2019 é marcado pela forte resistência dos trabalhadores e estudantes

Fazer uma retrospectiva do ano de 2019 é um trabalho árduo. Qualquer brasileiro meramente informado se viu estarrecido com notícias preocupantes. Da aprovação da Reforma da Previdência, que deixará milhões de brasileiros sem aposentadoria, ou com menos dinheiro no bolso ao se aposentar, ao contingenciamento de verbas das universidades, Institutos Federais, ciência e pesquisa. O ano foi de graves ataques à democracia e aos direitos da população, mas também foi de muita luta e resistência dos trabalhadores, com destaque para os estudantes e também os técnico-administrativos em educação.

Bolsonaro e o governo do caos

Bolsonaro seguiu à risca o que prometia em campanha e teve um primeiro ano à frente do governo federal com muita ideologia de extrema-direita, resultando em enormes prejuízos para a população. Não teve sequer um setor que se salvasse, do aumento à violência policial contra a população negra e periférica, ao descaso no Meio Ambiente, que resultou em queimadas e desmatamentos históricos na Amazônia, à falta de resposta para conter o “ainda inexplicável” vazamento de óleo no litoral do Brasil e a liberação a rodo de agrotóxicos, maior número da história, envenenando a comida dos brasileiros.

No setor dos direitos trabalhistas, o ataque foi profundo, com a aprovação da Reforma da Previdência que, mesmo “desidratada” devido à luta dos trabalhadores conta a PEC, prejudicará milhões. Teve ainda o programa “Verde e Amarelo”, um conjunto de retrocessos que retira dos mais jovens vários direitos trabalhistas, em troca de uma promessa vazia de geração de mais empregos precarizados. Ao final do ano, Bolsonaro ainda apresentou um projeto de lei que tira das empresas a obrigação de contratar pessoas com deficiência e extinguiu diversos cargos públicos, inclusive do nosso PCCTAE.

Foi depois da Reforma da Previdência que o ataque contra a soberania e os serviços públicos iniciou com maior ênfase. O leilão internacional do Pré-Sal, mesmo fracassado, a venda da Embraer, o projeto Future-se nas universidades, e as tentativas de iniciar o processo da venda da Eletrobrás, são ações que deixam claro a proposta deste governo: vender e desmontar o máximo do estado brasileiro. E com ele a soberania do país.

Repare que sequer entramos no mérito do envolvimento da família Bolsonaro com as milícias e o assassinato de Marielle Franco e o avanço do autoritarismo com os rompantes ditatoriais do presidente, seus familiares e equipe com ameaças de retorno de um AI-5, momento mais duro da Ditadura Militar do Brasil. É claro que tamanho desgoverno, mergulhado em péssimas propostas, que só pioram a vida da população, e que flerta com autoritarismo e extremismo religioso, só poderia refletir em aumento da desigualdade, milhões de desempregados e recorde do valor do dólar em relação ao real. A disparada dos preços dos alimentos, do gás de cozinha e da gasolina também são fortes indicativos sobre o grave momento dos brasileiros.

2019 foi um ano de resistência

Se por um lado estamos com um governo que tenta empurrar “goela abaixo” uma política neoliberal desastrosas, por outro, os trabalhadores e estudantes organizados conseguiram mostrar força nas ruas do país. Os “tsunamis da educação” levaram milhares às ruas nos dias 15 e 30 de maio e 13 de agosto. No dia 14 de junho ocorreu uma greve geral contra a Reforma da Previdência, importante movimento para conter alguns danos do plano inicial do governo com a PEC. A capitalização, modelo adotado no Chile, não vingou.

No RS, o final do ano ainda prometia uma greve histórica dos servidores públicos do estado contra o pacote de maldades do governo de Eduardo Leite. Localmente foi criada uma Frente de Servidores Públicos do RS, abrangendo servidores municipais, estaduais e federais contra as políticas de Marchezan/Leite/Bolsonaro.  Uma frente de luta histórica que realizou diversos atos unitários e gigantescos.

A Assufrgs Sindicato esteve presente nessa resistência e foi parte importante na construção e no chamado de sua categoria aos atos nacionais. Os Técnico-Administrativos em Educação da UFRGS, UFCSPA e IFRS aderiram a todas as datas em conjunto com os estudantes, à Greve Geral e aos atos unitários dos servidores gaúchos.

A Assufrgs ainda travou ao longo de 2019 uma forte batalha interna na UFRGS, em defesa da liberdade sindical, ameaçada com a interligação entre login e frequência e a implementação das Instruções Normativas nº1 e nº2, que querem engessar o trabalho da nossa categoria e foram herança do apagar das luzes do governo Temer. Ao final do ano, demos um importante passo ao deixar claro, em unidades com demais seguimentos da UFRGS em evento no Salão de Atos, que a comunidade universidade cansou do atual sistema 70/15/15 para a consulta à Reitoria. Chegou a hora da PARIDADE!

