Privatização: quatro linhas da Carris são doadas à iniciativa privada
Segue a passos largos o plano de privatização da Carris, companhia centenária da prefeitura de Porto Alegre que oferece um dos melhores transportes públicos da capital. Não satisfeita em apresentar um plano vergonhoso de privatização, a prefeitura de Sebastião Melo decidiu de surpresa “dar de mão beijada” à iniciativa privada quatro linhas transversais, até então operadas pela empresa pública. A mudança começa a valer já no próximo dia 03 de abril.
A situação é grave e configura uma tentativa de privatização da Carris sem licitação e os devidos processos. O secretário municipal de Mobilidade Urbana, Adão de Castro Júnior, deu a desculpa que a mudança é um “ajuste temporário para melhor atender aos passageiros, devido a problemas pontuais em relação ao cumprimento de algumas tabelas”.
As linhas afetadas são as transversais:
- T10 – Triângulo/ Antônio de Carvalho será atendida pelo Consórcio Mais (cor verde) com 74 viagens, sendo 36 sentido Norte/Leste e 38 sentido Leste/Norte
- T11 – 3ª Perimetral será atendida pelos consórcios MOB (cor azul) e Viva Sul (cor vermelha), com 186 viagens, sendo 92 no sentido Norte/Sul e 94 no sentido Sul/Norte
- T5 – Será atendida pelo Consórcio Via Leste (cor verde) com 112 viagens, sendo 56 no sentido Norte/Sul e 56 no sentido Sul/ Norte.
- T13 – Triângulo/ PUC será atendida pelo Consórcio MOB (cor azul) com 54 viagens, sendo 27 no sentido Norte/ Leste e 27 no sentido Leste/Norte
Privatização em curso
Em setembro de 2021 a Câmara de Vereadores aprovou o projeto do Executivo que propunha a privatização da Companhia Carris. Em audiência pública, em maio de 2022, a Secretaria Municipal de Parcerias (SMP) apresentou a ideia de venda pelo valor mínimo de R$ 125,8 milhões através de mensalidades fixas ao longo de 14 anos.
A ganhadora da licitação, além de comprar a empresa, irá assumir, por um valor de R$ 1, a concessão das linhas operadas pela Carris pelos próximos 14 anos, uma vez que, em 2036, vence o atual contrato de operação do transporte público de Porto Alegre. A alienação da Carris também prevê a garantia provisória de emprego pelo prazo de um ano de 801 funcionários da empresa, o que exclui 557 cobradores em razão da lei que autorizou a extinção da função no transporte coletivo da Capital. O poder público tinha a expectativa de que a privatização se consolidasse ainda em 2022, o que não ocorreu.
Situação dos cobradores
Além da doação de quatro linhas da Carris à iniciativa privada, segue o plano para acabar com os cobradores nos ônibus da capital. A EPTC confirmou que a partir dessa quinta (30) mais 37 linhas foram autorizadas a operar sem cobrador. É estimado que cerca de 38% do quadro de profissionais seja retirado da ativa, podendo chegar a 50% até o fim do ano.
As linhas autorizadas são:
- 718 – Ilha da Pintada
- 862 – Rubem Berta/ Cairú
- B51 – Parque/ Postão IAPI/ H. Conceição
- B25 – A. Feijo/ Humaitá
- R41 – Rápida – Protásio
- 184 – Juca Batista
- 110 – Restinga Nova via Tristeza
- 111 – Restinga Velha (Tristeza)
- 165 – Cohab
- 168 – Belém Novo (via Tristeza)
- 71 – Ponta Grossa
- 179 – Serraria
- 1842 – Juca Batista via Hermes Pacheco
- 209 – Restinga
- 210 – Restinga Nova
- 211 – Restinga Velha
- 216 – Restinga Glória
- 18 – R68 – Rápida Belém Novo
- 2671 – Lami/ Varejão (Via Edgar Pires de Castro)
- 2672 – Lami via Beco da Vitória
- 2675 – Lami até Cavalhada
- 268 – Belém Novo
- 2731 – Belém Novo/ Hípica (via Schneider)
- 2733 – Belém Novo/ Hípica/ Veludo
- 281 – Campo Novo
- 2811 – Campo Novo/ Morro Agudo
- 2812 – Campo Novo/ Gedeon Leite
- 282 – Cruzeiro do Sul
- 2821 – Pereira Passos
- 2843 – B. Velho (S. Francisco) Rincão/ Betão até Azenha
- 286 – Belém Velho/ Cristal/ UFRGS
- 289 – Rincão via Oscar Pereira
- D67 – Lami via Belém Novo/ Direta
- R4 – Rápida – Restinga Velha
- R5 – Rápida Ponta Grossa
- R10 – Rápida Restinga Nova/ Cavalhada
- R67 – Rápida Lami via Belém Novo
Com informações do Sul 21
Foto: Maia Rubim/Sul21