Comunidade da UFRGS debate, no Salão de Atos, a PARIDADE na consulta para Reitor
Na manhã desta quarta-feira (18) a comunidade da UFRGS esteve reunida para debater a consulta para Reitor na universidade. A Assufrgs Sindicato convocou os ténico-administrativos a PARALISAR as atividades para participar do evento. A mesa, realizada no Salão de Atos, foi composta por representantes da Assufrgs, APG, ANDES, Adufrgs, UNE, DCE e Andifes.
Gustavo Balduino, secretário executivo da Andifes, iniciou a conversa destacando que o “momento não é favorável para qualquer iniciativa via parlamento que venha a pedir alteração nas regras eleitorais para as reitorias das instituições federais. A construção deve ser feita por cada universidade, respeitando a sua autonomia. Os debates devem ouvir a comunidade, sem perder de vista que existem atores externos”.
Sarah Domingues, representando a UNE, destacou as mais de 30 universidades que já elegem a sua lista tríplice para Reitor via consulta paritária. “A UFRGS está ficando para trás. Precisamos criar ferramentas institucionais que façam com que técnicos e estudantes se sintam responsáveis pela escolha de sua reitoria. Sem representatividade real não teremos força para defender a universidade”, concluiu. O resto da mesa também pontuou preocupação com o modo autoritário com que o governo Bolsonaro vem lidando com a escolha dos reitores. O atual governo federal já interveio em metade das universidades que tiveram eleições para reitor em 2019, não respeitando a decisão das comunidades universitárias.
Ana Paula Santos, do DCE, disse que o atual peso dos votos “não é democracia. Muitas vezes quem tem mais votos não é nem o primeiro da lista tríplice. Não podemos repetir os vícios do passado. Todas as vezes que construímos juntos, com representação real da nossa comunidade, tivemos os melhores resultados, como o dia histórico do CONSUN aberto, neste mesmo Salão de Atos, que rechaçou o Future-se”.
Rodrigo Fuscaldo, representando a APG, afirmou que também é necessária “paridade nos órgãos colegiados. Atualmente estudantes têm representatividade numérica muito baixa. Esse regime – 70/15/15 – é onde reside a fraqueza da nossa universidade. Nosso voto não vale nada. A chapa mais votada pelos estudantes, na eleição passada, não foi eleita. Fica difícil que a comunidade defenda a universidade diante de uma intervenção. Pra ter a defesa do reitor é preciso paridade.” O estudante ainda conclui que é “inaceitável ter professores que defendam a democracia para fora dos muros da universidade, são contra a reforma da previdência e a PEC do Teto de Gastos, mas internamente defendem o 70/15/15.”
A professora Rúbia Vogt, representando o ANDES, deixou claro que o posicionamento nacional do sindicato é pela defesa da Paridade na consulta para as reitorias. “O ANDES tem construção consolidada sobre isso, construída com escuta das bases. Somos favoráveis à paridade. É ela que vai garantir a legitimidade e a defesa do pleito. É uma pena que ainda estamos discutindo paridade, um assunto já resolvido em outras instituições do país, quando poderíamos estar preocupados com a falta paridade de gênero nas instâncias da UFRGS”.
Rafael Berbigier, coordenador da Assufrgs Sindicato, ressaltou a importância dos três seguimentos para a universidade. “Fico feliz em ver que existe por parte da maioria das entidades representativas um consenso pela necessidade da paridade na UFRGS. Sem estudantes não haveria técnicos e professores. Os estudantes são a razão da existência dessa instituição. E sem técnicos a qualidade de ensino não seria de excelência como conhecemos.”
Berbigier ainda destacou a questão jurídica da paridade. “A paridade é legal. O próprio MEC em nota técnica deste ano afirmou que a paridade é válida. Diversas instituições federais já elegem seus reitores de maneira paritária, com base na autonomia, garantida pela Constituição Federal. Fica claro que o assunto não é jurídico. É uma questão política. Vamos ter disposição política dentro da UFRGS ou vamos continuar com uma universidade que desrespeita os técnicos e estudantes? Nós não valemos só 15%. Valemos, no mínimo, a paridade. Paridade já!” Em coro, a plateia seguiu o chamado e gritou por paridade na UFRGS.
A mesa encerrou com o professor Lúcio Vieira, representando a Adufrgs. Segundo ele, o sindicato realizou uma pesquisa online indagando se a categoria concordava com o 70/15/15. O resultado da pesquisa foi positivo para a atual percentagem. Lúcio destacou que a democracia na UFRGS vai além da paridade na consulta para reitoria e se estende também ao acesso de mais estudantes na universidade.
Após as falas da mesa, o microfone foi aberto para debate. A posição da Adufrgs foi amplamente criticada por professores, estudantes e técnico-administrativos em educação que fizeram uso da palavra. Foi consenso entre os presentes que o assunto deve ser amplamente debatido e que se faz mais do que necessária a PARIDADE na consulta para Reitor da UFRGS, como forma de valorizar estudantes e técnicos, e para fortalecer a defesa da instituição em tempos de um governo autoritário, que assume uma postura inimiga à educação pública.
Ao final do encontro, a mesa do debate prometeu que o assunto da paridade voltará à ser discutido no início do ano letivo em março, com encontros descentralizados que serão chamados pela administração e que será construído um documento, com posicionamento de todas as entidades representativas da comunidade da UFRGS. O texto deve ser lançado na segunda quinzena de fevereiro.
Confira o debate na íntegra: