Abaixo-assinado do Neabi-UFRGS pede cotas raciais na pós-graduação
Durante o lançamento do documentário “Cotas: uma porta aberta”, na noite dessa quarta-feira, 29, o Núcleo de Estudos Africanos, Afro-brasileiros e Indígenas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Neabi-UFRGS) deu início à campanha “Cotas na pós da UFRGS já”, abaixo-assinado que visa pressionar a Universidade a implantar uma normativa para que tenhamos cotas com recorte racial para negros e indígenas em todos os cursos de pós-graduação da instituição.
Conforme divulgado em reportagem de ZH em 2021, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 392.036 mil pessoas dão aulas em universidades públicas e particulares do Brasil, mas só 62.239 mil são negras, ou seja, 16% do total. No país com maior número de pretos e pardos fora do continente africano, onde 56,2% da população se autodeclara negra, a mesma pesquisa revela que, além de continuarem sendo minoria entre os professores universitários, a representatividade racial diminui à medida que o grau de escolaridade desses docentes aumenta.
Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD-Contínua), os grupos de pardos e pretos no Estado representam 18,2%. Todavia, relatório do Programa de Ação Afirmativas na UFRGS ressalta que o índice de docentes negros nessa universidade não chega a 1%.
“Esses números revelam a verdade: ainda estamos muito distantes de superar o racismo estrutural em nossa sociedade. Além disso, não há um único professor indígena em toda a UFRGS. É surreal, é lamentável. Isso precisa mudar”, salienta Tamyres Filgueira, coordenadora licenciada da Assufrgs e coordenadora-adjunta do Neabi.
Fruto de muita mobilização dos movimentos negro, indígena e social, as cotas na graduação da UFRGS, aprovadas em 2007, se mostraram um avanço na pluralização e combate à desigualdade. A instituição se tornou mais democrática sem piora alguma em sua posição de prestígio, explicitada em diferentes rankings.
É urgente darmos aos negros e indígenas — que estão em situação de apagamento ainda pior — a oportunidade de ter o ensino para além da graduação. Existe um Grupo de Trabalho montado e coordenado pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação para deliberar e propor um documento para a implementação de Ações Afirmativas nos programas de pós-graduação de toda a Universidade.