Hospitais Universitários do país relatam falta de orientações, testes e EPIs

Falta de EPIs, testes em profissionais da saúde e condições adequadas de trabalho expõe trabalhadores dos Hospitais Universitários do país. Há relatos em São Paulo, Porto Alegre e outras cidades.

A Assufrgs Sindicato e Fasubra Sindical receberam denúncias de que trabalhadores da saúde, que atuam nos Hospitais Universitários (HUs), estão sendo expostos ao vírus por falta de equipamentos e condições de trabalho adequadas desde o início da pandemia.

A situação no Hospital de Clínicas de Porto Alegre

Existe apreensão entre os trabalhadores do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. A Assufrgs Sindicato recebeu relato de falta de testes periódicos nos trabalhadores que possam ter sido expostos, além de falhas no procedimento de isolamento. Como os testes demoram a sair, profissionais seguem trabalhando sem terem a confirmação de estarem, ou não, infectados.

A Assufrgs Sindicato informa que a administração do Clinicas deve adotar todas as medidas para resguardar a vida dos trabalhadores da saúde, incluindo EPIs, testagem e isolamento de casos suspeitos. Considera importante que a gestão do hospital tenha clareza na comunicação com os trabalhadores, informando o que está sendo feito para manter o ambiente em condições adequadas de trabalho, saúde e segurança.

É preciso que seja informado, com clareza:

  1. quais são os procedimentos internos de saúde e segurança;
  2. se há, ou não, entendimento sobre a testagem e isolamento imediato de trabalhadores que possam ter sido infectados pela COVID-19;
  3. os prazos e dificuldades em relação a possível falta de equipamentos (EPIs, respiradores, etc…);
  4. reforço na orientação a todos os trabalhadores, sobre a maneira correta do uso dos EPIs, relembrando as questão técnica de manuseio correto destes materiais.
  5. qual o suporte psicológico aos trabalhadores que estão em momento de forte pressão;

Não podemos esquecer que o trabalhador de saúde é afetado pela pandemia duas vezes, além dos riscos de exposição, esse indivíduo enfrenta uma jornada extremamente estressante e em momento de forte pressão e instabilidade social, precisando ficar isolado de sua própria família. É necessário, acima de tudo, cuidado com os profissionais de saúde e fornecer a eles o melhor e mais seguro ambiente de trabalho possível.

O Sindisaúde RS, que representa a maioria dos trabalhadores do Clínicas, ingressou na justiça contra o hospital, no último dia 03 de abril. O sindicato estadual cobra estoque de EPIs para todos os trabalhadores, além do afastamento imediato dos colegas em grupo de risco.

Preocupação se espalha em outros HUs do país

Em um hospital público de grande porte de São Paulo, profissionais da enfermagem também estão apreensivos, lá existe falta equipamentos adequados e também falta o mínimo de organização. Demoram a isolar pacientes internados que ainda não têm o resultado do exame e, com isso, sem saber se é positivo ou não, os profissionais acabam se expondo mais do que deveriam porque não têm EPI adequado.

Após o resultado do exame dos pacientes, quando o diagnóstico é positivo esses profissionais não conseguem a devida assistência e continuam a trabalhar sem saber se foram contaminados ou não. Isso gera uma preocupação extrema de estarem espalhando o vírus a outros pacientes e até mesmo a familiares quando retornam para casa. Outra queixa é a falta de acolhimento, quando estão sintomáticos e não conseguem sequer realizar exames por falta de testes. Na maioria dos casos, somente ocorre a dispensa para a quarentena.

Os 45 Hospitais Universitários (HUs) de todo o país estão recebendo e tratando a população infectada pelo coronavírus, pois possuem competência para atendimentos de alta complexidade e muitos são referência, com profissionais especializados para situações de risco à saúde pública. Mas por serem 100% SUS (Sistema Único de Saúde), sofrem com a crescente falta de investimentos em saúde e educação, consequências da EC 95. Muitos estão sucateados, com carência de profissionais, materiais, leitos e condições de trabalho precarizadas.

Defesa da educação e saúde públicas

A Assufrgs Sindicato, junto com a Fasubra Sindical, também defende que toda a classe trabalhadora dos hospitais tenha direito a se proteger e apoia as servidores e servidores públicos do grupo de risco (portadores de doenças crônicas ou graves e imunodeficientes) que ainda se encontram nos hospitais trabalhando. Informa que tomará as medidas cabíveis para garantir as dispensas.

Algumas ações da Justiça nesse sentido têm tido ganho de causa, a exemplo da recente decisão judicial que intimou a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) e a Universidade Federal Fluminense (UFF) a garantir a liberação voluntária para atividade remota a todos os servidores que se encaixam no grupo de risco e que “apreciem imediatamente os pedidos dos profissionais de serviços essenciais do amplo grupo de risco, vinculados ao HUAP/UFF, admitindo os que não prejudiquem, de imediato, a continuidade do referido serviço essencial”.  A ação foi impetrada pelo SINTUFF – Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal Fluminense.

É urgente valorizar o SUS, os Hospitais Universitários e seus profissionais, assim como todo o serviço público. Todos os profissionais de saúde devem ter condições de trabalho adequadas, sem correr risco de morte e colocar em risco a saúde de seus familiares.

Todas as vidas importam!