Deslizamento em Petrópolis: tragédia provocada pelas chuvas, mas com responsabilidade política
Nos últimos dias, fortes chuvas na região de Petrópolis, RJ, inundaram a cidade arrastando carros e causando um deslizamento no Morro da Oficina. A Prefeitura decretou estado de calamidade pública e informou que as equipes dos hospitais foram reforçadas para o atendimento de vítimas. O número de mortos chegou a 130, segundo o Corpo de Bombeiros.
Segundo a Secretaria Estadual de Defesa Civil, 24 pessoas foram resgatadas com vida e 705 pessoas foram encaminhadas para os 33 pontos de apoio montados na cidade em igrejas e escolas da rede pública municipal.
Entre os sobreviventes, os rodoviários que trabalhavam nos dois ônibus que foram arrastados para dentro do rio Quitandinha conseguiram sair dos veículos com vida.
Mais que um fenômeno climático
Nos últimos meses, inúmeros fenômenos climáticos tem assolado nosso país em diferentes regiões, chuvas no nordeste, ondas de calor no sul e cada um deles mostrando o quão poderosa e incontrolável a natureza pode ser. Entretanto, é necessário ter cuidado com esse discurso que culpabiliza a “mãe natureza”. Cada desastre ambiental possui um responsável e todos esses que estamos vivenciando, poderiam ser evitados.
Em Petrópolis, morros vieram abaixo e uma enxurrada de água e lama lavava tudo o que encontrava pelo caminho, pedras gigantescas, carros, ônibus, casa e pessoas. Uma mãe chegou a usar uma enxada pra procurar a filha que estava soterrada em uma casa. Um cenário de caos e desastre.
Há onze anos ocorreu esse mesmo episódio na região, foi considerado o maior desastre natural do Brasil, (antes das Barragens de Mariana e Brumadinho romperem) foram mais de 800 mortos.
Há menos de um mês fortes chuvas em São Paulo causaram desabamentos, deixando mais de 30 mortos, ou seja, não são situações isoladas.
Esses desastres ocorrem por conta de uma falta de políticas de moradia e saneamento. As pessoas prejudicadas com esses fenômenos possuem classe social, cor e endereço sempre muito específico. O que estamos testemunhando é um projeto de descaso com a população mais carente de moradia e acesso.
É necessário investir em projetos que garantam moradia digna e segura para população, e promover políticas ambientais que garantam a estabilidade climática no planeta. Algo totalmente diferente do que se observa no atual governo, que ignora o desmatamento, legaliza o uso de agrotóxicos nocivos e favorece a indústria do agronegócio sem medir consequências.
A ASSUFRGS se solidariza com todas as vítimas desse desastre ambiental e exige que as autoridades se responsabilizem pelos crimes ambientais e promovam políticas públicas para garantir segurança e evitar que ocorram novamente.
Foto: Marcos Serra Lima/g1
Fonte de dados: G1