Novos ministros: uma breve análise da “virada de chave” nos ministérios do governo federal

O ano de 2023 iniciou repleto de emoções com a posse do presidente Lula, trazendo muito mais que esperanças e sonhos para a população brasileira. Mas para além de uma cerimônia linda e representativa, o novo presidente já apresenta mudanças significativas em relação ao governo anterior, começando com os ministérios. A mudança é drástica, uma verdadeira “mudança de chave” na esplanada dos ministérios do governo federal.

A ASSUFRGS Sindicato fez uma breve análise dos perfis dos novos ministros do governo Lula, em comparação aos antigos ministros do governo Bolsonaro.

Ministério da Educação:

Durante o governo Bolsonaro, essa pasta foi a mais caótica de todas, houveram cinco ministros ao longo dos 4 anos. O primeiro ministro pediu a diretores de escolas que lessem para alunos uma carta que terminava com o slogan da campanha de Bolsonaro nas eleições. O segundo, Abraham Weintraub, teve sua gestão marcada por polêmicas. Afirmou que considerava “balbúrdia as universidades” e acusou uma suposta disseminação de tráfico de drogas nos campi universitários. O terceiro ministro, nem sequer chegou a tomar posse devido ao currículo mentiroso. Já o quarto, Milton Ribeiro, ficou marcado pelos escândalos de barras de ouro entregues a pastores. O quinto e último ministro, focou em ficar longe de polêmicas e se distanciar da gestão de Ribeiro.

O fato é que em em quatro anos o MEC esteve completamente desassistido, sem um plano de governança definido, que ia e vinha em projetos absurdos que nem chegavam a ser executados. Causando um desmonte total da educação no país.

Já no governo Lula, o ministro da educação é Camilo Santana, professor formado em agronomia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), o estado de maior referência no quesito educação. Ainda na universidade, Camilo demonstrou a aptidão para a carreira política sendo eleito presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFC.

Ministério da Saúde

Assim como na pasta da educação, a saúde também sofreu um abandono, em meio a uma pandemia mundial. O ministério enfrentou uma troca de quatro ministros, sem conseguir manter um planejamento concreto de estratégias que sustentassem o sistema único de saúde do país, gerando o colapso do SUS. Os dois primeiros ministros, defendiam o isolamento social durante a pandemia, mas foram retirados do ministério por Bolsonaro por não estarem de acordo. O terceiro, Eduardo Pazuello, lançou o protocolo de tratamento da covid-19 com uso de cloroquina e esteve envolvido nos escândalos de compra de vacinas.

No governo Lula, quem assumirá a pasta será Nísia Trindade, atual presidente da Fundação Oswaldo Cruz, que teve presença frequente nos debates sobre saúde no Brasil nos últimos anos, em meio aos trabalhos da produção de vacinas contra a covid-19. Em entrevistas ela afirma das capacidades de o Brasil ser referência em tecnologia de saúde, como ocorreu na produção das vacinas e voltar a ter um sistema de saúde sólido.

Ministério da Cultura

No governo Bolsonaro, o ex-presidente não nomeou nenhuma pessoa para o cargo, extinguindo esta pasta do governo.

Em contrapartida, Lula restituiu o Ministério da Cultura e nomeou Margareth Menezes, baiana, cantora e fundadora da Associação Fábrica Cultural, destinada a combater o trabalho infantil, exploração sexual e violações de direitos. Margareth também dirige o Mercado Iaô, uma agência de produção cultural na Bahia, e é embaixadora da IOV-UNESCO, grupo que busca fomentar e preservar a produção cultural.

Ministério da Economia

No governo Bolsonaro, a pessoa responsável por esta pasta era Paulo Guedes, que apresentou projetos de privatizações de estatais e reformas trabalhistas e tributárias, construindo uma economia voltada totalmente para grandes empresários.

Em 2023, quem ocupa o cargo do Ministério da Fazenda, é Fernando Haddad, que foi ministro da educação em outro governo do Lula e foi responsável pela implantação do Prouni. Ex-prefeito de São Paulo, Haddad é um acadêmico, advogado, professor e político brasileiro.

Ministério do Meio-Ambiente

Assim como os demais ministérios, essa pasta também enfrentou uma troca constantes de ministros, o primeiro foi Ricardo Salles, que foi considerado uma ameaça global, por defender a exploração capitalista da Amazônia. Na sequencia quem assumiu o cargo foi Joaquim Leite, que trabalhou 20 anos em uma organização agropecuária, além de fazer parte da bancada ruralista. O resultado foi o país batendo recorde de desmatamento.

Agora, quem assume a pasta, é Marina Silva, que já ocupou esse posto no primeiro mandato de Lula e encerrou seus trabalhando fazendo os índices de desmatamento caírem para 67%. Em toda sua trajetória política Marina sempre priorizou as pautas ambientais e em entrevistas afirmou que seus objetivos são alcançar o desmatamento 0.

Foto: Tânia Rego/Agência Brasil