Departamento de Arte Dramática da UFRGS completa 65 anos e exige mais investimentos e respeito

No próximo dia 22 de maio, às 17h, o Centro Cultural da UFRGS abriga o lançamento do livro “DAD: História e Memória” (Editora Libretos), escrito pela pesquisadora e historiadora Juliana Wolkmer. O livro traz um panorama dos 65 anos do Departamento de Arte Dramática da UFRGS, realizado através de uma intensa pesquisa documental acompanhada de entrevistas com diversas personalidades que testemunharam fatos marcantes da história da instituição.

No dia 30 de dezembro de 1957, foi fundado o Curso de Arte Dramática (CAD), que iniciaria suas atividades a partir do ano de 1958, ligado à Faculdade de Filosofia da URGS. Completando seus 65 anos de muita luta resistência, o departamento vem enfrentando há muitas reitorias o descaso e a negligência. Problemas com infraestrutura, risco de incêndios, vazamentos, além de inúmeros outros problemas que vêm sendo denunciados pela comunidade do DAD, e mesmo com o descaso da administração, o departamento se mantem vivo e formando artistas durante seis décadas.

Alexandre Alves, técnico do DAD, conta que o Departamento de Artes é uma espécie de palco contínuo, e que esse papel, empenhado na vida os artistas, é muito importante. “Esse lugar é palco de importantes acontecimentos políticos, tudo o que acontece na política, reflete aqui.”

A ASSUFRGS Sindicato também conversou com o técnico Alexandre Bastos Ordeste, que trabalhou 30 anos no IA, e agora completa 8 anos no DAD. Ele comenta que o departamento de Artes é um bom lugar para trabalhar, se sente acolhido e respeitado pelos alunos, mas ressalta os problemas de infraestrutura que o local sofre.

“Não tem material de manutenção, falta lâmpada, fita, produto de limpeza, tem salas que o forro cai, não tem seguranças, por vezes somos nós que fazemos a segurança do local”

Técnico-administrativos em Educação do DAD, Alexandre Alves e Alexandre Bastos Ordeste. Foto: Jean Carlo/ASSUFRGS

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Mas o técnico afirma que mesmo assim é válido comorar, afinal, inúmeros artistas, inclusive com destaque nacional, já saíram do Departamento de Artes Dramáticas. A historiadora Juliana Wolkmer, afirma que a celebração desse aniversário é uma forma de chamar a atenção da universidade e das autoridades competentes para a situação física precária do DAD, para que haja mais investimentos.

“O DAD é fruto do esforço e do trabalho de muitas pessoas que vieram antes de nós, a cena teatral ganha uma efervescência dos anos 40 à 50 na cidade de Porto Alegre e se consolida no período da Ditadura Militar. Então é um movimento artistíco e cultural que cresce em meio a turbulência social.” Explica a historiadora.

A ASSUFRGS Sindicato parabeniza o setor pelo aniversário e principalmente pela resiliência e perseverança em permanecer ativo na luta política em defesa da arte e da cultura, mesmo diante da postura das últimas administrações que se recusaram a fornecer qualquer tipo de suporte e estrutura. Viva o Departamento de Artes Dramáticas da UFRGS!

Galeria de Fotos

O prédio da primeira Faculdade de Medicina de Porto Alegre é hoje sendo ocupado e usado pelo Departamento de Arte Dramática (DAD)  do Instituto de Artes da UFRGS, abrigando o Teatro Alziro Azevedo.

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Comunidade do DAD realizou um desfile/ato nas ruas do centro com os figurinos do curso para chamar a atenção da população sobre a ocupação dos estudantes e luta contra a PEC 55 e a reforma na Educação. (Dezembro de 2016) Fotos: Vitor Hugo Xavier/ASSUFRGS (veja a galeria completa)

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Comunidade do DAD sempre esteve à frente das lutas. Fachada com faixa pelo “Fora Temer”.

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Característica escadaria no interior do DAD UFRGS.

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Legenda da foto: Elenco do espetáculo Dona Rosita, a Solteira do Curso de Arte Dramática (1967). Acervo: Maria Helena Lopes

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Estudantes de teatro da UFRGS denunciam risco de incêndio no Departamento de Artes Dramáticas. (Janeiro de 2023) Foto: Jean Carlo/ASSUFRGS

Foto no topo: Thiago Cruz