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Moradores da Vila Cruzeiro protestam a falta de água e exigem de Melo uma solução

Nesta quarta-feira (09), o prefeito Melo subiu até o Morro da Vila Cruzeiro para dialogar com os moradores a respeito da escassez de agua que afeta a comunidade desde janeiro.

Revoltados, os moradores organizaram um ato em tom de revolta para protestar contra situação que já ultrapassou o limite com a terrível onda de calor que afetou o estado nos últimos dias. Desde o começo do ano, a comunidade tem problemas no abastecimento gerados por quedas de energia, superaquecimento nas estações de bombeamento e baixo nível dos reservatórios, devido ao alto consumo causado pelo calor extremo.

 A prefeitura de Porto Alegre anunciou que será decretada situação de emergência, afim de conseguir acelerar as medidas de solução. Melo afirmou que estão criando uma comissão com representantes da prefeitura, vereadores e moradores para construir uma resposta de forma conjunta.

Mas a resposta não satisfez a comunidade que vem enfrentando a cada verão esse mesmo problema.

“É muito blábláblá e pouco vocês fazem pela gente, quando é pra pedir voto, vocês vem aqui em cima, mas não passam o que o pobre passa. Não dói em vocês porque vocês tem agua boa em casa, aqui é pobre! Minha filha ficou doente porque veio água da pipa podre, com cheiro de bosta!”

Manifestou Karen, uma das moradoras da Vila Cruzeiro

O diretor-geral do Dmae, Alexandre Garcia, afirma que esse problema acontece porque o bairro afetado fica a 230 metros de altura do Guaíba, onde é feita a captação de água e com o calor, o sistemas de bombeamento não consegue dar conta.  E como forma de solucionar o problema o DMAE quer fazer a distribuição de caixas d’água para alguns moradores, alegando a importância da reservação individual para enfrentar dificuldades no fornecimento nas áreas mais altas da cidade. Mas medidas como essa, não surtam resultados no coletivo.

E como fica a comunidade

No atual cenário de pandemia, as comunidade periféricas são as que mais sofreram, a fome, o desemprego e as mortes por covid não deram trégua para a população, mas manter uma comunidade inteira sem acesso a água potável, sem direito a higiene básica e ainda durante um onda de calor que bate sensações térmicas de quase 50 graus, é decretar que essas pessoas morram.

O problema da falta de água nos bairros de periferia é o resultado de uma política de não fiscalização, de negligência e descaso dos serviços públicos. E mais que isso, é um projeto que visa esquecer as comunidades, pois é notável que a água não falta nos bairros de classe alta.

Karen Santos, vereadora de Porto Alegre pontua que o problema da cidade é uma falha estrutural de uma sequencia de gestões. “Isso é consequência da falta de concurso público, que gera um departamento sem servidores, sem projeto e logo não haverá fiscalização e aí a gente sofre quando liga a torneira. Então há uma política em curso hoje, e é importante pontuarmos isso, porque falta água e quando chove alaga, são 20, 30 anos que a nossa rede de esgoto e água não expandiu em nossa cidade”.

Desde janeiro as comunidades afetadas por essa crise de água vêm se mobilizando tentando chamar atenção para essa situação. É preciso que se pense em novos projetos voltados a esses bairros de Porto Alegre, garantindo que todos tenham acesso a água e saneamento, não é possível permitir que durante uma pandemia as pessoas não consigam lavar as suas mãos ou que em uma onda de calor tenham que ferver a água do caminhão pipa porque ela vem suja. É preciso fugir dessa política de privatização que busca apenas livrar o estado de se responsabilizar pelo serviço público. Acesso a água é um direito!