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Artigo – Envoltório Ideológico 4: as Tarefas

Por Rui Muniz

Na realidade concreta, para enfrentar essa ideologia, precisamos reconhecê-la e consolidar a nossa visão de sociedade; mais do que isso, temos desafios estruturais que se colocam cada vez mais de forma imediata, atendendo a uma pauta de garantia de direitos e conquistas das trabalhadoras e dos trabalhadores

Na realidade concreta, para preparar a luta e enfrentar a ideologia dominante, precisamos reconhecê-la e consolidar a nossa visão de classe; mais do que isso, temos desafios estruturais que se colocam cada vez mais de forma imediata e se apresentam na forma de tarefas.

A construção desse conjunto de tarefas que temos não é uma coisa fácil; é natural que não tenhamos leituras de estratégias, de compreensões políticas de forças políticas;  das construções históricas, das lutas históricas, das questões dos movimentos que devem ser continuadas, ou seja, as ações que devem ser feitas, mas destacando a necessidade da adoção do método democrático e dialético de construção, mesmo sabendo que isso vai, muitas vezes, levar a embates, embates muitos difíceis, embates muitas vezes duros, mas eles amadurecem a nossa capacidade de ação, de formulação da política de forma organizada e mais elaborada, conjunta da Classe Trabalhadora. Precisamos romper com os erros que a gente já teve, nós não temos que repetir erros do nosso passado, que foram referenciados justamente por diferenças que não conseguimos entender como sendo necessárias, inclusive para nosso amadurecimento. Não podemos permitir, de jeito nenhum, as relações de oportunismo, as ilusões românticas sobre o socialismo e o comunismo. Tem uma coisa objetiva, que é muito concreta que a luta de classe, a definição das tarefas que nós precisamos ter, o que entender como enfrentamento concreto com essa ordem social existente na sociedade capitalista; nós temos que destruir a classe dominante, o regime de classes, é isso.

Precisamos construir o que fazer, nós precisamos fazer, definir como nós vamos fazer essa transição acontecer; precisamos conquistar o poder, de forma coletiva, de forma democrática, para dar conta de realmente enfrentar os problemas e os dilemas sociais que a burguesia tem nos imposto, sempre lembrando que a democracia burguesa só reproduz o sistema de poderes existentes e, no conceito fundamental da Democracia Operária, nossas tarefas têm que servir realmente para emancipação coletiva das trabalhadoras e dos trabalhadores.

Então, precisamos sempre enxergar nossas tarefas a partir das necessidades históricas, considerando, no nosso caso, o cenário que vivemos no Brasil, como que nós vamos criar corpo nisso, como que nós vamos enfrentar essa realidade, e essa talvez seja a nossa principal tarefa: encontrar a direção política de nossas ações, articular essa direção e construir uma luta que seja ao mesmo tempo a ruptura do sistema capitalista e a ponte de direção socialista e que seja fiel aos interesses da Classe Trabalhadora e sirva de ruptura com esse sistema, com a possibilidade de construção conjunta entre as visões e estratégias de lutas das Forças Políticas representantes da Classe Trabalhadora.

O desafio, então, consiste em avançar, em aprofundar a consciência de classe dos trabalhadores e das trabalhadoras do campo e da cidade, e dar direção para as lutas políticas que se impõe por causa desse comportamento da burguesia, dessa visão ideológica da burguesia, do esquema repressivo de defesa da ordem que as elites impõe, onde usam toda a sua força, a sua brutalidade. Para isso, precisamos ter um conjunto de movimentações que alavanquem, em um potencial de luta, que sejam ofensivas por parte da visão dos trabalhadores, para poder de difundir ideologicamente o que pretendemos enquanto defesa de classe, enquanto visão de Estado, enquanto aspiração que nós precisamos ter.

Não vamos apenas reivindicar, precisamos replicar e ampliar as lutas por nossas reivindicações, de uma forma muito honesta, apontando direções para a ruptura com esses donos do poder; e mais do que isso, também afirmar com a classe trabalhadora o compromisso que temos de emancipação da Classe Trabalhadora.

Para descrever na forma de método, nossas tarefas têm dimensões de conjuntura e estruturais, que devem atender a uma pauta de garantia de direitos e conquistas dos trabalhadores, Pauta Reativa, e uma pauta de aprofundamento do poder popular e democracia, Pauta Afirmativa. Aqui, um pouco de nossas tarefas.

Pauta Reativa Mínima:

Contra as políticas de ajuste fiscal, que são contra as funções públicas e à Classe Trabalhadora (Arcabouço Fiscal)

Por controle de juros e de custos de serviços financeiros pelo Estado

Não ao pagamento da Dívida Pública e serviços financeiros, só com auditoria

Cessem os processos de privatizações com políticas de investimentos em infraestrutura, saúde, educação, previdência, habitação e empresas públicas, garantindo o atendimento das necessidades básicas, com responsabilidade do Estado

Contra a precarização das Relações de Trabalho e terceirização

Contra as políticas transversais de carreiras para Servidores Públicos e pela manutenção de concursos específicos para as áreas e funções de Estado

Pelo fim da criminalização dos movimentos sociais e das discriminações;

Pelo fim da exclusão e dos assassinatos de negros, indígenas, de pobres, de militantes, no campo e na cidade;

Criminalização da corrupção de Estado e empresas, com penas julgadas em jures populares

Pelo cumprimento dos investimentos constitucionais nas funções de Estado

Aprofundamento das Políticas de Governo de Renda, Emprego, Saúde, Educação, Habitação, Cultura e Lazer, tornando-as Políticas de Estado

Pauta afirmativa:                                                                                                                 

– Organização Popular

Consolidar as Organizações Populares de Base

Fortalecer a Estrutura e Organização Sindical

Construir a Formação Popular de Autodeterminação Socialista

– Enfrentamento de Classe

Implementação de Reformas Agrária e Urbana

Demarcação das terras indígenas e Quilombos

Reforma Política na visão dos trabalhadores

Mudança nas Políticas Fiscal, Cambial e Monetária, com implantação de Tributação Progressiva

Controle da Economia de Mercado pelo Estado

Leia os demais artigos relacionados:

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Artigo – Envoltório Ideológico 2: Os Aparentes Avanços

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*Este é um conteúdo opinativo e não necessariamente representa o pensamento da ASSUFRGS Sindicato