“Brasil é o país onde mais morrem servidores públicos que estão na linha de frente contra a pandemia”, alerta Paim
Em mais uma transmissão ao vivo, a ASSUFRGS Sindicato discutiu os impactos do Coronavírus para os servidores públicos. Dessa vez o convidado foi o senador Paulo Paim, entrevistado pela Coordenadora da ASSUFRGS, Berna Menezes.
Em sua participação, o senador deixou claro a preocupação com o momento atual vivido pelo país. “O Brasil vive, desde as diretas, a pior crise política da sua história recente. Na constituinte garantimos o SUS, que hoje tem salvado milhões de vidas, que infelizmente com a EC 95, está sendo sucateado. Brasil é o pais onde mais morrem servidores que estão na linha de frente da luta contra a pandemia. Superou Itália e Espanha juntos. Falta de EPIs, de condições adequadas de trabalho, até para deslocamento de volta para casa. O pessoal da segurança é todo servidor, muitos dos garis também são, médicos e enfermeiros na linha de frente. Aqueles que sempre defenderam o estado minimo vão nos engolir. Toda essa linha de frente que está no combate no Brasil são servidores públicos. Essa crise da pandemia não vai terminar em um e dois meses. Vão voltar as aulas. Quem vai estar recebendo os milhões de alunos de todo o país? Os professores da educação pública.”
“Vamos chegar a mais de 20 milhões de desempregados, há quem fale em 25 milhões. É esse cenário que estamos vivendo. Os próprios servidores me ajudaram a formular o que direi: não fiquem apenas chamando os servidores de heróis, queremos saber como ficam os direitos destes trabalhadores. Tenho falado isso no Congresso. Uma das coisas fundamentais é a questão dos EPIs, até hoje faltam para os servidores públicos da saúde. Falta jornada de revezamento, como deixar os servidores mais de 12 horas expostos em uma UTI? Tem que ter transporte para levá-los pra casa ou quarto de hotel para eles ficarem em isolamento de suas famílias”, defende o senador.
Segundo o senador Paim, uma das grandes dificuldades atuais do Brasil é a inércia do executivo na contratação de trabalhadores para a linha de frente ao combate à pandemia. “O Brasil vive ainda a falta de médicos e técnicos, de enfermeiros. Recebi uma carta dos médicos cubanos que ainda estão no Brasil. Dos 2000, que seguem no país, contrataram apenas 500. Não é hora de disputa ideológica. Não quero saber se o médico é cubano ou dos EUA, quero que esteja trabalhando para salvar vidas. Vamos olhar para os profissionais que já estão no Brasil. Por que não reconhecer o Revalida para estes que estão na expectativa de serem aprovados? Milhares de médicos esperando para serem chamados. Os estagiários da saúde que têm bolsas que não recebem. O Congresso está votando muito e tem que votar! O executivo não se mexe! Olha, parecia um filme de terror aquela reunião ministerial. Nunca vi nesses 40 anos que estou aqui um besteirol tão grande. Vi uma ofensa ao meio ambiente, ao povo brasileiro, à democracia, ao STF. O mundo todo viu aquele vídeo. Qual a opinião internacional? Por isso que o Brasil está na situação que se encontra.”
Sobre o auxílio emergencial, o senador afirmou: “Queremos ampliar o auxilio emergencial até o fim do ano. A palavra é prevenir. O Data Senado fez uma pesquisa: 91% é favorável que se amplie o auxílio emergencial. O projeto está tramitando. O seguro desemprego também, 76% a mais de pedidos nesse período de pandemia. Onde essas pessoas vão procurar emprego se a economia está quebrada?”
Para a Coordenadora da ASSUFRGS “os servidores estão no limite. A população nos apoiando, mas o governo nos tratando da maneira que o Guedes nos trata. Nossa categoria, dos Técnico-Administrativos em Educação, está três anos sem aumento, quase quatro, seriam mais dois anos. Não teria problema, se fosse um esforço nacional, para defender um projeto político em defesa do Brasil, porque nós defendemos a universidade pública. Mas o esforço não é de todos. Foram destinados mais de R$1,2 trilhões para os banqueiros, e para os servidores é congelamento e xingamentos de parasita?”
Paim completou afirmando que “as universidades cumprem um papel fundamental. Os estudantes foram para a rua ano passado, em uma multidão, conseguindo fazer o governo dar uma recuada e não cortar tudo que iria cortar na educação pública. Se não fossem os estudantes e servidores das universidades. estamos um momento muito difícil é inegável que o congresso é conservador. Infelizmente a correlação de forças, hoje no Congresso Nacional, não é muito boa. Porém temos um acordo de votar somente matérias que tenham relação direta com a pandemia, claro que tentam sempre colocar alguma questão como o Future-se. Mas vejam, são várias propostas que tramitam hoje que retiram direitos dos servidores como a PEC da reforma administrativa, que está para vir. A PEC 182, que promove redução temporária da jornada e salário em 25%. Esta já na CCJ. A PEC 186 que também promove redução temporária de jornada e salário, a PEC 188 também visando a redução de jornada e de salario. A 711 regulamenta negociação dos erviço público. A PL 376, sobre o direito de greve dos servidores públicos, que quero ser relator. A PL 116, demissão de servidor por desempenho insuficiente. e diversas outras”, alerta.
Confira a íntegra da conversa entre a Coordenadora da ASSUFRGS, Berna Menezez e o senador Paulo Paim: