Tereza de Benguela, uma referencia no Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
O dia 25 de julho, reconhecido pela ONU, em 1922, como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, tem origem em um encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, realizado em Santo Domingo, República Dominicana, com a proposta de denunciar o racismo e o machismo enfrentados por mulheres negras no mundo e construir a unidade de suas lutas.
No Brasil, o dia foi instituído pela Lei nº 12.987/2014, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, tem como objetivo dar visibilidade ao papel da mulher negra na história e reafirmar o marco internacional. Tereza de Benguela foi a líder do Quilombo Quariterê, localizado na divisa do Mato Grosso com a Bolívia, governou e liderou a resistência contra os escravistas da época, reunindo uma população de mais de três mil pessoas, entre negros, indígenas e brancos para defender o território onde viviam.
Os primeiros registros sobre o quilombo datam de 1748 que já sinalizam sua existência e um expressivo crescimento tanto em tamanho quanto a nível populacional e originou mais de um núcleo. Esta expansão era uma ameaça à manutenção da estrutura colonial de dominação.
Reconhecer as formas diversas com que os marcadores sociais atravessam as nossas (re) existências é fundamental para estabelecer uma ponte de diálogo e fortalecer as lutas das mulheres. As mulheres negras estão no topo da cadeia de vulnerabilidade. Quando há uma violência contra a mulher, a vítima é negra em mais da metade dos casos. Os dados reforçam o impacto do racismo, aprofundando o machismo e o sexismo sofrido pelas mulheres, quando se trata de mulheres negras, promovendo a aniquilação de seus corpos e suas vidas a um patamar mais alto que o das mulheres brancas. De acordo com o mapa da violência, a vitimização entre as mulheres negras no Brasil cresceu 54,2%, enquanto o homicídio das brancas caiu 9,8%.
Apesar de realidades diferentes de cada país, a violência contra as mulheres na América Latina e Caribe é alarmante: só em 2020, mais de 4.576 mulheres foram mortas por sua condição de mulher, segundo o relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Os encontros têm o objetivo de fortalecer as lutas e organização das mulheres em cada país com troca de experiências e construção de ações unitárias na região.
Em 2023 a terceira edição do Encontro Internacional de Mulheres Negras Latino Americanas e Caribenhas teve sede na capital do Brasil, entre os dias 21 e 23 de julho e hoje será coroado com caminhadas em todo o território nacional, com o tema: “Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver”. Somos muitas e somos várias, vamos reunir as nossas Forças na construção de um mundo onde possamos Todas viver sem violência e com Justiça!