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Livro que aborda a construção e a defesa da EJA pública e popular terá lançamento dia 09 de novembro na FACED UFRGS

O livro “Pé no chão! Na construção e defesa da EJA pública e popular” é um projeto coletivo, independente e auto-organizado por um grupo de 42 educadores/as, pesquisadores, militantes e ativistas da Educação de Jovens e Adultos em Porto Alegre. A obra, que teve sessão de autógrafos na 69ª Feira do Livro de Porto Alegre neste dia 02 de novembro, terá seu lançamento na Faculdade de Educação da UFRGS (FACED), no próximo dia 09 de novembro, a partir das 17h30min.

Um dos organizadores do livro, César Rolim, professor de história na Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre e servidor técnico-administrativo na UFRGS, comenta sobre a importância da obra . “A EJA está sempre em luta pela permanência dessa modalidade na educação pública, tanto estadual quanto municipal. Sempre ronda uma espécie de ameaça de fechamento de turmas, de escolas. O balanço que a gente pode fazer é de que, sim, a EJA resiste, ela permanece em Porto Alegre na rede municipal com trabalhos riquíssimos. Esse foi o intuito da obra, nos encontrarmos e coletar esses trabalhos que estão sendo produzidos cotidianamente. Por isso a ideia do título do livro: ‘Pé No Chão’. A gente conhece a realidade das comunidades onde trabalhamos, sabemos que têm colegas que produzem apesar de todas as dificuldades, de ausência de políticas públicas.”

Carla dos Santos Bandeira é uma das educadores que contribui no livro. Em seu artigo, em parceria com Simone Valdete dos Santos, ela aborda o Plano Municipal de Educação de Porto Alegre. Para ela, existem grandes desafios a serem superados: “No município de Porto Alegre, temos regiões onde o número de pessoas analfabetas ou com baixa escolarização é muito alto. É preciso chegar nesses lugares onde estão as pessoas. Grande parte delas não sabem que têm esse direito à educação. Enquanto professora também de EJA, diretora de escola que tem essa modalidade, em determinados momentos a gente busca esse público, tenta alcançá-los e é nessa hora que as pessoas se surpreendem por não saberem que têm esse direito, que é ofertado próximo às suas casas. Então, quando a gente fala que as classes da EJA estão esvaziadas, dá uma falsa ideia de que a proposta foi alcançada. Não é isso! É que as pessoas estão invisibilizadas, a informação não chega! Sem contar que aquelas que ingressam na escola: a dificuldade de se manter para concluir a sua escolarização é muito grande. Penso que as políticas da EJA não podem estar separadas de outros direitos que essas pessoas precisam acessar. São pessoas que pertencem aos coletivos segregados da nossa sociedade, como segregação racial, de classe, etc, sem trabalho, sem moradia digna, sem acesso à alimentação.”

Para Marco Mello, que além de ser um dos organizadores, também tem produção na obra, a sequência de governos neoliberais na prefeitura de Porto Alegre foram prejudiciais à EJA. “Desde o governo Marchezan do PSDB e depois a sua continuidade com Melo, enfrentamos um governo que enxerga a educação como mercadoria e não como direito universal, público e equitativo. Por isso, tem precarizado as condições de trabalho. Tivemos tentativas de mudanças importantes na carreira, no salário, na seguridade social, no plano de carreira e também na política curricular. Então estamos enfrentando ao longo desses últimos anos uma resistência dos trabalhadores para poder frear essa ânsia de destruir o estado. Esse esforço que fizemos com o livro é para dar visibilidade para as boas práticas dos colegas trabalhadores da EJA, de escolas periféricas, que fazem um excelente trabalho em sala de aula, relação com a comunidade, trabalho de pesquisa junto á universidade. Muitos da UFRGS que estão com tese de doutorado, mestrado, para dizer, não: existe uma EJA real, uma EJA que beneficia a classe trabalhadora que tanto precisa desse direito.”

Confira a galeria de fotos da sessão de autógrafos da obra, que ocorreu dia 02 de novembro, no Memorial do Rio Grande do Sul, dentro da programação da 69ª Feira do Livro de Porto Alegre:

Fotos: Vitor Hugo Xavier