Ainda em 2019, tivemos que encarar a MP nº 873, que tinha como objetivo proibir os sindicatos à descontar a mensalidade dos colegas filiados via contracheque. A MP não vingou, mas foi forte indicativo de que o governo está disposto a encontrar formas de desestabilizar os sindicatos do serviço público, espaços importantes para a resistência contra a retirada de direitos da população brasileira.

Os últimos dias do ano ainda revelariam dois fortes ataques aos serviços públicos: o Decreto 10.185 que proíbe concurso público para 68 cargos TAEs e extingue mais de 27 mil cargos federais e a MP 914/2019, que acaba com a paridade nas universidades, impondo o 70/15/15, inclusive aos Institutos Federais. O texto acaba ainda com a eleição para diretores de unidades.

Em 2020, sabemos que os ataques serão intensificados. O Plano Mais Brasil, apresentado ao final desse ano, com um conjunto de PECs pretende acabar com o mínimo previsto de investimento em saúde e educação e cortar direitos dos servidores públicos. Vem aí também a Reforma Administrativa, que aprofundará ainda mais o ataque à nossa carreira. Bolsonaro já anunciou que irá fortalecer o núcleo mais fanático do governo, com a criação do “Aliança Pelo Brasil”, partido nitidamente fascista, que flerta com o fanatismo religioso e que menospreza a democracia. Será necessário que a população intensifique a resistência para defender o Brasil da destruição imposta pelo governo Bolsonaro. Conte com a Assufrgs Sindicato para essa batalha!

GALERIA DE FOTOS DA RETROSPECTIVA 2019

Confira abaixo uma galeria de fotos que faz uma retrospectiva de algumas das atividades que a Assufrgs Sindicato realizou e participou ao longo de 2019:

Janeiro

Em 24 de Janeiro, no Dia Nacional dos Aposentados, a Assufrgs Sindicato realizou uma confraternização dos aposentados da categoria, onde também foi debatido os impactos da Reforma da Previdência.

Ao final do dia 24 de janeiro a Assufrgs participou de uma manifestação na Esquina Democrática contra a extinção do INSS e da Previdência Pública.

Fevereiro

No dia 06 de fevereiro a Assufrgs realizou a primeira Assembleia Geral da categoria em 2019, na Sala 102 da Faced/UFRGS. Debatemos a Reforma da Previdência e o impacto das Instruções Normativas na jornada dos técnico-administrativos.

No dia 14 de fevereiro um novo ato unitário dos trabalhadores contra a Reforma da Previdência ocorreu na Esquina Democrática. Assufrgs marcou presença.

Março

No dia 08 de março o Largo Glênio Peres foi palco de uma grande atividade em defesa das mulheres, as principais atingidas pela Reforma da Previdência. A data também teve alusão à Marielle Franco e à violência contras as mulheres. Assufrgs marcou presença com uma banca do sindicato e participou do ato na Esquina Democrática.

No dia 20 de março a Assufrgs lançou mais um canal de comunicação com os filiados e comunidade: o Podcast da Assufrgs. Ao longo do ano foram 08 episódios que abordaram temas como a Reforma da Previdência, as políticas afirmativas na universidade e a greve geral de 2019. Entrevistamos nomes como Guilherme Boulos, Cid Benjamin, Marilinda Fernandes, Marcus Vinicius de Freitas Rosa, Iosvaldyr Carvalho Bittencourt Junior, entre outros. Os episódios estão disponíveis no Spotify ou na página da Assufrgs -> assufrgs.org.br/podcastassufrgs/

O dia 22 de março foi marcado como Dia Nacional de Luta contra a Reforma da Previdência e a Assufrgs Sindicato convocou PARALISAÇÃO na UFRGS, UFCPSA e IFRS, a primeira do ano. A Assembleia Geral da categoria lotou a Sala 102 da Faced, a categoria ainda seguiu em caminhada pelas ruas do centro, realizando panfletagem para a população e participou do ato unitário na Esquina Democrática.

Abril

No dia 08 de abril realizamos uma Assembleia Ato em frente à FACED, em defesa do sindicato. Na época havia sido lançada a MP 873, que proibia os sindicatos de descontarem a mensalidade dos filiados via contracheque, após muita luta a MP não vingou, mas sinaliza até hoje a vontade do governo em prejudicar nossa luta.

A Feira de Páscoa da Assufrgs rolou de 10 a 18 de abril nas sedes centro e vale.

