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Argentina: Comunidade acadêmica ocupa universidades contra o veto de Milei à Lei de Financiamento Universitário

Estudantes e trabalhadores se unem em defesa da universidade pública, desafiando as restrições orçamentárias e o veto presidencial à Lei de Financiamento Universitário, em meio a um cenário de intensificação dos protestos.

No dia 9 de outubro, a Câmara dos Deputados manteve o veto de Milei à Lei de Financiamento Universitário. Apesar de 160 votos a favor, 84 contra e 5 abstenções, não foram alcançados os dois terços necessários para derrubar o veto (171 votos). A lei, que visava recompor os recursos destinados às universidades públicas da Argentina, tinha como objetivo garantir o financiamento necessário para manter as atividades de ensino, pesquisa e extensão, além de oferecer salários justos para professores e técnicos. No entanto, Milei justificou o veto com base na política do “Teto de Gastos”, alegando que o aumento no financiamento universitário comprometeria as finanças públicas, priorizando o pagamento da dívida e os bancos em detrimento da educação e outros investimentos sociais.

Desde o veto, o país tem recebido grandes manifestações e greves. Mais de dois milhões de pessoas, entre estudantes, professores, técnicos e movimentos sindicais, políticos e sociais, tomaram as ruas e ocuparam universidades. A Frente Sindical das Universidades Nacionais, o movimento estudantil, o Conselho Interuniversitário Nacional (CIN) e outros grupos aderiram aos protestos. As ações incluem ocupações de universidades, marchas massivas em cidades como Buenos Aires, Córdoba e Mendoza, assembleias, aulas públicas, vigílias e atos simbólicos, como “abraços às faculdades”. Além disso, greves e mobilizações foram organizadas em todo o país, enfrentando inclusive a repressão policial.

As principais demandas do movimento são a rejeição ao veto de Milei, o aumento dos salários dos docentes e técnicos, fortemente impactados por uma perda de mais de 50% do poder de compra, e o aumento das bolsas estudantis. As manifestações denunciam os cortes na educação e também os ataques aos direitos públicos, como saúde e previdência social, unindo diferentes setores da sociedade na defesa conjunta de direitos sociais e econômicos.

Essas mobilizações são cruciais, pois simbolizam a luta pela preservação de uma universidade pública e acessível, essencial para o desenvolvimento científico, tecnológico e social da Argentina. O movimento estudantil e sindical está mostrando que, diante de políticas que ameaçam setores essenciais, a mobilização social é uma ferramenta poderosa de resistência e defesa de direitos. A união de estudantes, trabalhadores e da sociedade como um todo é fundamental para enfrentar medidas que possam prejudicar as futuras gerações.

Outras das principais pautas da luta são:

  • Melhoria das bolsas estudantis e dos auxílios permanência;
  • Proteção de empresas públicas, como as Aerolíneas Argentinas;
  • Oposição à privatização de serviços públicos;
  • Defesa dos direitos trabalhistas e sociais.

Esse movimento destaca a importância da resistência organizada como forma de enfrentar políticas que atacam conquistas históricas e setores fundamentais para o desenvolvimento de uma nação.