Definido regimento do ERE na UFRGS, aulas iniciam dia 19 de agosto

O CEPE definiu o regimento do Ensino Remoto Emergencial – ERE na UFRGS. As aulas iniciam no dia 19 de agosto. Semestre deve ser concluído em 02 de dezembro. Docentes, departamentos e comissões de graduação têm entre 29 de julho e 18 de agosto para avaliação da viabilidade das atividades e preparação das adaptações necessárias nos planos de ensino, bem como os registros, tendo em vista a aplicação das atividades no formato de ensino remoto. No calendário geral que será disponibilizado em breve pelo CEPE, há os prazos específicos para cada procedimento.

O texto foi aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) após três longas sessões onde foram discutidos os pontos de como funcionará essa modalidade de ensino na universidade. Foi graças a um grupo de conselheiros, entre eles técnico-administrativos, estudantes e professores, que o CEPE conseguiu melhorar o texto original defendido pela administração da universidade, poréma lguns avanços não foram conquistados. Elencamos abaixo o que ficou decidido, entre vitórias e derrotas para a comunidade da UFRGS.

Ficou aprovado no ERE da UFRGS:

✅ oferta de todos os tipos de disciplinas, inclusive as obrigatórias;

✅ possível necessidade de trabalho presencial para a preparação das aulas será determinado pelo comitê covid-19, que não conta com a presença do CONSSAT e das COSATs; 

✅ inclusão de atividades no processo de correção de matrículas;

✅ pós-graduandos não poderão dar aulas no ERE sem o acompanhamento devido dos professores;

✅ garantida a gravação ou o salvamento das atividades síncronas para o acesso posterior dos alunos que não tenham condições do comparecimento simultâneo;

✅ Avaliação síncrona sem acordo com a totalidade dos alunos;

✅ Não aplicabilidade do conceito FF – utilização do conceito D e NI;

✅ Garantia das bolsas de monitoria após início das atividades;

✅ Atividades sem créditos para manutenção do vínculo com a universidade

✅ Período de correção de matrícula;

✅ Comissão não paritária para acompanhamento do ERE;

Para o Coordenador da ASSUFRGS e ex-conselheiro do CEPE, que participou da construção do parecer divergente ao ERE, Rafael Berbigier, o resultado do regimento do ERE demonstrou o modelo de ensino e universidade que a atual Reitoria defende. “Foi uma batalha muito árdua. Infelizmente os conselhos superiores da UFRGS não são democráticos, tem composição 70/15/15. Esperamos que o ERE não seja uma porta aberta para a privatização da universidade. Vamos seguir lutando em defesa de uma universidade pública e inclusiva.”  

Ricardo Souza, representante Técnico-Administrativo em Educação no  CEPE,  ressaltou que graças ao trabalho do grupo de conselheiros foram garantidas algumas melhorias na proposta do ERE, porém “a totalidade do ERE mostra o modelo de universidade que vêm sendo imposto por essa administração central. Um modelo autoritário, tecnocrático e meritocrático. O plenário do CEPE, em sua maioria, não acatou melhorias no texto do regulamento, impedindo que algumas garantias fossem explícitas, por escrito. Nem sequer as bolsas eles quiseram garantir em texto, nem os beneficio de assistência estudantil para indígenas e quilombolas, nem a a garantia do ensino presencial na retomada… Porém, foi garantido em fala pelo presidente do CEPE, Rui Oppermann, que as bolsas estão garantidas. Precisamos cobrar que essa promessa seja cumprida.” 

Para o docente Guilherme Dornelles os professores enfrentarão problemas para aplicar o ERE de forma tão rápida. “Não sabemos como será a condição dos alunos, se todos conseguirão acessar e fazer suas atividades. É um tempo pequeno de preparação. O debate nesta segunda-feira foi tão atropelado que a Reitoria quase aprova o calendário sem discussão.”

Jaqueline Silinske , estudante de Pós-Graduação, ressaltou que o ERE é “uma forma piorada de educação à distancia, não se preocupando sequer com a adaptação dos alunos a estas plataformas. É uma precarização do trabalho dos docentes e técnicos e do aprendizado dos estudantes. Importante ressaltar que tem uma pressão muito grande do governo federal da aprovação do ERE, mostrando o quanto isso prejudicial para a qualidade do ensino superior público” 

Falta de paridade na comissão do ERE 

O CEPE também deliberou sobre a comissão que irá acompanhar o andamento do ERE na UFRGS. O parecer divergente apontava a proposta de uma comissão paritária, com representantes dos três segmentos da universidade, indicados por seus pares. ” Infelizmente o plenário decidiu por acatar a proposta original onde mais da metade da comissão vai ser indicada pela administração. Nesse sentido pouca diferença faz de que segmento são esses indicados, se não são eleitos pelos seus pares.”, ressalta o conselheiro Ricardo.

A comissão será composta por 22 membros, com somente 2 estudantes. “Sinceramente, os conselheiros que votaram a favor dessa comissão deveriam ter vergonha. O ERE vai afetar principalmente a vida de todos os estudantes. Colocar apenas 2 representantes estudantes, de um total de 22 membros, é lamentável. Também serão indicados pelo CEPE apenas 2 técnicos e dois docentes, os demais todos serão escolhidos pela administração central.”, aponta Rafael Berbigier. 

A ASSUFRGS ressalta seu compromisso pela defesa da paridade em todas as instâncias da universidade e do amplo acesso dos estudantes ao ensino oferecido pela UFRGS, que deve manter seu caráter público, gratuito, presencial e de qualidade. Parabenizamos ainda o DCE UFRGS, ANDES e APG que, junto à ASSUFRGS e conselheiros do CEPE, construíram uma importante unidade na construção do parecer divergente ao ERE e debateram ao longo dos últimos dias, em LIVES nas redes sociais, as demandas da comunidade universitária.