Durante o mês de abril a Assufrgs realizou uma série de atividades descentralizadas para debater os impactos da Reforma da Previdência. Tivemos atividades em diversos campi do IFRS, da UFRGS e na UFCSPA. No dia 24 de abril foi o Dia Nacional de Mobilização pela Educação e para marcar a data a Assufrgs Sindicato realizou um seminário sobre a Instrução Normativa Nº 2, na FACED.

Maio

No dia 01º de maio, a Assufrgs participou em peso do ato unitário do dia do trabalhador, que teve concentração na rótula das cuias e caminhada na Orla do Guaíba, encerrando em frente à Orla Moacyr Scliar (Gasômetro).

O dia 15 de maio foi histórico. A primeira grande “Tsunami da Educação” lotou as ruas das principais cidades do país em defesa da educação pública. Estudantes e trabalhadores saíram as ruas contra o contingenciamento de verbas proposto pelo MEC. Em Porto Alegre a Assufrgs chamou concentração em frente ao IFRS, junto com a comunidade da instituição. Teve concentração e ato no campus centro da UFRGS e em frente ao Instituto de Educação e caminhada pelas ruas do centro da cidade à tarde e ao final do dia.

No dia 30 de maio saímos novamente as ruas do país pela defesa da educação pública, das universidades e Institutos Federais! Mesmo debaixo de forte chuva, no final do dia, Porto Alegre teve uma caminhada ainda maior. Os dois dias de luta nacional foram fundamentais para que o projeto Future-se não conseguisse avançar, até então sem sinais de ser aprovado, e para que as verbas contingenciadas, fossem devolvidas ao longo do ano.

Junho

No dia 12 de junho a Assufrgs convocou o ADESIVAÇO NO LOGIN DA UFRGS! O protesto lúdico foi contra a interligação do login com a frequência. A ação teve forte adesão dos colegas da categoria e mostrou a insatisfação dos trabalhadores da universidade com a decisão da administração central.

A GREVE GERAL de 2019 ocorreu no dia 14 de junho. Nossa categoria aderiu ao movimento paredista que tinha como pauta central o rechaço à Reforma da Previdência. A mobilização nacional foi exitosa ao fortalecer a indignação dos trabalhadores e sociedade, o que garantiu recuos importantes na reforma em sua tramitação no Congresso Nacional.

No dia 19 de junho a Assufrgs realizou em frente à Reitoria uma Assembleia contra a interligação do login com a frequência. A implantação se deu sem diálogo e sem esclarecimento da categoria, por meio de comunicados formais e vagos da PROGESP.

Julho

No dia 02 de julho, em diversos aeroportos do país as centrais sindicais pressionaram os deputados contra a Reforma da Previdência.

No dia 08 de julho ocorreu no auditório da Assufrgs Sindicato uma Festa Junina. Além de comes e bebes típicos da festa, foi realizada uma atividade física, ministrada pelo professor de dança, educação física e mestre de capoeira Ratinho.

O dia 12 de julho foi a nova data unitária das centrais sindicais em defesa da aposentadoria pública. A data teve atos, assembleias e manifestações nas principais cidades do país. A Assufrgs Sindicato convocou Assembleia Geral, em frente à FACED.

Agosto

No dia 11 de agosto iniciou a caravana da Assufrgs para participar da marcha das Margaridas 2019 e do Encontro de Mulheres da Fasubra

No dia 13 de agosto ocorreu em Brasília a Marcha das Margaridas 2019. Caravana da Assufrgs participou da luta!

O dia 13 de agosto marcou também o terceiro ato nacional da educação. Assufrgs convocou nova PARALISAÇÃO na UFRGS, UFCSPA E IFRS. Foi a quarta data no ano que Porto Alegre registrou uma gigantesca mobilização nas ruas da cidade. Pela manhã ocorreu aula aberta em frente à FACED. À tarde a comunidade universitária realizou caminhada até o centro da cidade, onde ocorreu um ato unitário e marcha ao final do dia.

Em 16 de agosto a UFRGS registrou um momento histórico da sua comunidade. Em sessão aberta do CONSUN o Salão de Atos da UFRGS ficou lotado de estudantes, professores e Técnico-Administrativos que disseram NÃO à proposta do Future-se.

Setembro

No dia 24 de setembro ocorreu novo ato das centrais sindicais e movimentos sociais, tendo na pauta o rechaço à Reforma da Previdência, o repúdio aos incêndios na Amazônia e o fim dos cortes na educação pública.

No dia 26 de setembro a comunidade da UFRGS realizou uma Assembleia Geral em frene à FACED para tirar novamente uma decisão contrária ao Future-se.

