Notícia

“Estou saindo da Coordenação da ASSUFRGS, não da luta” – carta do ex-coordenador Silvio Corrêa

A Coordenação da ASSUFRGS lamenta o afastamento do colega Silvio Corrêa, um ferrenho defensor da Universidade e da categoria dos técnico-administrativos em educação, mas compreendemos sua decisão. Este momento de pandemia nos leva a pensar na importância de cuidar e estar próximo daqueles que amamos e muitas vezes abrimos mão desses momentos valiosos em nome da necessária luta por um mundo mais justo e igualitário. Sabemos que, mesmo afastado na coordenação, ele seguirá na luta conosco, como sempre esteve.

Somos uma coordenação que é um processo de unidade na prática entre diferentes organizações e colegas independentes, por isso convivemos de forma tranquila com as divergências, que procuramos superá-las na base da construção de consensos. Longe de ser um problema, as diferenças qualificam as nossas decisões, pois refletem diferentes posições que temos na base. 

Desejamos o melhor ao colega Silvio, sabendo que, se perdemos uma figura importante da coordenação, ganhamos outra grande companheira de lutas, a Antonieta Xavier, Totô. Sua entrada formal ainda vai passar pela necessária aprovação da categoria, mas sabemos do seu inegável reconhecimento na base como uma lutadora valorosa.

Coordenação ASSUFRGS Sindicato

ESTOU SAINDO DA COORDENAÇÃO DA ASSUFRGS, NÃO DA LUTA.

Acredito ser necessária uma explicação dos motivos que me levam a tomar esta decisão:

1. Completei 61 anos em 18/04/2020, nesta data tínhamos perdido para o covid-19 em torno de 2141 vidas de entes queridos, hoje já são 46000 vidas perdidas, dados com subnotificação. Neste momento em que
não podemos abraçar, beijar, nos reunir com nossos entes queridos nada é mais importante do que garantir a vida de todos. A nossa parte, a dos que podem ficar em casa, é FICAR EM CASA. Quero me dedicar mais às pessoas que amo e que me amam.

2. Eu aceitei participar da coordenação porque o Rafa me convidou e acredito que ele é um dos colegas que mais se expõe ao lutar pelos técnico-administrativos em Educação e merece todo o nosso apoio e
respeito por esta paixão com que se dedica não só à luta sindical, mas também à luta por uma sociedade justa.

3. Todos sabem que, embora a coordenação agora seja majoritária, a atual coordenação tem na sua composição 4 grupos: o Fortalecer o PSOL, a UCB, o FÓRUM e o Rafa e eu. Portanto nem todas as decisões são fáceis de serem tomadas, mas ainda assim sempre se trabalha na tentativa de busca de consenso sobre os temas abordados.

4. Convivi com as diferenças de opinião sem maiores conflitos, mas, ultimamente, tenho a sensação de que mais discordo do que concordo com a forma como as questões são tratadas e encaminhadas na
coordenação e isso tem sido ruim para mim e para a coordenação.

5. Principalmente, acredito que estou passando por um conflito de gerações e gerações tem interesses e formas diferentes de atuar. É necessário dizer o óbvio, ingressei na UFRGS em 1980, me aposentei em 2017, mas continuo atuando na defesa da universidade pública, gratuita, de qualidade, inclusiva, 100% financiada com recursos públicos, paritária e dos saberes e fazeres dos servidores técnico-administrativos em educação e por uma sociedade justa e igualitária. E uma Assufrgs que defenda os servidores técnico-administrativos em educação contra governos e administrações, quaisquer que sejam os partidos que os integrem ou apóiem.

6. Considero que com a atual eleição dos nossos representantes do CONSUN, em que as chapas candidatas apoiadas pela ASSUFRGS foram 100% eleitas, entre elas as chapas do Rafa e Rui, da Conceição e Patrícia e do Arthur e Tams. E das 7 chapas que apoiamos, conseguimos eleger 5, entre elas a do Ricardinho e Glória, a da Cris e Josi, a da Dani e Falcetta e a da Dica e César, cumpri mais uma das metas a que tinha me proposto.

7. Por fim, no dia 16/06/2020 a parcela da UFRGS que se considera melhor do que todas as outras pessoas que compõem a comunidade universitária, que considera que apenas os seus fazeres e saberes ajudaram, ajudam e ajudarão a fazer da UFRGS uma das melhores IFES do país e do mundo, mais uma vez votaram para que a consulta, que não é vinculante na eleição da lista tríplice para indicação do Reitor, seja realizada com peso do voto deles, os docentes, de 70%. Mais uma vez, agiram de forma autoritária, desrespeitosa, prepotente, mentirosa e com a soberba dos que gritam que defendem a democracia, a autonomia, o respeito e quando tem a oportunidade de agir para mudar sabem o que fazem, mantém as coisas como sempre foram. Faz 40 anos que travo esta luta e sempre eles, os docentes, encontraram um motivo para deixar tudo como está. Mentirosos, hipócritas e mal educados. Fiquem atentos, levamos 40 anos para quase aprovarmos a consulta paritária, não levaremos mais 40 anos para obtê-la, se preparem porque essa luta continuou no dia 17/06/2020.

Abraço a todos e todas, seguimos nas lutas necessárias e não esqueçam: aposentado sim, inativo nunca.

Silvio Corrêa