o tempo todo.”

Tirza Drumond Ferreira, do DCE, manifestou pedido por mais democracia na UFRGS. “É engraçado ouvir a administração da UFRGS falar em defesa da democracia e internamente não termos paridade e perceber, como relatado aqui, que a administração ataca os trabalhadores que constroem a universidade. Os estudantes se solidarizam em defesa dos trabalhadores, contra o descaso e a forma com que estão sendo tratados.”

O apoio aos trabalhadores também foi frisado na fala do estudante conselheiro, Vinicius Stone Silva, que faz parte da coordenação da APG. “A reitoria deve exercer a sua autonomia e não deve acatar cegamente toda e qualquer decisão ruim que venha do governo. Ainda mais se essa decisão fragiliza a defesa da universidade pública” Os estudantes Patrick Silva e Sarah Domigues, do DCE, também manifestaram pedido por mais diálogo na universidade. “Temos unidade para repudiar as ações autoritárias da PROGESP e Reitoria”.

Frederico Bartz, coordenador da Assufrgs, afirmou que a UFRGS replica em sua administração o que chama de “vírus do ódio patronal contra o papel social do trabalhador”. “Desde 2015 temos o ponto eletrônico, agora a interligação desse sistema com a frequência é mais um modo de controle do trabalhador impedindo a atividade sindical e essa organização social do trabalhador.” Márcia Tavares, da coordenação da Assufrgs, pediu por maior solidariedade de classe dentro da universidade. “Somos todos trabalhadores e precisamos nos solidarizar com as especificidades do trabalho de todos aqui dentro.”

Charles Almeida, coordenador da Assufrgs lamentou o momento atual da gestão da universidade. “As palavras ‘autonomia’ e ‘diálogo’ estão sendo usadas de maneira vazia pela administração. Diálogo é troca, porém o que a reitoria chama de diálogo, são apenas comunicados de decisões tomadas em outras instâncias. Essa medida da interligação impacta no cotidiano da universidade. A maneira como se deu esse processo caracteriza um desrespeito aos trabalhadores e com o sindicato que os representa.”

Bete Burigo, professora da UFRGS, coordenadora do ANDES também mostrou solidariedade aos TAEs. “Não é possível que a unidade em defesa da universidade não se reflita dentro das relações de trabalho na universidade. Um diálogo verdadeiro, com transparência, é essencial para que se construa uma universidade democrática.”

Os membros do CONSUN também lembraram dos 50 anos da revolução de Stonewall, que foi um marco na luta global pelos direitos da comunidade gay. O dia 28 de junho é marcado como o dia internacional do orgulho LGBTQ+ e se reflete em diversas unidades da UFRGS que abraçam e manifestam apoio á comunidade LGBTQ+ da universidade. Outros pontos abordados foram pedidos de mais transparência nas verbas dedicas às políticas de permanência estudantil.

Ao final do CONSUN a bancada dos TAEs gravou um vídeo com o relato da reunião. Confira: