ASSUFRGS Sindicato e CIS/UFRGS realizam Seminário para debater sobre o Teletrabalho na UFRGS

Com mais de 200 servidores participando da reunião online, nesta terça-feira, a Assufrgs Sindicato, junto com a CIS/UFRGS apresentaram um seminário sobre a IN65, que estabelece as novas normas do teletrabalho na UFRGS. A reunião iniciou às 17h e teve como mediadores Dica Tomasi e Ricardo Souza. Os apresentadores do seminário foram Rafael Tams, representante da CIS/UFRGS e Maristela Piedade, representando a ASSUFRGS.

Iniciando o bloco de apresentações do seminário, Rafael Tams ressaltou que a IN65 não é uma norma que foi construída pela categoria e sim uma proposta totalmente elaborada pelo governo que não visa favorecer o trabalhador. Na apresentação, Rafael explicou os consensos que o GT encontrou na norma e os pontos que ainda ficaram em aberto para serem discutidos e avaliados. Ele explica que a IN65 original se mostra incompatível com a realidade da universidade por conta das normas de metas estabelecidas que não se aplicam à forma de trabalho realizado, além de que, questões como o custo da infraestrutura, não constarem na IN.

Pontos em consenso da IN65 no GT da UFRGS:

  • Regime parcial padrão, com mínimo de 8 horas presenciais por semana;
  • Decisões de chefia efetuadas em conjunto com a equipe e corpo de funcionários;
  • Horários de trabalho em comum com a equipe para garantir interação entre os colegas;
  • Aplicação das medidas de proteção de dados pessoais (LGPD);
  • Criação de um Comitê Gestor que regularize esse método de trabalho e as formas como ele será aplicado, o GT, afirmou na reunião, que irá exigir uma ampla representação da categoria na construção desse comitê.

Pontos em aberto da IN65 que ainda serão discutidos pelo GT:

  • Definição de quantitativo mínimo presencial no setor;
  • Provimento de infraestrutura;
  • Avaliação das entregas, que na IN afirma ser uma nota de 0 a 10;
  • Critérios de desligamento;
  • Caracterização de acidentes de trabalho.

(esse é um resumo dos pontos de consenso e em aberto, para conferir mais detalhes confira o material apresentado no seminário)

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Na sequência da apresentação, Maristela Piedade, explicou que o GT buscou construir um teletrabalho que não tirasse a subjetividade do trabalhador e que não seguisse essa lógica do produtivíssimo econômico que não se preocupa com os servidores. “Trabalhamos na tentativa de deixar a IN mais horizontal, e não na verticalidade proposta, queremos a coloração de todos e não só da chefia, como se propõe ali. Muitas coisas ainda estão em aberto, coisas importantes para o nosso futuro, como a saúde do trabalhador e a questão dos custos serem passados para o servidor. Os custos administrativos que deveriam ser da universidade passam a ser dos servidores, isso tudo segue em aberto ainda.” Maristela ainda ressaltou que a ideia de que com o teletrabalho não haverá o controle de trabalho é uma mentira, pois o controle biométrico será substituído pelo controle de resultados, que são nomeados como “entregas” na IN65. Ou seja, todos os servidores continuaram realizando sua carga horária completa.

Após a apresentação do seminário, a reunião abriu as inscrições de fala dos participantes para iniciarem um debate com a categoria, vários colegas expressaram suas opiniões. A discussão se dividiu entre colegas que eram a favor do teletrabalho por conta da facilidade da realização do serviço em casa e os benefícios, como não necessidade de transporte, alimentação e a segurança. Já outros, se colocaram totalmente contra a implantação do sistema, pois ele busca afastar os servidores do espaço da universidade, diminuindo a convivência entre os colegas de trabalho, e podendo ser uma porta de entrada para a retirada de direitos trabalhistas. Todos que solicitaram a fala foram atendidos e ouvidos e já nas considerações finais, Rafael lembrou da importância de manter a mobilização da categoria.

“As vezes começamos a nos contrapor uns contra os outros aqui no debate por conta desta conjuntura, e acredito que devemos sim seguir com o debate, levantando os benefícios e os prejuízos que o teletrabalho pode trazer. Mas não devemos nos dividir entre ‘os contra o teletrabalho e os favor do teletrabalho’, estamos todos no mesmo barco e o nosso papel não é de forma alguma impor se esse sistema deve ser ou não aderido, mas sim garantir que aqueles servidores que decidirem seguir essa forma de trabalho, tenham uma norma de trabalho que lhes favoreçam e mantenham seus direitos.”

Confira o seminário completo na íntegra: