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ANDES SN realiza Encontro das Universidades, Institutos Federais e Cefets em Luta Contra as Intervenções.

Nesta quarta-feira, (11), foi realizado o Encontro das Universidades, Institutos Federais e Cefets em Luta Contra as Intervenções. O Andes Sindicato Nacional organizou um encontro de luta e debate que ocorreu nos dias 11 e 12 de maio, presencialmente em Brasília.

As atividades se iniciaram às 9h da manhã, com abertura da mesa de debate com as Entidades Nacionais da Educação e representantes do Fórum de Reitores/as Eleitos/as e Não Empossados/as. Os representantes das entidades ressaltaram que a educação pública brasileira vem resistindo bravamente durante o governo Bolsonaro, que tem interferido nas universidades, institutos e cefets na escolha de reitoras e reitores, além de outros ataques à educação.

Ainda no período da manhã, seguiu o debate sobre o tema “defesa da democracia, da autonomia e as estratégias de lutas.” A mesa contou com a presença de Regina Ávila, secretária-geral do ANDES-SN; Elisabete Búrigo, docente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) e Eblin Farage, docente da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Para Elisabete Búrigo, da UFRGS, é contraditório que, com a vigência da Constituição Federal de 1988, a qual instituiu a autonomia universitária, vigore a Lei 9192/1995, que institui a nomeação de reitoras e reitores por maio da lista tríplice. Segundo ela, a lei afronta à Constituição.

“Até hoje, não conseguimos derrubar essa lei. E isso não acontece apenas porque não priorizamos essa luta, mas é porque a existência dessa legislação é extremamente conveniente para o projeto neoliberal que tem a universidade como alvo da precarização, terceirização e privatização. A universidade possui muitas virtudes que foram constituídas com a participação do movimento docente e que o projeto neoliberal quer acabar. As intervenções do Bolsonaro são consequências dos diversos ataques que as instituições vêm sofrendo nas últimas décadas, a partir do governo Collor, passando pelo governo do Itamar Franco com a desvinculação das receitas da União (DRU) e nos anos seguintes com projetos que preveem congelamento de salários e até demissão de servidores públicos e privatização, além dos cortes sucessivos no orçamento”, disse.

As atividades acontecem até as 20h, se encerrando com a apresentação artística-cultural da sambista Kika Ribeiro.

Na quinta-feira, (12), foi realizada uma roda de conversa sobre as intervenções e suas consequências para o ensino, a pesquisa e a extensão: autonomia universitária e a gestão democrática sob ameaça.

Aline Faé, docente da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), foi a primeira a falar e relatou um pouco sobre a realidade da sua universidade, que está sob intervenção desde agosto de 2019.

Ela explicou que, desde a intervenção, várias práticas antidemocráticas ocorrem nas instituições, e que o apoio da diretoria do ANDES-SN e das seções sindicais tem sido fundamental para os enfrentamentos. “Desde o início, a nossa realidade foi marcada pela perseguição em que a presidente do nosso sindicato e outros membros da diretoria foram acionados judicialmente. A intervenção ameaça a democracia e, com isso, as decisões do colegiado não são respeitadas, assim como as decisões das congregações, dos conselhos consultivos e superiores”, disse.

Cléber Santos Vieira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), afirmou que defender as ações afirmativas, como as cotas raciais, na graduação, na pós-graduação e no serviço público é defender a democracia, o direito à educação e a democratização da produção de conhecimento e das atividades fins, materializada no tripé ensino, pesquisa e extensão. “Defender essa políticas, sobretudo nos lugares onde elas têm sido mais atacadas, nas instituições sob intervenção, é lutar contra essas intervenções. É acertado esse debate, é acertada essa inclusão e será acertada uma luta intensa em defesa das cotas raciais.”

Na tarde dessa quinta, os e as docentes participantes do Encontro se uniram às demais categorias de servidores e servidoras, na Esplanada dos Ministérios, para um ato em defesa da Educação Pública, pela recomposição imediata dos salários dos SPF e pelo Fora Bolsonaro. As e os manifestantes se concentraram em frente ao Espaço do Servidor, no bloco C, e seguiram em marcha até a Praça dos Três Poderes.

Fonte e foto: Andes Sindicato/Nacional