8M: Mulheres debatem Defesa da Democracia e Combate à Violência de Gênero no centro de PoA
Nesta terça-feira (08), o Dia Internacional das Mulheres foi marcado por uma série de programações culturais e rodas de conversa no Largo Glênio Peres, no centro de Porto Alegre. O espaço foi preenchido por tendas das entidades presentes, que inclusive arrecadavam alimentos e absorvente que posteriormente seriam doados para mulheres em situação de vulnerabilidade.
Segundo uma das membras do União Brasileira de Mulheres (UMB), Eriane, as expectativa era de passar uma mensagem de transformação necessária para 2022. “Ainda existe muita injustiça e desigualdade entre homens e mulheres, então a gente batalha e luta para conquistas, seja de emprego, seja por causa da fome, seja as mulheres que sofrem porquê seus filhos morrem. Tudo isso é fruto de uma desigualdade de gênero que a gente luta pra combater. “
A montagem da tenda Elza Soares começou por volta da 13h, e como previsto na agenda, a primeira conversa foi uma troca de experiências sobre Combate à fome e miséria com trabalho digno no campo e na cidade que contou com a presença e depoimentos das mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Não é fácil para nós, mulheres do campo, da cidade, da floresta, mulheres LBT’s, mulheres negras, mulheres indígenas. Todas nós estamos sofrendo na carne a falta de comida na mesa, a falta de trabalho, a falta de dignidade. (…) Politica pública não é blábláblá, é trabalho, é moradia, é comida, ´é saúde, é educação. Não queremos muitas coisas, queremos uma vida digna.” pontua Silvana Conti, do Comitê Popular de Porto Alegre.
Após a intervenção cultural com música, a roda de conversa voltou, mas dessa vez com a pauta Defesa da Democracia, Controle Social e Participação Popular na Defesa das Políticas Públicas. “A faculdade de educação junto com outras faculdades vai resistir para que a gente tenha controle social e participação social na universidade. A universidade pública, democrática, multicolorida e de todes nós. Todos os jovens tem direito ao ensino superior e é assim que nós vamos continuar lutando junto com os conselhos. (..) Contem com a nossa universidade como a casa do povo, é aqui que ela tem estar e não dentro de seus muros ” declara a Diretora da Faculdade de Educação da UFRGS (FACED), Liliane Giordani.
Por último, mas não menos importante, a conversa fez uma reflexão sobre o Combate à Violência de Gênero, Política, Racismo Estrutural, LGBTfobia e Feminicídio. “Não podemos aceitar que o Rio Grande do Sul seja o estado onde o feminicídio mais aumentou no país. (…) Não é normal ver criança em sinaleira vendendo bala. Não é normal ver uma mãe de família pedindo comida e a gente achar que isso é fruto exclusivo desse governo. Isso é fruto de um sistema político que coloca a mulher como objeto porque o mercado de trabalho precisa que a mulher faça o trabalho doméstico, que a mulher tenha que enfrentar todos os seus problemas quieta, que tenha que ser uma pessoa forte. (…) E o estado nega para elas o posto de saúde, o estado comete violência obstétrica, o estado comete violência policial. O estado pega o filho preto e simplesmente executa na periferia e quem chora pelas mães pretas e periféricas? Quem chora pela mãe de uma travesti? Quando morrem as minorias, não somos apenas nós que estamos morrendo, são mães que estão chorando.” desabafa a vereadora, Natasha Ferreira.
Por volta das 17h, ao fim das atividades culturais Pela Vida das Mulheres, foram distribuídos cruzes de madeira enfeitadas com laço roxo como forma de homenagear o número de vítimas de feminicídio no estado. Todos presentes realizaram uma caminhada até chegar em frente ao prédio da Prefeitura de Porto Alegre, deixando as cruzes pela escadaria da entrada em forma de protesto, para que essas mulheres sejam lembradas e que a justiça seja feita.
A concentração para da Marcha Pela Vida das Mulheres deu início logo em seguida no mesmo local pelas 18h.