Inaugurado mural em Porto Alegre que homenageia mulheres negras e cultura de matriz-africana

Nesta segunda-feira (10) foi inaugurado o mural de 65 metros de altura, pintado na lateral prédio do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER-RS) e da Procuradoria-Geral do Estado do Rio Grande do Sul (PGE-RS), em Porto Alegre. O evento contou com a presença dos artistas Mona Caron, e Mauri Neri e demais entidades e parcerias que apoiaram o desenvolvimento do projeto. A ASSUFRGS Sindicato foi uma das entidades que contribuíram para custear o projeto.

O mural poderá ser visto por todos aqueles que andarem do Centro-Histórico à Zona Sul de Porto Alegre pelo Viaduto dos Açorianos.

O projeto foi idealizado pelo Laboratório de Políticas Públicas e Sociais (Lappus) e também foi um espaço de troca de saberes artísticos e estímulo à arte urbana local. Diretor da entidade, Marcelo Sgarbossa conta que a ideia surgiu em 2013, na 2º edição do Fórum Mundial da Bicicleta. “A Mona Caron, artista suíça e cicloativista, ficou encantada quando conheceu esse prédio porque ele é quase um totem na cidade, sem obstáculos visuais e em uma localização estratégica”, explica.

A arte retrata uma mulher negra que estende suas mão para que uma planta cresça entre seus braços. A planta é uma espécie nativa, Justicia Gendarussa, também conhecida como “quebra-demanda”, “quebra-tudo” ou “vence tudo”. Muito popular entre religiões de Matriz-africana, são utilizadas em banhos e benzimentos para a limpeza de caminhos e proteção dos ambientes. A planta é ligada a Ogum e Iansã, orixás guerreiros.

A artista ressalta que se trata de “uma imagem que representa uma coletividade inteira, representa toda mulher, toda mulher negra, e esse gesto que ela faz com as mãos, como a balança da justiça, no ponto de equilíbrio entre pessoa e natureza.

A modelo representada no mural, Beatriz Gonçalves Pereira, conhecida como Mãe Bia, para os seus filhos e filhas de santo, ressalta que esse mural é “Muito importante, para pretos e pretas nessa capital, porque isso quer dizer que a luta dos que me antecederam não foi em vão!”

O mural traz consigo não somente a arte urbana como também se conecta com as comunidades quilombolas e periféricas da cidade e ainda dialoga com a fé popular. Esses elementos que constroem e fazem parte da capital gaúcha, agora não se limitam mais a exclusão social, pois se tornaram visíveis e presentes para que todos em Porto Alegre possam olhar.

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Fonte: Brasil de Fato RS e CUTRS

Foto: PGE RS/Divulgação