Outubro

O mês iniciou com uma GREVE NACIONAL da EDUCAÇÃO, que eve duração de 48h, nos dias 02 e 03 de outubro. Nossa categoria aprovou ESTADO DE GREVE por tempo indeterminado como forma de manter os colegas em alerta aos avanços dos ataques contra o serviço público e as universidades e Institutos Federais. Os estudantes da UFRGS realizaram um evento no Largo Glênio Peres, onde mostraram para a sociedade o que é produzido de pesquisa e conhecimento dentro da instituição.

No dia 19 de outubro aconteceu a Festa do Dia das Crianças da Assufrgs. Com entrada franca o evento juntou centenas de crianças e familiares da categoria na Sede Campestre do sindicato. Brinquedos gigantes e recreação foram os pontos altos da festa.

Nos dias 24 e 25 de outubro ocorreu o VI Encontro Nacional de Aposentados, Aposentandos e Pensionistas da FASUBRA Sindical, realizado no Teatro dos Bancários, em Brasília/DF. O evento tratou dos principais assuntos que afligem os servidores públicos atualmente, além dos ataques em curso do governo Bolsonaro.

No dia 25 de outubro ocorreu uma vigília em frente ao Centro Cultural da UFRGS, onde iria ocorrer uma sessão do CONSUN. O motivo da mobilização da comunidade foi a pauta do Future-se ter retornado ao Conselho Universitário para uma nova “avaliação”.

Novembro

De 01º a 11 de novembro ocorreu o XV° Encontro de aposentados e pensionistas da ASSUFRGS, na Colônia de Férias do sindicato, em Garopaba/SC.

14 de novembro foi um novo DIA DE PARALISAÇÃO na UFRGS, UFCSPA e IFRS. A data foi o primeiro dia de movimento unitário da Frente Servidores Públicos do RS, composta por trabalhadores das três esferas. O objetivo do dia de lutas foi barrar os retrocessos de Bolsonaro, Leite e Marchezan. Em Assembleia Geral a Assufrgs decidiu pela manutenção do estado de greve da categoria.

No dia 21 de novembro ocorreu a vernissage da exposição” 2º Edição Neros e Negras que Constroem a UFRGS, UFCSPA e IFRS”. Com o objetivo de valorizar os TAEs negros da base da Assufrgs a mostra itinerante teve sua primeira semana de exibição no saguão da FACED.

Nos dias 26 e 27 de novembro ocorreu mais uma PARALISAÇÃO NACIONAL da categoria, chamada pela Fasubra. Localmente, realizamos uma Assembleia geral histórica que lotou o saguão do IFRS PoA, tivemos caminhada com panfletagem nas ruas do centro e durante à tarde aderimos ao segundo dia de atos unitários dos servidores públicos do RS. A data marcaria também o início da greve por tempo indeterminado de diversas categorias do funcionalismo estadual, em apoio aos professores estaduais já em greve.

Dezembro

No dia 09 de dezembro foi inaugurada a exposição sobre Julio da Silveira. Proposta pelo projeto Memória da Assufrgs, a mostra o Memorial da Escola de Engenharia da UFRGS, e abordou a trajetória do responsável pela formação da Cooperativa da Escola de Engenharia, fundada em 1921. A fala de abertura contou com o coordenador responsável pela exposição, Frederico Duarte Bartz, a coordenadora Marlise Paz, o Diretor da Escola de Engenharia Professor Luiz Carlos Pinto, e o neto de Julio, Paulo da Silveira.

A festa de final de ano da Assufrgs aconteceu no dia 14 de dezembro. Teve samba, galeto, chope e muita diversão na Sede Campestre do sindicato.

No dia 17 de dezembro a Assufrgs participou da grande caminhada em defesa defesa dos servidores públicos do estado! Nessa manhã os estaduais realizaram marcha pelas ruas de Porto Alegre e Assembleia Geral na Praça da Matriz, com o objetivo de barrar o pacote de medidas de Eduardo Leite.

No dia 17 ocorreu reunião do GT Anti-Racismo, onde fizemos uma avaliação das ações do mês da consciência Negra, sistematização das ações para 2020 e Rumos da universidade/ IFs e acesso da população Negra à educação superior pública, gratuita e de qualidade e as influências do pacote anticrime do Moro. Contribuiu com nosso debate o Professor Marcus Vinícius de Freitas Rosa, docente da UFRGS.

Em 18 de dezembro a categoria realizou mais um dia de PARALISAÇÃO na UFRGS. Dessa vez a agenda foi para debater sobre a consulta para Reitor na universidade. A comunidade universitária esteve reunida no Salão de Atos para discutir a PARIDADE. A ampla maioria das falas durante o evento defenderam a paridade. Discussão deve refletir em um documento com a posição da comunidade, em fevereiro, e debates descentralizados a partir de março. Democracia começa em casa! PARIDADE já!