Notícia

Protesto em Porto Alegre reúne manifestantes contra assassinato de Moïse e exige que a justiça seja feita

Neste sábado, 05, diversas entidades se reuniram no parque da redenção para se manifestar e exigir justiça por Moïse Kabagambe, o jovem negro e imigrante que foi brutalmente assassinado no Rio de Janeiro após cobrar o seu salário no quiosque em que trabalhava.

A manifestação foi organizada pela comunidade congolesa, por associações de imigrantes e refugiados angolanos, senegaleses, haitianos, pela Frente Quilombola do RS, pela União dos Negros pela Igualdade (Unegro-RS) e pelo BARÁ – Programa de Acolhimento de Estudantes refugiados e portadores de visto Humanitários da UFRGS. Também contou com a presença de entidades sindicais, políticas, movimentos sociais e apoiadores.

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Justiça por Moïse e a todos os outros!

O ato se iniciou com a fala de Bamba, representante dos imigrantes de Senegal. “Nossos ancestrais construíram esse país, e hoje, nós viemos para cá para ter oportunidade e ter trabalho digno para sustentar a família. Nosso irmão foi morto por pessoas que nos tiraram de nosso continente.” Bamba pediu um minuto de silencio e todos fizeram com os punhos cerrados para cima. Ele ainda conclui sua fala lembrando que 2022 é um ano de eleições. “Esse ano. 2022, é ano de eleições, a estratégia das pessoas que nos matam, é a mesma, eles se juntam, nós que somos maioria, nos dividimos, por isso não conseguimos vencer, vamos pensar todos juntos para lutar contra pessoas que estão tirando nossas felicidades, tirando nossas vidas. Eu quero ver mães faveladas chorando por ver seus filhos se formando.”

Tamyres Filgueira, Coordenadora-geral da ASSUFRGS Sindicato e  coordenadora-adjunta do NEAB UFRGS, afirmou que a morte de Moïse não foi um caso isolado, “Morreu um Amarildo, morreu um Miguel, morreu a Jane, morreu a Agatha e nossa companheira Marielle, e infelizmente, a gente sabe que o estado não vai se responsabilizar e o Moïse vai ser mais um caso, e é por isso que estamos aqui, para dizer que basta. Essa morte ocorreu para nos dizer o que já sabíamos, que o racismo mata nesse país. Eu sou mãe e nós não queremos mais nenhuma mãe chorando pelo seu filho preto que morre.”

Laura Sito, vereadora do PT e integrante da bancada negra de Porto Alegre também se fez presente no ato. “Estar aqui me traz dois sentimentos, o primeiro é de cansaço, por voltarmos às ruas, de novo, para falar de algum irmão ou irmã nosso que tombou, e o segundo, é um sentimento de indignação quanto ao silencio ensurdecedor das instituições frente a um cenário que atinge o nosso povo a 500 anos em nosso país. Quantas mães, quantas famílias, não têm a certeza de que, quando um jovem negro sai de casa, se voltará? Essa aflição é cotidiana em nossas vidas. E infelizmente, nós temos essa cena tão triste, frente àqueles que acreditaram que o Brasil seria uma pátria acolhedora, um lugar onde seria possível reconstruir sua vida e seus sonhos e seu futuro. Infelizmente esse é um pais que não acolhe imigrantes negros e negras. Neste país a primeira ponta de uma relação a ser estabelecida é a métrica racial, pela cor da pele, e a partir dela, é imputado uma serie de limitações de conseguir gozar de fato de uma condição de cidadania.” A vereadora ainda concluiu a fala dizendo que espera que com estes atos simultâneos em várias cidades do país, se consiga pressionar as instituições a fazerem algo a respeito. “País não pode acolher um povo com proteção e lhe devolver um ente morto no caixão”

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Até quando?

Tristeza, cansaço, indignação e revolta, essas foram as sensações descritas pelos que se manifestaram nesta manhã de sábado. Ao final do ato, todos se questionam, quanto tempo terá até que precisemos voltar às ruas porque mais um jovem negro foi brutalmente assassinado. É urgente que toda a população se revolte quanto a esses casos, já passou da hora das pessoas pararem de ser mortas pela cor da pele.

Se espera que a justiça comece a ser feita, desde Marielle até todos os outros, é necessário que os responsáveis paguem pelos crimes para que não tenham mais esse sentimento de impunidade ao proferir assassinatos tão cruéis contra pessoas negras. Se vidas negras importam, precisamos mantê-las vivas, e com possibilidade de acesso a uma vida digna.